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A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Por:   •  18/10/2018  •  Artigo  •  4.797 Palavras (20 Páginas)  •  331 Visualizações

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A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Vanderleia Vieira de Proença¹

RESUMO

O estudo permitiu entender sob o prisma da Psicopedagogia porque ocorre tanto fracasso escolar e  a causa de existir um distanciamento entre o profissional que ensina e o profissional que entende do processo da aprendizagem, no caso, o psicopedagogo. Tanto professor como psicopedagogo, precisam trabalhar de modo conjunto, levando em consideração o objeto de estudo, no caso, a aprendizagem. A Psicopedagogia ainda é uma ciência nova, com uma divulgação mais advinda de estudos internacionais, do que propriamente nacionais, que melhor se aproximariam da realidade brasileira. Os procedimentos metodológicos definidos foram as análises das leituras contempladas que progressivamente foram organizadas de forma linear e contínua, tendo como início a conceituação do psicopedagogo e da psicopedagogia, passando por autores que falam sobre a aprendizagem e por fim, discutiu-se as dificuldades de aprendizagem e como devem acontecer as intervenções. Explanando sobre a intervenção, foi possível identificar a importância do conhecimento e da compreensão de como cada individuo processa as informações em seu cérebro. E também um trabalho de caráter preventivo, feito no âmbito institucional pode ser relevante para diagnosticar e encaminhar casos de distúrbios e transtornos da aprendizagem. Em toda a discussão ficou claro que  o papel do psicopedagogo , seja na clínica ou nas instituições é de levar o aprendente á aprender, respeitando suas individualidades.  

Palavras-chave: Avaliação. Processo de aprendizagem. Psicopedagogo. Escola. Criança.

[1]

INTRODUÇÃO

O trabalho pretende discutir com mais profundidade a questão das dificuldades de aprendizagem e para isso é fundamental conhecer  o que é a [2]Psicopedagogia. Ela é um campo de estudo que tem como objetivo obter ampla compreensão sobre os variados processos envolvidos na aprendizagem  humana.

Assim sendo é de importância ímpar também para se compreender as barreiras que dificultam a aprendizagem. De acordo com Tais Lima, a Psicopedagogia pode ser descrita como: “Mais do que aprender a conhecer, a Psicopedagogia nos ensina a aprender a ser”  ( Tais Lima).

O procedimento metodológico foi uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo e através dela foi explicitada a lógica da ação a ser seguida, além dos principais fenômenos a serem estudados,  bem como suas ramificações, inter-relações e a forma de se obtê-los. As pesquisas foram feitas em livros, artigos e sites confiáveis, com base em autores e pesquisadores renomados na Psicopedagogia. Entre eles destacam-se: Beauclair (2004); Cool (1994); Fagali ( 1993), entre outros.

Nos casos das dificuldades e transtornos de aprendizagem é necessário analisar o indivíduo num todo e em sua individualidade, entendendo os caminhos percorridos pelo aprendente para chegar até a aprendizagem. Inclusive não descartando a possibilidade da dificuldade advir de um problema de ensinagem, muitas vezes causado, por metodologias distantes da compreensão de  determinado aluno.

Conclui-se que  a atuação do psicopedagogo, tanto na dimensão clínica como institucional é fundamental. Este profissional irá intervir diretamente nas dificuldades de aprendizagem, utilizará dos conhecimentos em várias áreas que possibilitarão um trabalho multidisciplinar com este sujeito.

Os problemas de aprendizagem são situações reais dentro da família, escola e sociedade, sendo assim devem ser preocupação de todos. E a mágica do aprender acontece quando todos estejam unidos em torno de um objetivo principal que é a transformação e a aquisição de aprendizagem, que também modifica os sujeitos.

  1. A APRENDIZAGEM E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

O psicopedagogo é o profissional que estuda e está apto para compreender as dificuldades de aprendizagem, ou seja, através de estudos, observação e avaliação ele é capaz de desenvolver estímulos que despertem funções cognitivas que ainda não respondem adequadamente.

O próprio surgimento da Psicopedagogia teve como marco a preocupação com as dificuldades de aprendizagem. Tornando-se assim um elo importante para a compreensão do processo pedagógico.

Beauclair (2004) diz sobre a Psicopedagogia no Brasil:

“ que ela está se consolidando cada vez mais, num movimento de busca concreta por respostas e alternativas aos problemas vinculados ao aprender, que se avolumam no cotidiano da escola, cujas consequências se fazem cada vez mais presentes no contexto social”.(BEAUCLAIR, 2004, p.37).

