A construção da linguagem do aluno surdo no processo de inclusão
Por: divinaaraujo • 10/2/2019 • Monografia • 5.243 Palavras (21 Páginas) • 248 Visualizações
LINGUAGEM: LEITURA E ESCRITA
ÁREA DO CONHECIMENTO
A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM DO ALUNO SURDO NO PROCESSO DE INCLUSÃO
ÁGUA BOA, ABRIL DE 2012
A CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM DO ALUNO SURDO NO PROCESSO DE INCLUSÃO
ARAÚJO, Divina Pereira
A presente pesquisa teve como objetivo conhecer as experiências dos professores na construção da linguagem do aluno surdo no processo de inclusão, em duas escolas Estaduais, 9 de Julho e Antonio Gröhs e uma escola privada, Escola Rui Barbosa (Cooperensino) no município de Água Boa. Neste contexto, o objetivo do trabalho centrou-se em pesquisar sobre os conhecimentos ou domínios dos professores, referente a Língua Brasileira de Sinais. Na pesquisa utilizou-se métodos de observação e descrição com entrevista aberta a duas diretoras e sete professores. Participaram, também, sete pais com dialogo informal sobre a vida escolar de seus filhos. Durante a realização do trabalho, foi possível perceber que alguns professores são preocupados em descobrir métodos que os auxiliem no ensino-aprendizagem dos alunos surdos, mas a ansiedade maior encontrada, foi entre os pais desses alunos que sofrem constantemente ao ver o “pouco” rendimento escolar de seus filhos, devido sua própria limitação, - Deficiência Auditiva. Os resultados evidenciaram a necessidade dos professores que atuam com alunos surdos ter mais conhecimento com relação a Língua de Sinais e das Leis que os amparam, pois um dos aspectos fundamentais na formação acadêmica do aluno surdo é a forma de comunicação, e este fator demonstrou ser o maior obstáculo que dificulta o processo de ensino-aprendizagem e conseqüentemente a relação professor/aluno. Na medida que os profissionais envolvidos nesse processo receberem assessoria de técnicos e uma formação continuada focada no tema/necessidade, só assim, o desenvolvimento da prática pedagógica, certamente será minimizada e em parte a problemática do ensino. No final da pesquisa, foi possível apontar sumariamente hipóteses levantadas em relação a construção da linguagem do aluno surdo que é um aprendiz da Língua Portuguesa, Língua essa, que não apresenta as mesmas características da escrita de um ouvinte, mas, que a aprendizagem da língua(gem) escrita, faz-se necessária de modo a possibilitar a esses sujeitos a ampliação de indivíduos sociais e sujeitos plurais no convívio social.
Palavra chave: Inclusão, Língua de Sinais, inter-relação; Linguagem.
INTRODUÇÃO
Em se tratando de educação de surdos, podemos constatar que a realidade da comunidade surda é bem diferente de muitas idéias citadas sobre o assunto.
Um dos fatores que tem acarretado grande inquietação, sobre tudo na comunidade surda é a questão da língua, desde o uso que se tem feito da língua de sinais, e a maneira de se trabalhar a língua portuguesa.
Foi partindo dessa premissa que essa pesquisa foi desenvolvida em três escolas com realidades distintas e com objetivo de buscar a problematizarão do ensino-aprendizagem da linguagem e das dificuldades de leitura, pois as evidências nos mostram que crianças surdas conseguem decodificar os símbolos escritos e geralmente não apresentam dificuldades grafêmicas, mas, na maioria das vezes, não entendem o que lêem. Existem várias razões para este fracasso, mas o maior problema é a falta do domínio da língua oral que conseqüentemente gera o atraso no desenvolvimento da leitura do surdo devido à carência de trocas comunicativas.
Esses e outros fatores interferem no aprendizado, causando um baixo rendimento escolar e comprometendo o futuro da criança.
- A LÍNGUA DE SINAIS.
“Posso entender qualquer linguagem, mas não posso entender qualquer língua”.
Carlos Franchi
Língua Brasileira de Sinais, (LIBRAS) é a língua materna dos surdos brasileiros e, como tal poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade.
A Língua de Sinais é usada bastante tempo pelos surdos como forma de comunicação, mas seu reconhecimento como verdadeira língua, é recente. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística.
De acordo com Behares (1999) “para uma língua ser reconhecida é preciso que seja utilizada por uma comunidade, como meio de comunicação, também deve existir falantes que adquiriram como primeira língua”
Ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias.
Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico. O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas é denominado sinais nas línguas de sinais.
O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender uma outra língua, um outro idioma, como o Francês, Inglês etc. Os seus usuários podem discutir filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e peças teatrais.
Como língua, esta é composta de todos os componentes pertinentes às línguas orais, como gramática semântica, pragmática, sintaxe e outros elementos, preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser considerada instrumento lingüístico de poder e força.
Possui todos os elementos classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado, como qualquer outra língua.
Pesquisas comprovam que a aquisição precoce da Língua de Sinais dentro do lar é um benefício e que esta aquisição contribui para o aprendizado da língua oral como segunda língua para os surdos.
Segundo Karnopp (1999),“as Línguas de Sinais são língua natural porque desempenha várias funções (social, cognitiva e comunicativa), além de apresentar uma infinita combinação de sinais”
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