A IMPORTÂNCIA DO PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA O ALUNO SURDO
Por: Rosangela Friedrich • 13/6/2022 • Artigo • 4.547 Palavras (19 Páginas) • 181 Visualizações
A IMPORTÂNCIA DO PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA O ALUNO SURDO
RESUMO
Este estudo discute a importância do português como segunda língua para o aluno Surdo, a forma como ensino da língua portuguesa que tem sido ministrado aos alunos Surdos, a metodologia de ensino adotada e os seus efeitos na leitura e na escrita de Surdos. Propõe uma concepção discursivo-interacionista onde a Língua Brasileira de Sinais é considerada primeira língua dos alunos Surdos, oferecendo embasamento para a constituição do conhecimento da Língua Portuguesa. Ou seja, o conhecimento constituído na língua de sinais serve de alicerce para o aprendizado da Língua Portuguesa pelos alunos Surdos. No que se refere à aquisição de linguagem, o bilinguismo defende que a criança surda deve adquirir a íngua de sinais como língua materna. A língua oral, geralmente a língua da família da criança surda, passa a ser a segunda língua desta criança. Para o desenvolvimento desta pesquisa, a metodologia utilizada é a bibliográfica, de caráter descritivo, quantitativo. Levando-se em conta que, em função da perda auditiva, é através da visão que os Surdos têm acesso ao mundo, a leitura é uma ferramenta que os inserirá no funcionamento linguístico-discursivo da Língua Portuguesa.
Palavras-chave: Surdez. Linguagem e Surdez. Bilinguismo. Segunda Língua.
ABSTRACT
This study discusses the importance of Portuguese as a second language for the deaf student, the way Portuguese language teaching has been taught to deaf students, the teaching methodology adopted and their effects on the reading and writing of deaf people. It proposes a discursive-interactionist conception where the Brazilian Language of Signs is considered the first language of deaf students, offering a foundation for the constitution of Portuguese language knowledge. That is, the knowledge constituted in the sign language serves as a foundation for the learning of the Portuguese Language by deaf students. About the acquisition of language, bilingualism argues that the deaf child must acquire the signal language as his mother tongue. Oral language, usually the language of the deaf child's family, becomes the child's second language. For the development of this research, the methodology used is the bibliographical, of a descriptive, quantitative character. Considering that, due to hearing loss, it is through the vision that the deaf have access to the world, reading is a tool that will insert them into the linguistic-discursive functioning of the Portuguese Language.
Keywords: Deafness. Language and Deafness. Bilingualism. Second language.
1. INTRODUÇÃO
O termo alunos com necessidades educacionais especiais pretende deslocar a atenção do aluno com necessidades educacionais especiais para respostas educativas para, assim, promover uma educação de qualidade há todos.
Ao abordar o tema em pauta, tem-se por objetivo discutir a importância do português como segunda língua para o aluno Surdo e os seus efeitos na leitura e na escrita. Buscou-se refletir sobre algumas das dificuldades encontradas pelos Surdos no ensino de Português como segunda língua, e observar as estratégias que utilizam para superar as dificuldades e ampliar seu conhecimento da Língua Portuguesa.
A pesquisa para elaboração desse artigo buscou embasamento nos estudos de Farias (2006) em relação aos mitos sobre o ensino da leitura para Surdos: Goldfeld (2001) que discorre sobre a linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista; Lacerda (1998) que revela aspectos da perspectiva históricas da educação dos Surdos; Strobel (2009) que traz a importância da história em todos os aspectos e, especificamente, em relação aos Surdos, proporcionando aquisição de conhecimentos, reflexão e questionamentos sobre as mudanças na educação de Surdos; Rocha-Coutinho (1986) e Fernandes (1989) que fazem importantes considerações a respeito do Bilinguismo; Quadros e Schmiedt (2006) que trazem ideias e aplicações sobre o ensino de Surdos e letramento, assim como Salles (2007), Silva (2008) e Soares (2003).
2. LIBRAS: PERSPECTIVA HISTÓRICA
A Língua de Sinais teve sua origem na França, quando o professor Surdo francês Eduard Huet (1822-1882), chegou ao Brasil em 1852 e fundou, incentivado pelo imperador Dom Pedro II, fundou, em 26 de setembro de 1957, o Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), na cidade de Rio de Janeiro., Órgão do Ministério da Educação (MEC), como a missão de produzir, desenvolver e divulgar conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o país, além de subsidiar a política nacional de educação para promover e assegurar o desenvolvimento holístico da pessoa surda, sua socialização plena e o respeito as suas diferenças.
Seguindo a tendência mundial, em 1911, o INES estabeleceu o oralismo em todas as disciplinas, defendendo a ideia de que a melhor forma de ensinar o Surdo é através da língua oral.
A língua Brasileira de Sinais continuou a ser aplicada até o final dos anos 70, quando a comunicação que defende a utilização de qualquer recurso linguístico (língua de sinais, linguagem oral ou códigos manuais), para facilitar a comunicação com pessoas surdas.
Nos anos 80, tem início no Brasil o bilinguismo, com o pressuposto de que o Surdo deve ser bilíngue (adquirir como língua materna a língua de sinais e, como segunda língua, a língua oficial de seu país).
Reconhecida pela Linguística, a Língua Brasileira de Sinais apresenta todos os elementos pertinentes às línguas orais: gramática, semântica, pragmática e sintaxe, preenchendo os requisitos científicos, linguísticos de uma língua. A língua dos Surdos no Brasil é o meio legal de comunicação e expressão de acordo com a lei 10.436/2002 e Decreto 5. 626/2005, de 25 de abril de 2002
Segundo Quadros e Schmiedt (2006, p.13), em geral as línguas “expressam a capacidade dos seres humanos para a linguagem, expressam as culturas, valores e os padrões sociais de determinado grupo social”. Assim, é possível afirmar que a Língua Portuguesa necessita de um espaço de valorização maior na cultura e expressões individuais dos Surdos.
Porém, entre as dificuldades encontradas, têm-se o fato dos Surdos não se interessarem em escrever em Português, o que, por si só, suscita discussões sobre o ensino-aprendizagem desses alunos, a relação deste com a família, a escola, além das dificuldades que encontra na comunicação com as pessoas que, por sua vez e em sua maioria, não utilizam a Língua de Sinais e nem o que os Surdos escrevem.
Para os Surdos, a escrita em Português é muito difícil por não conseguirem compreender o que significam as palavras que são utilizadas na leitura e na escrita de textos, na escola regular inclusiva. Ressalta-se que, de acordo com a educação Bilíngue, a segunda língua (L2) é o Português, assim, o professor precisa utilizar materiais e métodos que sejam capazes de atender especificamente as necessidades educacionais do Surdo.
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