Inicialmente é importante definir o que é a aprendizagem, pois o termo será discutido aqui em seus diferentes contextos e ajudará no entendimento do quanto as práticas pedagógicas ajudam neste processo, e revelando que muitos aspectos precisam ser considerados para se chegar a um diagnóstico e por consequência na intervenção psicopedagógica. Para amenizar uma dificuldade de aprendizagem já instalada é necessário fazer um programa no qual a  intervenção seja específica, peculiar aos aspectos sintomáticos da dificuldade, assim como, de maneira individualizada, que se fundamentam em procedimentos teórico-metodológicos qualitativos que poderão amenizar as causas que afetam a aprendizagem do indivíduo.

O aprender consiste em algo mais amplo para o ser humano, porque o que se aprende e quem aprende se modifica, ou seja, passa a agir de acordo  com os resultados de sua aprendizagem.

Então a aprendizagem está relacionada á ação, ao fazer. De acordo com Celso Antunes, “[...] não existe uma aprendizagem realmente significativa sem a ação, sem o fazer, na medida em que se proporciona a possibilidade de fazer, se possibilita ao aluno a condição de compreender. Na escola tradicional ainda é raro a separação entre o aprender e o saber, prevalece a ideia do professor que ocupa lugar de destaque, mas para que a aprendizagem ocorra e com alguma significação na qual o aluno se transforme, é importante que exista a ideia do construir, do operacionalizar, do fazer”[...].

Assim convém entender o que caracteriza a dificuldade de aprendizagem, que é um assunto cada vez mais discutido no contexto escolar. Entende-se então que as crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem, estão com baixo desempenho escolar que é o resultado de dificuldades de aquisição de matéria teórica, e ainda nesta esfera preliminar apresentam inteligência normal, sem nenhum obstáculo físico, emocional ou social aparentemente que poderiam causar esta dificuldade.

Nestas circunstâncias o professor precisa recorrer á diferentes metodologias, propondo meios mais eficazes e inovadores para auxiliar seus alunos na construção do saber. Em muitos casos o ato de aprender requer uma intervenção psicopedagogica eficiente e qualitativa para superar as dificuldades de aprendizagem.

Depois das queixas que o professor faz no intuito de entender o que está atrasando ou dificultando a aprendizagem, o psicopedagogo vai investigar as causas do “não aprender”, elas podem ser relacionadas á estruturas familiares mais adequadas de acordo com a necessidade de cada criança e/ou adolescentes no lar, as dificuldade de leituras e escritas, a dislexia, além disso, às vezes ocorre a falta de professores sem capacitação habilitada para desenvolver nas crianças e/ou adolescentes metodologias eficientes para que possam despertar neles o interesse pelo saber nas diversas áreas dos campos do conhecimento humano.

O psicopedagogo está habilitado para compreender e fazer a intervenção com a criança ou adolescente em seus aspectos cognitivos referentes aos problemas de aprendizagem.

 As ações que são desenvolvidas acontecem de forma qualitativa e visam aperfeiçoar as relações com a aprendizagem de alunos e educadores no contexto tanto escolar como social e familiar.

Voltando para a esfera do que é a aprendizagem, o foco não pode ser o aluno apenas, mas todas as questões que levam a ela, que não ocorre de maneira individual, fragmentada, mas acontece através de processos interligados entre aqueles que ensinam e aqueles que aprendem. Pode-se afirmar que a aprendizagem é fruto e meio da história de cada sujeito em seu contexto familiar e coletivo.

A aprendizagem é construída nas relações ocorridas, podendo ser entre o professor e aluno,  a família e a escola. Todos estes relacionamentos são  estímulos no ato de aprender a aprender.  Assim o acompanhamento psicopedagógico é um processo longo que requer perseverança de forma gradativa para diagnosticar e intervir nas dificuldades de aprendizagem tanto em sua estrutura cognitiva como no seu circulo social.

Muitos autores definem e explicam o processo de aprendizagem. Para Cool (1994, p.50) “[...] a atividade do aluno que está na base do processo da construção do conhecimento está inscrita de fato no domínio da interação ou interatividade entre professor e  aluno[...]”

 A ciência que tem como objeto de estudo a aprendizagem é a psicopedagogia, desta forma, se  dedica a compreender a aprendizagem em seus diferentes aspectos nas relações interpessoais e nas circunstancias em que a criança ou adolescente estão inseridos na sociedade. Também  ocupa-se do procedimento de tentar compreender as causas e as consequências que afetam os aprendizes em seu desenvolvimento cognitivo na dinâmica do ato de aprender, da construção de estratégias para o não aprender, na edificação do saber humano.

De acordo com Fernandes (1999 apud Rezende, 2011), “[...] o psicopedagogo mobiliza a forma de aprender do aprendente transformando a relação da aprendizagem promovendo-o na sua relação com o saber construído, dessa forma torna-se importante entender os campos de atuação do psicopedagogo[...]”.

