A Dificuldade de Aprendizagem
Por: ivycunha • 6/12/2018 • Artigo • 802 Palavras (4 Páginas) • 157 Visualizações
Dificuldade de Aprendizagem: Questões do Educando - Um Breve Relato de Estudos de Casos na Alfabetização.
Ivanilda da Silva Cunha
Pedagoga- UERJ
E-mail: ivyscunha@bol.com.br
Temos percebido que muitas crianças vão de um ano escolar para outro sem ter aprendido a ler, escrever, e realizar as operações matemáticas. Não fosse a dificuldade cognitiva, vemos também dificuldades no convívio social e quando não acontece a aprendizagem, logo se busca um diagnóstico que justifique tal situação. Talvez a isso se atribua o aumento de consultas psicológicas, fonoaudiológicas, neurais e uso de antidepressivos.
Em estudos com alunos que mostravam poucos avanços nas aprendizagens, colheu-se algumas informações importantes, que evidenciam algumas causas da não aprendizagem.
A aluna Raissa, 8 anos, 2º ano da alfabetização, já chega à escola perguntando qual a hora da merenda. Depois da merenda, Raissa está mais disposta a realizar as tarefas escolares. Quarenta minutos depois da merenda, a menina Raissa volta a sentir-se indisposta, sente a moleza depois do almoço, e cochila em sua mesa. A fome com certeza impede a concentração, e logo, a aprendizagem. Como a menina Raissa, outros alunos chegam à escola famintos, o que quer dizer, com pouca ou nenhuma disposição para os estudos. Além da fome, nota-se também que a falta de higiene prejudica a aprendizagem.
Parte das crianças com a suposta dificuldade de aprendizagem, apresenta um padrão: tem piolhos, cheiro de urina e/ou suor, os uniformes e materiais descuidados, estão frequentemente sujos, rasgados e engordurados. Porém, afirmar que a falta de higiene é fator determinante na aprendizagem é incorreto; alguns alunos com esse mesmo padrão, tem um bom desenvolvimento, mas é possível afirmar que influencia, porque a criança se incomoda quando os colegas comentam sobre os piolhos, ou que está com cheiro de xixi, e assim a aprendizagem fica em segundo plano. A falta de higiene causa constrangimento, ou seja, não é que a criança seja incapaz de aprender, ela apenas não está confortável para aprender, e o dano no desenvolvimento acontece.
Há também a falta de “interesse” do aluno. Marcelo, 10 anos, 3º ano, era uma criança dita normal, contudo sua aprendizagem estava estagnada. A professora se esforçava, diversificava e nada acontecia. O estudante recebia Atendimento Educacional Especializado mesmo sem diagnóstico, mas isso também não favorecia o processo. Em conversas com uma mediadora, foi detectado o problema. Os pais foram presos, mas a mãe foi liberada em pouco tempo. Durante o período de prisão da mãe o menino ficou com um parente que o maltratava. Quando a mãe retornou para casa, os irmãos já estavam mais independentes, e quando eles solicitavam ajuda dela, ela dizia que eles já podiam se virar, porque eram grandes e sabiam ler e escrever. O menino sabotou a própria aprendizagem, (desinteressou-se), ao ver que saber o distanciaria da mãe. A criança entendeu que se aprendesse, perderia a mãe mais uma vez. Algumas crianças decidem sabotar a própria aprendizagem, isso é indicado em frases como: “ah fêssora, eu não aprendo mesmo não”; “eu sou burro mesmo”; “não adianta eu não consigo”, “deixa, eu não quero”. É necessária uma investigação para se descobrir as causas, procurar minimizá-las e poder ampliar os horizontes de conhecimentos desses alunos.
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