A Educação Ambiental
Por: rafacar • 22/10/2018 • Dissertação • 471 Palavras (2 Páginas) • 151 Visualizações
ÁGUA: CAPITAL E SOBREVIVÊNCIA
Desde a década de 1970, na região Oeste da Bahia, acontecem conflitos por causa de água e terra. Os personagens desses conflitos dividem-se em dois lados, os que defendem o agronegócio e aqueles que lutam pela preservação dos bens naturais e biodiversidade da região. Tais conflitos se intensificaram com a vinda de empresas estrangeiras que impulsionaram a expansão do agronegócio.
Palco de inúmeras lutas, manifestações e levantes populares, o município de Correntina ganhou destaque nacional no dia 02 de novembro de 2017, quando trabalhadores se uniram e ocuparam duas fazendas em forma de protesto, contra o uso irresponsável de água e em defesa dos rios da região. O governo, a mídia e grandes agricultores criminalizam tal ação, dando-a um caráter negativo. Em resposta à tentativa de negativar a ação, ocorreu no dia 11 de novembro de 2017, um ato de apoio aos trabalhadores que participaram da ocupação e defesa dos rios e bens naturais de toda a região.
Os dois episódios citados acima evidenciam a situação tensa e conturbada na qual se encontra o Oeste da Bahia, e mostra a importância de se discutir tais assuntos e entender que os dois lados dessa disputa consideram a água de maneira diferente, para alguns o capital e para outros a sobrevivência, indo além de uma simples e recente disputa de água e terras.
Dentre as inúmeras denúncias feitas pelos povos tradicionais e camponeses da região estão o desmatamento do Cerrado para o plantio de monoculturas; o consumo desproporcional e irresponsável da água; apropriação indevida de terras públicas e de terceiros por meio da grilagem (prática que consiste em falsificar, fraudar, e em alguns casos, guardar documentos junto a grilos em ambientes fechados como gavetas, já que o contato desses insetos com o papel causa um efeito de envelhecimento, que dá aos documentos a aparência de antigos e assim tornando-os supostamente verossímeis e mais difícil de serem contestados). Todas essas medidas denunciadas trazem consequências como a destruição da biodiversidade natural da região Oeste, a seca de rios e riachos, falta de água para a população e os pequenos agricultores, assassinatos de trabalhadores que são contra a exploração de sua região, além da perda da identidade cultural e social dos povos que ali vivem há gerações e gerações. Assim sendo, é necessário que haja preocupação por parte do Estado e órgãos competentes para trazer soluções que resolvam tais conflitos e garantam a soberania do oeste baiano.
Nesse lamentável contexto, a região Oeste da Bahia, clama por respeito, e seu povo reivindica pela suspensão das outorgas que autorizam a livre exploração do agronegócio e a consequente destruição de seus recursos naturais, sua história e cultura, e acima de tudo, a sua sobrevivência.
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