 Conforme Fagali ( 1993,p.43), “[...] a Psicopedagogia conta presentemente com duas fortes tendências de ação, sendo a de caráter clínico e a de caráter preventivo. A atuação clínica caracteriza-se por ter a finalidade de reintegrar o sujeito com problemas de aprendizagem ao processo. Tal ação usualmente se dá em consultórios e hospitais, possuindo uma conotação mais individualizada. Já a atuação preventiva tem a meta de refletir e discutir os projetos pedagógico-educacionais, os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional, melhorando qualitativamente os procedimentos em sala de aula, as avaliações, os planejamentos e oferecendo assessoramento aos professores, orientações etc. [...]”

O psicopedagogo através de uma avalição será capaz de identificar as dificuldades de aprendizagem que  estão comprometendo o raciocínio do aluno. Dentro do cenário em que a dificuldade já está visível, a família tem um papel muito importante, pois pode durante o processo  contribuir também na formação intelectual da criança ou adolescente, motivando-os a se sentirem capazes de aprender, ou seja, deve ser feito um trabalho em conjunto entre o psicopedagogo e a família do paciente/cliente que vier a diagnosticar déficit de aprendizagem em sua estrutura cognitiva, física, motora e comportamental.

O psicopedagogo atuando na escola pode atuar em caráter preventivo, sendo um diferencial para a construção de um aprender com qualidade. Assim este profissional consegue ajudar diretamente o professor que encontra dificuldades de adaptar planos de aula para alunos que possuem uma compreensão diferenciada dos demais. E a partir das queixas dos professores também é capaz de orientar sobre a melhor maneira de atuar em sala de aula, de forma que desenvolva um trabalho no qual seja respeitada cada particularidade do aluno.

É importante conceber um trabalho em conjunto para garantir que o professor e o psicopedagogo vão articular atividades  que exultem as capacidades intelectuais dos alunos.

A escola precisa reconhecer que por vezes as dificuldades apresentadas pelos alunos não são só casos de encaminhamentos, mas que em tudo a escola deve ser parceira, auxiliar este aluno e professor, fazendo-se assim importantíssima a intervenção  do psicopedagogo. Este por sua vez, precisa conhecer muito bem a proposta pedagógica da escola vindo a ter uma visão diferenciada sobre a aprendizagem, desresponsabilizando o aluno, ampliando as possibilidades dele vislumbrar suas potencialidades e habilidades, a fim de enfrentar os aspectos que dificultam a aprendizagem.

“Ao realizar um diagnóstico institucional ele( o psicopedagogo) averigua os problemas pedagógicos que prejudicam o processo de ensino-aprendizagem... identifica sintomas de dificuldades de aprendizagem no processo ensino-aprendizagem; organiza projetos de prevenção dos processos por que neste contexto o psicopedagogo institucional, como profissional preparado e mais adequado para execução desses acompanhamentos que pode ser realizado tanto com crianças como adolescentes, está apto a trabalhar na área da educação, assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para a melhoria e rendimento  qualificado das condições do processo de ensino-aprendizagem bem como para a prevenção das dificuldades de aprendizagem”. ( BOSSA ,2007 apud  REZENDE,  2011).

“[...] O diagnóstico psicopedagógico significa uma investigação da aprendizagem que considera a totalidade dos fatores intervenientes no ato de aprender.” Dessa forma, o diagnóstico é um meio que consiste em verificar a aprendizagem do aluno, uma vez aplicado, possibilita ao investigador verificar o que o aluno já sabe e o que ele está construindo como conhecimento, para isso é necessário alguns critérios e cuidados na escolha das atividades a serem usadas durante o diagnóstico, a rigorosidade no planejamento das atividades é justificável pelo fato de ser a partir dos resultados obtidos e de sua análise que se torna possível pensar as ações interventivas [...] “ (Pinto, 2007, p.101).

Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem são decorrentes de aspectos naturais ou secundários e que são reversas se forem feitas adequações ambientais, de aspectos secundários, alterações estruturais, mentais, emocionais ou neurológicas, que repercutem nos processos de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas.

De acordo com Muszkat (2012, apud RODHE, 2003), “[...] a atenção e a função executiva são fundamentais na aprendizagem escolar, pois permitem o processamento da informação, a integração de informação selecionadas, os processos para estratégias de memorização e retrieval da informação armazenada na memória , na programação de respostas motoras e comportamentais)[...]”.

Pontua-se que quando o psicopedagogo intervém numa situação de dificuldade de aprendizagem sua ação vai produzir transformações. Depois de detectados os entraves para aprender o profissional considera o espaço  e os vínculos de quem ensina e de quem aprende.

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