A GESTÃO EDUCACIONAL OU ESCOLAR?
Por: claudinei1971 • 9/11/2018 • Artigo • 5.564 Palavras (23 Páginas) • 262 Visualizações
GESTÃO EDUCACIONAL OU ESCOLAR?
Claudinei de Oliveira Rangel
RESUMO
Durante muitos anos, as escolas adotaram o modelo de administração científica. Na sociedade industrial do início do século XX predominava a administração científica, centralizadora e hierarquizada. O contingente administrativo tinha a formação de pirâmide, cujo topo hierárquico era legitimamente ocupado pelo respeitável gestor detentor de todo poder de decisão. Hoje no Brasil, o ensino público ainda traz as marcas do modelo de administração clássica, na qual o pensamento predominante enfatizava o cumprimento rigoroso de parâmetros que determinavam um modelo escolar a ser seguido para que todas as escolas trabalhassem da mesma maneira.
Palavras-chave: escola; ensino; administração, modelo clássico; gestor.
INTRODUÇÃO
Partindo do princípio de que o entendimento sobre a gestão educacional é importante para falar sobre o tema proposto, esse assunto é abordado logo de início para apontar os entendimentos a seu respeito e a necessidade de sua reorganização. Entretanto, somente a organização é escassa em termos de gestão educacional o que torna indispensável pensá-la na perspectiva da qualidade, quando é definida como uma ação no sentido de promover a ação transformadora para uma melhor formação humana, envolvendo construção coletiva e participação efetiva da sociedade.
Nesse sentido, o texto nos possibilita uma reflexão acerca da gestão educacional e de algumas de suas problemáticas, com o intuito de contribuir para a ampliação do debate e a busca de soluções que possam ser implantadas. Por isso que podemos dizer que ultimamente o termo gestão educacional está presente nos diversos segmentos educacionais, devido à necessidade de se obter melhores resultados nos setores voltados ao ensino. Mas ainda encontramos muitos questionamentos sobre o que trata esta gestão.
2 A GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Hoje no Brasil o ensino público ainda traz as marcas do modelo de administração clássica, na qual o pensamento predominante destacava o cumprimento rigoroso de parâmetros que determinavam um modelo escolar a ser seguido para que todas as escolas trabalhassem da mesma maneira (ALVES, 2010).
Seguindo esse pensamento, atualmente, muitas instituições escolares ainda possuem uma visão conservadora, marcada pela perspectiva mecanicista, que fragmenta e apenas reproduz o conhecimento, desprezando, portanto, as particularidades de cada escola (DOURADO, 2001).
A percepção destes problemas deu origem a um amplo processo de transformação no ensino brasileiro através de reformas nacionais juntamente com iniciativas em âmbito Estadual e Municipal que estão alterando as práticas pedagógicas e a organização escolar na tentativa de dar eficácia à escola e universalizar seu acesso (ALVES, 2010).
Sendo assim, estas novas Políticas Públicas passaram a considerar a descentralização administrativa e gestão escolar participativa de cunho democrático, com o foco na realidade da escola e de suas comunidades escolar e local, promovendo a qualidade do processo de ensino-aprendizagem
Segundo Alves (2010) entende-se por gestão educacional o conjunto de medidas que são adotadas para cumprir o que lhe é conexo, sendo, assim, entendido como a administração dos planos e programas de trabalho apresentados para o conjunto das instituições que realizam a educação.
No campo educacional deve-se decidir o rumo que a educação deve seguir e como tomada de decisões, utilização racional de recursos para a realização de determinados fins necessita ser repensada e ressignificada ante a cultura globalizada.
Assim a partir destas determinações e à luz dos compromissos com a fraternidade, a solidariedade, a justiça social e a construção humana do mundo. Assim, gerir é realizar decisões, organizar planos e políticas e monitorar os resultados alcançados.
E nos dias de hoje, este movimento sofre atrasos, embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de (N°. 9.394/96) tenha confirmado a participação não só na gestão da escola, mas também na construção do Projeto Político Pedagógico (PPP), de acordo com a regulamentação em Leis Municipais (ALVES, 2010).
No entanto esta participação não se consolidou na gestão da educação e muito menos nas propostas pedagógicas das escolas. Porém, três motivos explicam esta situação precária da gestão da escola. O primeiro é que o (PPP) está embutido nas práticas administrativas ou na administração que é demasiadamente burocrática e controladora privilegiando a igualdade, a disciplina e a conformidade dificultando qualquer gesto de criatividade ou incorporando práticas de programas empresariais de qualidade total.
O segundo motivo é a falta de formação ética e política dos gestores eleitos que privilegiam interesses privados em detrimento dos coletivos e públicos e o terceiro motivo é a confusão estabelecida pelo pragmatismo das políticas neoliberais de privatização no setor administrativo público de tal forma que nem dirigentes em seus cargos administrativos nem dirigidos conseguem distinguir mais o que é público e o que é privado.
Por isso que Valença (2010) em seu discurso fala sobre como se pode construir dentro do contexto atual da educação uma participação democrática na gestão e na construção da proposta pedagógica da escola, visto que os Governos neoliberais entendem que propostas de participação da comunidade na administração das escolas devem ser através de programas como:
1) Amigos da Escola;
2) Dia da Família na Escola;
3) Escolas de Paz;
4) Associações de Apoio à Escola e as Organizações não governamentais.
Os educadores e pesquisadores entendem que não é suficiente permanecer na denúncia. Isto a mídia o faz muito bem, mas, o importante é lutar para manter as conquistas democráticas constitucionais. Porém é preciso ir além e se comprometer com uma construção democrática cotidiana em diferentes setores da sociedade e do Estado (VALENÇA, 2010).
As práticas do cotidiano escolar constituem um horizonte para o surgimento, crescimento e consolidação de um projeto democrático alternativo no qual o que aponta para uma direção certa é a investigação das práticas docentes, administrativas e culturais.
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