A Formação de Professores do Ensino Médio

Ao tratar as distintas formas de OTP, cabe destacar a reflexão inicial que o texto trás sobre a compreensão da natureza desse trabalho e seus atores. Na escola todos realizam trabalhos de natureza educativa, desde os docentes até os demais funcionários e, também, os estudantes, pois o trabalho pedagógico se refere ao trabalho educativo que se realiza de forma intencional, referente ao ensino-aprendizagem (relação docente-discente) com base na efetivação de uma proposta curricular, realizado em determinado tempo e espaço com características peculiares à docência. Sua organização está ancorada nos fundamentos legais e nos fundamentos materializados nas políticas educacionais que constituem as bases do Projeto Político-Pedagógico, da Proposta Pedagógica Curricular e do Plano de Trabalho Docente.

Referente a efetivação do Projeto Político-Pedagógico da escola e das práticas democráticas, deve-se assegurar condições para a participação da comunidade escolar nos debates em Conselhos de Classe, na formulação dos PPPs e nos processos de eleição de diretores, por exemplo. A reescrita do PPP da escola apresenta-se como espaço apropriado à participação ampliada de toda a comunidade escolar por se tratar da carta de princípios que pode ser tecida nas relações de compromisso, cabendo ao gestor escolar a função de articulador visando a construção coletiva.

O exercício democrático não está imune aos conflitos. Nos processos de decisão coletiva estão presentes forças, disputas e jogos de interesses. O gestor escolar deve atuar em prol do diálogo coletivo, onde o grupo pode decidir pelo atendimento de algumas questões de ordem individual, sem prejuízo da organização pedagógica da escola.

Cabe enfatizar que o estudante e o processo de ensino e de aprendizagem são o ponto de partida e de chegada da organização do trabalho pedagógico escolar. Dessa forma, a gestão democrática se constitui como prática efetiva quando não se distancia da atividade-fim (ensino-aprendizagem). Portanto, o gestor escolar e o coordenador pedagógico não devem se desviar das rotinas que dizem respeito ao estudo, à pesquisa, ao planejamento, acompanhamento e avaliação de todos os processos pedagógicos escolares que buscam garantir o desenvolvimento integral dos estudantes.

Para embasar a organização do trabalho pedagógico e o estudo da sua realidade, pode-se realizar um diagnóstico por meio do levantamento dos dados, leituras de referência e, principalmente, suas implicações, para não se limitar a uma simples listagem de dados.

Dentre os espaços escolares mais identificados com reflexões sobre as práticas gestoras e docentes são os Conselhos de Classe e o espaço-tempo destinado à hora-atividade.

No Conselho de Classe encontra-se o espaço apropriado para avaliação do processo de ensino, para fazer o acompanhamento e avaliação das práticas docentes e discentes, mas que muitas vezes cedem lugar à mera expressão numérica dos resultados da avaliação da aprendizagem ou simplesmente se limita a um espaço para leilões de notas, conceitos e menções.

Na hora-atividade encontra-se o espaço para realização de atividades de estudo, pesquisa, planejamento e avaliação do processo de ensino-aprendizagem. É a constituição de espaço destinado à discussão das necessidades do trabalho docente para além da sala de aula e que exige tempos diferenciados para sua organização. Contudo, sabe-se que existe ainda uma distância entre o direito prescrito na lei e a efetividade desse direito.

A gestão democrática da escola, além de criar espaços no processo de formação continuada dos professores, deve fortalecer sua participação em outras instâncias de gestão colegiada.

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