A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Midiespiter • 19/5/2017 • Artigo • 5.303 Palavras (22 Páginas) • 1.133 Visualizações
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Simone Fernanda da SILVA[1]
RESUMO: Tendo como base a relevância que os jogos e brincadeiras representam ao ambiente educacional das crianças, este trabalho apresenta os elementos que descrevem os jogos cooperativos e que justificam a importância de sua aplicação dentro da Educação Infantil, objetivando uma maior interação entre as crianças e um meio para se alcançar uma educação baseada em valores humanos, tais como: respeito ao próximo, solidariedade, empatia, cooperação etc.. Para tanto, traz uma comparação com os jogos competitivos, com o intuito de demonstrar que o fundamental não se trata de perder ou ganhar, mas sim de simplesmente jogar e se divertir. Espera-se, dessa forma, contribuir com a produção de conhecimento, bem como, perpetuar valores em nossa sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos cooperativos; Educação Infantil; Jogos competitivos; Valores humanos.
1 Introdução
A sociedade atravessa um período de intensa transformação social, devido à realidade assombrosa cada vez mais imbuída de notícias sobre violência, preconceitos, crise econômica e política, corrupção, destruição do meio ambiente, ataques terroristas etc.
O que se nota é que ao mesmo tempo em que a sociedade evolui em alguns sentidos (tecnologia, acesso à informação, engenharia genética etc.), regride em outros, notadamente no que diz respeito a certos valores humanos que deveriam ser passados de geração a geração.
Tendo em vista esse fato, faz-se necessária a proliferação de relações sociais pautadas em respeito, amor, cooperação e solidariedade. A promoção desses valores humanos é atribuída às instituições sociais, especialmente à família e à escola, sendo essas as responsáveis diretas pelo desenvolvimento da pessoa e do preparo para o exercício de sua cidadania, de acordo com a Constituição Federal, em seu artigo 205 (BRASIL, 2000).
Sendo assim, o presente trabalho busca compartilhar reflexões acerca dos jogos cooperativos, comparando-os com os jogos competitivos, e demonstrando, através de uma metodologia descritiva, a importância de sua aplicação na Educação Infantil, visando a estimular a cooperação entre as pessoas.
Embora seja um tema relativamente recente, inúmeros trabalhos vêm sendo produzidos nesse sentido, sinalizando a real importância e vontade de se atingir a transformação social que o mundo necessita e merece.
É bem verdade que valores humanos, tais como respeito, cooperação, empatia e solidariedade, devem ser apreendidos e reafirmados durante a vida toda do indivíduo. Entretanto, é de suma importância que esses valores sejam ensinados desde a Educação Infantil, pois é nesta fase do ensino que o sujeito está experimentando inicialmente o processo de formação da sua personalidade na convivência junto a outras pessoas que não participam de seu núcleo familiar, ampliando, desse modo, o seu laço de relações.
Insta salientar que, antes mesmo de analisar a importância que têm os jogos cooperativos, especificamente falando, faz-se necessário reconhecer a grande contribuição que a ludicidade promove para o processo de aprendizagem das crianças.
Dessa forma, as referências teóricas deste trabalho estão baseadas em pressupostos de autores que exploram o estudo da ludicidade e da Educação Infantil, além dos jogos específicos a serem estudados.
2 Jogos e Educação Infantil
Não há, na literatura especializada, uma unanimidade no tocante ao conceito de lúdico na educação. Todavia, para alguns autores o lúdico encontra-se relacionado ao jogo, e merece um estudo sobre a sua importância.
A capacidade de brincar e jogar torna possível às crianças um ambiente para a resolução dos problemas que as rodeiam. Mais do que uma forma de satisfazer os desejos, o brincar e jogar se constituem em experiências culturais, que facilitam o crescimento, conduzem aos relacionamentos interpessoais e grupais, podendo representar uma verdadeira maneira de comunicação consigo mesmo e com os outros.
Ao citar Piaget, Chateau e Wallon, ALMEIDA (2003, p. 41/42) menciona que o fato da psicologia genética dar muita atenção ao jogo, deduz-se que ele constitui-se em si mesmo uma atividade singularmente importante, movendo-se entre a ficção pura e a realidade do trabalho.
O jogo é o mais eficiente modo estimulador da inteligência, como bem menciona PIMENTA (2011, p. 20). Para ela, o jogo envolve, antes de tudo, a forma como se vê e entende. Assim, sob um enfoque psicopedagógico sobre o indivíduo que brinca, leva-se em conta a forma de utilização da sua inteligência.
Conforme menciona o autor ANTUNES:
jogos bem organizados ajudam a criança a construir novas descobertas, a desenvolver e enriquecer sua personalidade e é jogando que se aprende a extrair da vida o que a vida tem de essencial. Nesse sentido, toda essência do jogo se sintetiza em regras e percebendo com clareza sua essência que vivemos bem e nos relacionamos com o mundo. Jogar é plenamente viver (2003, p.11).
Inúmeros estudiosos concordam que há nos jogos infantis duas funções: uma de caráter lúdico e outra de caráter educativo. Através da função lúdica, o jogo propicia diversão. Já na função educativa, o jogo trabalha o saber e a apreensão de mundo do indivíduo.
Esse também é o entendimento de BLANCO (2007, p.139), pois, considerando a ludicidade como atividade social, crê ser fundamental para a promoção do desenvolvimento, conhecimentos artísticos e científicos, e interações saudáveis, o que insere a criança na cultura humana.
Conforme LA TAILLE (1992, p. 49), fazendo menção a Piaget, os jogos coletivos, notadamente os de regras, são paradigmáticos para a moralidade humana. Isso porque, de acordo com o seu entendimento, esses jogos representam uma atividade regulada por determinadas normas, que podem até ser alteradas, desde que acordadas pelos próprios jogadores. E por ser devido respeito a essas normas, a atividade envolve questões de moralidade, justiça e honestidade.
Para ELKONIN (1998, p. 19), os jogos representam uma atividade em que são reconstruídas as relações sociais. Aludindo Vsevolodski-Guerngross, o autor remete a importância dos jogos à função de treinamento do indivíduo em suas fases iniciais de desenvolvimento, ressaltando o seu papel coletivizador.
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