A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: UMA REFLEXÃO SOBRE A DIVERSIDADE
Por: Raísa Barbara • 17/9/2022 • Ensaio • 1.800 Palavras (8 Páginas) • 242 Visualizações
Raísa barbara broggio
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: UMA REFLEXÃO SOBRE A DIVERSIDADE
peruíbe
2020
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: UMA REFLEXÃO SOBRE A DIVERSIDADE
Raísa Barbara Broggio
Resumo: A organização do trabalho pedagógico compreende entre outras coisas os documentos que detalham os objetivos e metas da escola bem como quais práticas pedagógicas serão desenvolvidas para o cumprimento destes. Tais dispositivos norteadores do trabalho pedagógico devem ser estruturados valorizando a diversidade e promover condições para uma educação igualitária, democrática e de qualidade. O presente trabalho busca analisar a organização do trabalho pedagógico relacionado a diversidade dos indivíduos que compreendem a comunidade escolar e realizar uma reflexão acerca das estratégias para a promoção de uma educação de qualidade respeitando a pluralidade da sociedade. O texto aborda a necessidade de pousar nosso pensamento sobre quem frequenta a escola, bem como de uma releitura do currículo e das práticas pedagógicas a fim de atender as necessidades e respeitar as diferenças. A gestão participativa e democrática também é comentada, sendo tratada como o ponto chave para a organização do trabalho pedagógico de qualidade.
Palavras-chave: Organização do Trabalho Pedagógico; Diversidade; Gestão Participativa
1. Introdução
A organização do trabalho pedagógico surge para promover de uma maneira sistemática a compreensão das concepções pedagógicas na prática e na organização institucional. Os profissionais da educação precisam estar cientes de suas funções, das ações que deverão tomar, os objetivos e metas institucionais o que podem fazer para contribuir positivamente em uma educação formadora e de qualidade.
Da mesma forma que a sociedade civil é composta pela diversidade e apresenta uma organização própria, o ambiente escolar está moldada em parâmetros e dispositivos legais e de orientação para o trabalho pedagógico.
Todos os instrumentos que contribuem para a formação da dinâmica escolar, como os conselhos, currículos, projetos políticos-pedagógicos, devem ser estruturados nos princípios de igualdade, qualidade, democracia e liberdade (LIBÂNEO, DE OLIVEIRA, TOSCHI, 2012) e irão reger a instituição de ensino e ditar quais práticas serão estabelecidas visando o cumprimento das metas da educação.
Contudo, os modelos e estratégias pedagógicas que encontramos nas escolas muitas vezes não condizem com a sociedade em que estamos inseridos. É comum o discurso progressista e a tentativa de inserção de novos métodos que na prática ou são mal executados, ou não conseguem sair do papel. Diante do exposto, torna-se necessária uma reflexão acerca de toda organização do trabalho pedagógico.
O presente trabalho busca analisar e refletir sobre a organização do trabalho pedagógico e sua relação com a diversidade da comunidade escolar, a adequação para o cumprimento das metas e promoção de uma educação de qualidade
2. Desenvolvimento
A reflexão e a análise crítica da organização do trabalho pedagógico requererem a interpretação de leis, decretos e demais publicações escolares, da mesma forma necessita compreender e identificar as barreiras que influenciam e atrapalham seu bom andamento. O educador, independente da posição que ocupa, precisa posicionar-se mediante o que é apresentado pelas normas, planos e decretos afim de formular as propostas dos dispositivos pedagógicos de organização de trabalho, como o currículo escolar ou o projeto político pedagógico (PPP).
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), apontam que para que o profissional da educação consiga realizar essa análise é necessária uma formação de base, ainda nos cursos de licenciaturas, em especial pedagogia, para que o indivíduo possa questionar e refletir acerca dos atores e instrumentos que compõem o trabalho pedagógico. É importante relembrar quem é o profissional da educação, as áreas de conhecimento e o currículo e principalmente aqueles que serão atendidos pela unidade de ensino: os alunos.
Quando pensamos no alunado fica evidente que os jovens que atendem à escola são integrantes de classes sociais distintas, comunidades diversas e que moldam suas identidades em momentos e locais diferentes. A identidade cultural de cada um é construída mediante o entorno e as vivências individuais, mediante a percepção individual da sociedade em si.
Nas palavras de Portela et al. (2015): “Nesse prisma, não falamos em juventude, mas em “Juventudes”, enquanto sujeitos que experimentam e sentem contextos sócios-culturais determinados.”
Devemos pensar nas crianças e adolescentes que se encontram em nossas salas de aula nos livrando de todo e qualquer conceito preconcebido. É preciso enxergar o estudante em todo seu prisma, sob a ótica cultural, social, biológica para apenas então ter a certeza que se está munido de todos os requisitos necessários para uma concreta elaboração de planos pedagógicos e projetos educacionais.
Esteban (2006) nos alerta para não cometer os mesmos erros que vêm sendo diagnosticados com as estruturas pedagógicas e práticas docentes nos últimos séculos. A autora aponta que, especialmente nas classes populares, a heterogeneidade dos indivíduos reforça os comportamentos de exclusão na tentativa de atingir uma equidade e padronização de comportamentos. Os projetos pedagógicos e as práticas pedagógicas desconsideram as origens e as diferenças do alunado e tem como foco obter um grupo homogêneo em notas, atitudes e pensamentos.
O trabalho pedagógico torna-se um desafio pois requer do professor e demais atores educacionais a habilidade de atender as necessidades de todos os indivíduos sem desprender tratamento espacial ou exclusivo. É necessário prestar atenção a todos os fatores que circundam a formação social do ser e alinhas esse pensamento com a organização do trabalho pedagógicos em todas as instâncias.
Munidos desses conceitos, vale lembrar do papel fundamental dos profissionais da educação na participação da organização do trabalho pedagógico. As instituições de ensino possuem, garantida pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), autonomia para desenvolver suas próprias propostas curriculares, projeto político pedagógico e demais dispositivos norteadores, personalizando seu ensino e suas estratégias pedagógicas de acordo com as necessidades de cada escola.
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