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A Invenção da Sala de Aula

Por:   •  18/4/2016  •  Resenha  •  1.281 Palavras (6 Páginas)  •  1.523 Visualizações

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A educação, em sua formulação e finalidade passou a ser um tema muito discutido no século XIX, um período transitório, no qual a burguesia liberal ascendeu e garantiu papel de importância perante o governo, tomando forças contra a população operária, e as lutas políticas tomaram maiores proporções, como na Revolução Francesa.

Após a Europa dominar boa parte dos territórios, seus modelos de cultura e civilização se impuseram apesar de vários problemas e desigualdade gerados por conta desse fato as condições de vida melhoraram e a população aumentou consideravelmente junto com a redução da mortalidade infantil e a maior expectativa de vida, população essa que se deslocou majoritariamente para as cidades e contribui para dar forças ao capitalismo que ganhava  espaço. O estilo de vida muda consideravelmente e a indústria capitalista começa a gerar a necessidade de consumo nos indivíduos, e essa lógica de acumulo se generaliza.

Com todas as mudanças ocorridas tem-se a necessidade de modificar a forma de governar o que então começou a ser chamado de “sociedade”, surge então o que Foucault chamou de “biopoder”, agora com o intuito de não ser um poder isolado, mas de controlar a população e administrar o crescimento de forma reguladora. O biopoder, baseando-se nas ciências naturais inicia seus estudos e observações sobre os sujeitos da educação, e passa a enxerga-lo como sujeito que deve ajustar-se as “leis naturais” sem questionar. Esse posicionamento cientifico criou uma “verdade” e teve sobre a pedagogia grandes influências, que resultaram na necessidade de normatização e de classificação dos alunos  de acordo com seus desempenhos, criando então a ideia do aluno “normal”, aquele que estava na media das avaliações aplicadas, e consequentemente do “anormal”. Essa que foi chamada de biopolitica possuía, portanto um caráter regulador, e tinha na educação o principio de que o professor deveria ser uma forma de “facilitador” do conhecimento, mas de um caminho que já havia sido previamente fixado, e assim ter uma forma de controle maior sobre a sociedade, baseando-se no que deveria ser o sujeito da educação.

Aqueles pedagogos que deram ênfase a essa estruturação de normas passaram a ser denominados “normalizadores”, e foram eles que construíram as bases do nosso sistema educacional. Se fundamentavam principalmente nessa ideia de norma geral, sem dar espaço as singularidades, utilizando-se do então formado parâmetro comum, suas técnicas se associavam as de quarteis, estimando criar o habito da obediência nos alunos e torna-los dóceis. Nesse conceito educacional as crianças deveriam se adequar á escola e não o contrario.

A figura do professor para os pedagogos normalizadores deveria ser além de uma representação de autoridade a de um guia, que através de rotas já estabelecidas, leva por meio de técnicas de questionamento os alunos até o conhecimento considerado necessário, sem dar espaço a espontaneidade e limitando seus horizontes.Para isso então passaram a utilizar a psicologia da educação e tentavam encontrar temas do interesse dos educandos. A disciplina em sala de aula era vista como uma preparação para a vida em sociedade e era dever do professor transmitir para os alunos um respeito pela sociedade

Muito da pedagogia normalizadora baseava-se na filosofia positivista, um movimento intelectual amplo que tinha como intenção ser considerado uma espécie de religião a ser seguida, baseado em ordem, progresso, reconciliação e harmonia e com o temor de uma mobilização de massa. Defendia a psicologia e a biologia como pilares da pedagogia.

Os normalizadores costumavam seguir um padrão de ensino com normas que eram vistas quase que como leis, por exemplo: ir do simples para o composto; do indefinido para o definido; do concreto para o abstrato; entre outras. A pedagogia era vista como uma serie de receitas prontas a serem seguidas que poderiam ser aplicadas universalmente.

Influenciados pela biologia, os educadores passaram a acreditar em um espécie de “herança educacional”, deixada dos familiares para as crianças, que seria uma influencia direta em sua capacidade de aprendizado e uma forma de prever possíveis desvios, pois se já havia acontecido na família seria fácil se repetir, e com isso se criava uma fixa para cada aluno, contendo esse tipo de informação.

Entre alguns dos aspectos mais importantes da pedagogia normalizadora temos a forma de divisão dos alunos, que antes era feita através do nível de conhecimento dos alunos e então em 1870 passou a ser dividida de acordo com a idade das crianças. O aumento da regulação do trabalho dos professores, que passaram a ser submetidos a testes. A configuração da parte física da sala de aula, que foi definida em 1848 por Henry Barnard, que em seu tratado sobre a arquitetura da escola desenhou vários moveis considerados necessários, como um tablado para o professor, quadros negros, relógio, projetor, mapas geográficos e carteiras fixas para os alunos, podemos perceber que esse sistema arquitetônico se mantem dominante ainda atualmente. E também a homogeneização da escola, o aumento do numero de matriculas, almejando dar oportunidade de estudar para “todos”, mas mesmo assim mantendo segregação entre os alunos de acordo com suas origens e capacidades. Para manter maior ordem então surgiu o sistema de sinais, criado em 1880 por Senet, para estabelecer os horários de entrada, formação de fila, saída e intervalos.

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