A Importância Do Ato De Ler – Paulo Freire
Por: maludutr • 22/3/2023 • Resenha • 1.250 Palavras (5 Páginas) • 84 Visualizações
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER – PAULO FREIRE [1]*
Maria Luiza Saminez Dutra[2]**
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler – em três artigos que se completam. São Paulo: Autores associados: Cortez, 1989. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4)
Paulo Freire (1921-1997) foi um educador brasileiro, criador de um método inovador para alfabetização de adultos. Seu método foi levado para diversos países. Ele nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 19 de setembro de 1921. Durante sua vida, publicou diversas obras de grande importância e inspiração para a educação, inclusive a obra citada acima.
O livro é divido em três artigos, a qual o autor faz uma primeira análise sobre a importância do contato com a leitura, em seguida, ele vem falar sobre a alfabetização de adultos juntamente com o poder transformador que as bibliotecas públicas podem oferecer tanto para o educando como para educadores, e então o texto final vem descrever a metodologia adotada de forma prática em São Tomé e Príncipe, descrevendo de forma detalhada a intenção por trás de cada texto trabalhado em sala de aula.
No primeiro texto, o autor inicia fazendo um relato de sua infância e das circunstâncias que o levaram a ter contato com a leitura e a escrita, que, em suas próprias palavras, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e, linguagem e realidade se prendem dinamicamente. O que nos faz refletir sobre como a realidade está sempre mudando, por isso que se faz necessário a linguagem para que o ser humano seja capaz de acompanhar o mundo de forma ativa e consciente.
Deste modo, se refere ao processo de alfabetização de adultos afirmando que o fato de um educando necessitar da ajuda de um educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa que tal ajuda irá anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem. Na verdade, tanto o alfabetizador como o alfabetizado têm capacidades iguais, com a diferença do conhecimento de leitura e escrita. Por isso, fica clara a capacidade intelectual inerente a todos os seres humanos do poder de compreender o mundo e mais que isso, ser um agente ativo na transformação do mesmo.
Se compreende o dever que o educador tem de dar significado dentro do contexto do indivíduo, para que o mesmo possa entender e inserir o conhecimento adquirido em sua realidade, com consciência e autonomia mais ampla do mundo. O texto encerra com a ideia de que a leitura crítica da realidade aliada a certas práticas claramente políticas de mobilização e organização são instrumentos que podem constituir uma ação contra a ideologia opressora dominante.
Na segunda parte, o autor inicia afirmando que a educação está ligada diretamente com a questão do poder, visto que, se não podemos entender a educação como independente e livre para instigar reflexões e trazer esclarecimentos, é esperado que o processo de ensinar caminhe para dar vantagem à ideologia dominante. Entretanto, já tendo afirmado que educar é um ato político, o mesmo deixa claro as contradições do processo educativo em um cenário que favorece a uma ideologia dominante e opressora.
Logo, Paulo Freire, ao mesmo tempo que critica o autoritarismo neste texto, conversa diretamente com educadores sobre as diversas peculiaridades presentes no sistema de ensino, sobretudo, deixando bem claro a importância de assumir uma poisição política e ser coerente com ela, de forma a enxergar a educação como um processo de peso na formação humana. Esta visão é imprescindível para que se coloque em prática uma educação libertadora e honesta.
Esta educação que o professor expõe não implica apenas o ato de ensinar de qualquer forma, mas de compreender e validar a existência do aluno como única e importante para a sociedade. Pois é um fato que o professor e aluno compartilham conhecimento mutuamente, e a conexão positiva entre os dois resulta em um combustível para mudanças sociais. É interessante destacar, que o autor descreve o processo de ingenuidade que pode estar presente em educadores, e é com a renúncia desta ingenuidade e assumindo uma postura crítica do mundo e uma posição de facilitador no processo de emancipação cultural que se pode acontecer uma mudança positiva na educação. Neste contexto de ingenuidade, entende-se a importância das bibliotecas públicas não somente para pessoas que estão em primeiro contato com a linguagem escrita, mas também para educadores que são vítimas da manipulação da ideologia opressora sobre o direito ao pensamento crítico da própria realidade. Por causa disto, destaca-se que uma vez não transformada a posição de ingenuidade de um educador, o resultado esperado é tão somente a perpetuação da ideologia opressora dominante.
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