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A Diversidade e o Respeito as Diferenças

Por:   •  27/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  261 Visualizações

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A DIVERSIDADE E O RESPEITO ÀS DIFERENÇAS

Ler o texto "O Menino, o Vento e a Pipa” de Afornali e Faria, refletir sobre os conceitos de diversidade e respeito às diferenças e registrar uma situação em que o respeito às diferenças foi marcante.

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. Nelson Mandela. (SANTOS, 2008, p. 22).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos segundo Freitas, 2012, foi publicada em 1948 pela ONU e de acordo com os arts. 1º e 2º: todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade; toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Reconhecendo a necessidade de conscientizar a sociedade brasileira em razão do processo contínuo de transformação social, em 2012 o Conselho Nacional de Educação, do Ministério da Educação, homologou (...) as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos e ressalta os seguintes princípios em seu art. 3o: dignidade humana; igualdade de direitos; reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; laicidade do Estado; democracia na educação; transversalidade, vivência e globalidade; e sustentabilidade socioambiental. (BRASIL, 2013, p. 10).

Diversas são as esferas institucionais e sociais de nosso país e do mundo, que buscam assentir e declarar as diversidades e diferenças. À escola é delegado cada vez mais um papel decisivo para propiciar a igualdade de oportunidades, assegurar a inclusão, de confrontar preconceitos, violências e discriminações, seja racial, religiosa, de classe, étnica, de gênero, de identidade de gênero, de orientação sexual, de geração e de deficiências mental ou física.

Não só a escola, a sociedade e Estado também têm papel importante na difusão, aceitação e discussão destes tópicos. De que adianta a escola ensinar e educar (é... hoje a escola educa também) se em casa pais, familiares e vizinhos se organizam em falas, atitudes e situações diversas a favor do preconceito, do estigma e da exclusão? Para isso, se faz necessária uma postura compromissada e ética destas entidades/partes, que articulem a legitimação da cultura das múltiplas identidades e das condutas consonantes a diferenças.

Mas querer não é poder realizar. Em nosso país, as diferenças não são tratadas, relacionadas, abordadas ou sentidas efetivamente como deveriam ser e, no texto de Afornali e Faria constatamos essa afirmação.

Apesar da beleza da narrativa, através da pureza, sensibilidade, imaginação e ingenuidade do mundo de “João, o Sonhador”, seu castelo com seu esconderijo, passagens secretas, sendo sua fortaleza, é um local de reclusão e talvez de isolamento social.

Por ser portador do HIV, esta instituição serve de abrigo para ele e tantas outras crianças. Mas porque elas estão “separadas” do mundo “real”? Provavelmente por serem discriminadas e abandonadas pelos próprios pais, familiares, vizinhos, amigos ou pelo fato destas pessoas não saberem que este tipo de enfermidade não precisa de isolamento. De fato não dá para saber, mas o visitante/narrador sabia o que encontraria adentrando os portões, não teve preconceito e foi surpreendido com o viu.

Crescemos e as reviravoltas, a comodidade, a rotina, o nosso dia a dia nos faz esquecer qual é o eixo, o aroma, o espírito da vida. Por isso, a cada tentativa de João de empinar a pipa, seu tropeço e novamente outra tentativa de sucesso, mostrou ao autor que a vida é feita de tentativas, frustrações e realizações.  Quem sabe, ele mesmo poderia ser “diferente” ou estar em uma fase ruim de sua vida e ao visitar a casa sentiu na pele que nem mesmo uma doença pode impedir uma pessoa de ver, sonhar e viver a vida. Mesmo ela sendo uma criança, nos dá uma lição de moral e superação com simplicidade e maestria.

O vento batendo na pipa é a metáfora da liberdade a qual João gostaria de desfrutar e conhecer fora da instituição, de viver em conjunto com os outros sem ser discriminado. (...) o diferente e a diferença são partes da descoberta de um sentimento que, armado pelos símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é o que eu sou e nem todos são como eu sou. (...). Saber o que eu sou e o que o outro é depende de quem eu sou, do que acredito que sou, com quem vivo e porquê. (PORTAL DA EDUCAÇÃO).

A diversidade e diferença não deveriam ser tratadas como preconceito, como forma de marginalizar os outros. Preconceitos são fáceis de serem estabelecidos e muito morosos de serem extintos da coletividade, são voltados a preservar valores conservadores e a normalizar certas situações. Melina, 2018, afirma que devemos repensar a diferença como a oportunidade ao novo, sabendo que dela podemos aprender, mesmo no confronto ou na estranheza, um mundo melhor e maior de experiências e trocas de diálogo, respeito e aprendizado.

Outro exemplo dentro deste contexto presenciado por mim foi a dificuldade de aprendizado do aluno Carlos (nome fictício). Ele estava no nono ano de uma escola municipal, não sabia escrever e nem mesmo colorir. Quando ficava nervoso a sua reação e/ou defesa era agredir fisicamente e os colegas sabendo desta dificuldade, “armavam” situações para que Carlos assim o fizesse. Minha postura foi recriminar e explicá-los que esta atitude era vergonhosa, que eles não deveriam fazer isso, pois o que ele tinha era uma doença e que não escolheu ser assim; falava muito para pensarem, se colocarem no lugar do colega, porque ele poderia ser um irmão, parente ou mesmo eles. Nota-ai a fala de respaldo familiar para combater o preconceito e estereótipos socialmente instaurados.

Por isso, foca-se na sala de aula como um local de questionamento das relações de poder e de análise dos processos sociais de produção de diferenças e de sua tradução em desigualdades, opressão e sofrimento. (Secad/MEC, 2007, p. 9). Ou seja, a sala torna-se um meio, um caminho de ruptura de execução de atividades pedagógicas que visam, aceitam e acreditam em uma aprendizagem homogeneizada que ignorem a diversidade e as diferenças.

A epígrafe: “se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”, pois reparar é mais do que ver, implica alargar e aprofundar o entendimento sobre o que se observa; faz parte do livro Ensaios sobre a cegueira de Saramago que nos leva a pensar sobre nossa capacidade de enxergar, analisando a suave distinção entre olhar e ver. Portanto, a humanidade precisa REPARAR a essência das pessoas, suas atitudes e ações para combater o preconceito, a injustiça e a intolerância. A humanidade precisa VER a diversidade e as diferenças não como rótulo, molde de tratamento para com as pessoas; para que assim quem sabe, possamos viver em uma sociedade realista, digna, igualitária e plena, não utópica como a de João.  

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