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A ludicidade no ensino infantil

Por:   •  10/7/2015  •  Trabalho acadêmico  •  12.342 Palavras (50 Páginas)  •  616 Visualizações

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Resumo

Este trabalho busca, através de uma remontagem histórica, pensar a ludicidade no ensino infantil em sua trajetória, voltando-se a reflexão acerca das implicações que as atividades lúdicas e o brincar propostos em sala de aula exercem no processo de aquisição da leitura e da escrita, sobretudo no que tange o Brincar. A presença do lúdico no primeiro ano do ensino de nove anos tem sido objeto de muitas investigações no campo educacional, dada a sua importância no desenvolvimento da criança. Nesse sentido o trabalho nos permite fomentar discussões acerca das praticas pedagógicas para o desenvolvimento da criança no processo de alfabetização.

Abstract

This paper seeks, through a historic reassembly, to analyze the course of playfulness in child education, thinking back about the implications that playful activities exert inside the classroom about the learning to read and to write system, mostly regarding the play. The playful attendance in education of nine year old children is been very investigated, given its importance on children’s development. That way, this paper allow us to instigate debates about the pedagogical practices to children development on the way to their literacy.

Introdução

A princípio será interessante ressaltar a importância, através do ponto de vista, histórico-cultural e metodológico, da trajetória do ensino infantil no Brasil e em outros países bem como a aprendizagem na contemporaneidade. Traçando um paralelo e relacionando a importância dos jogos e brincadeiras em todo esse contexto da educação infantil como pratica pedagógica.

A Educação Infantil constitui-se em um espaço de aprendizagem que busca favorecer o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, sócio-afetivas e intelectuais da criança. Muitos são os estudos que vêm sendo realizados a respeito da infância, disto emergem novas concepções em relação ao desenvolvimento da criança e, principalmente, à forma como ela constrói seu conhecimento. É nisso que a ludicidade se insere com o objetivo de promover, com espontaneidade, atividades de caráter didático-pedagógico levando a criança a desenvolver-se em amplos sentidos. O presente artigo tem como objetivo analisar de forma mais específica o importante papel da ludicidade na Educação Infantil para o desenvolvimento das habilidades motoras. A pesquisa consta de revisão bibliográfica de artigos científicos, livros e bases de dados publicadas. Estudos apontam positivamente a ludicidade como importante estímulo no desenvolvimento da criança em todas as suas capacidades, e é através de um correto incentivo e direcionamento, que a prática lúdica se transforma em poderosa ferramenta para o auxílio no desenvolvimento das habilidades motoras infantis.

O lúdico na Educação Infantil pode ser trabalhado em todas as atividades, pois é uma maneira de aprender/ensinar, despertar o prazer e, dessa forma a aprendizagem se realiza. No entanto, o verdadeiro sentido da educação lúdica só estará garantido se o professor estiver preparado para realizá-lo, tendo conhecimento sobre os fundamentos da mesma. As crianças experimentam desejos impossíveis de serem realizados imediatamente, para resolver essa questão à criança envolve-se num mundo imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados. O brincar da criança é então a imaginação e ação sempre imitando o adulto ou outra criança. Do ponto de vista do desenvolvimento da criança, a ludicidade traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas, ajudando-as no seu desenvolvimento em relação à sociedade.

1. A trajetória do Ensino Infantil

Contextualizar o surgimento da educação nos permite, antes de tudo, uma melhor compreensão da trajetória do ensino infantil. Nesse sentido, é importante deixar claro que, ao longo da história, a educação passa por importantes transformações na sua metodologia e também na sua forma de transmissão e assimilação do conhecimento, como também todas as mudanças sociais, culturais e políticas do Brasil desde a chagada da família real portuguesa no século XIX até hoje. Segundo Maria Lucia Arruda Aranha, a educação de uma forma mais abrangente, pode ser compreendida como um campo de desenvolvimento de interpretações e perspectivas sobre o homem e sobre o que seria bom acontecer com ele em seus diferentes ciclos de vida; infância, adolescência e diferentes fases da história.

No século XIX são poucas as iniciativas no que tange a educação infantil, o primeiro jardim de infância público surge, no Rio de Janeiro, anos após a criação do jardim de infância particular e inicia-se através da fábrica de tecidos corcovado a creche vinculada aos locais de trabalho das operárias. As creches e escolas maternais tiveram, somente no seu início, o objetivo assistencialista, cujo enfoque era a guarda, higiene, alimentação e os cuidados físicos das crianças. Uma diferenciação pertinente que vale ser ressaltada se refere aos termos creche e jardim de infância. A creche visava assistir a criança que ficava privada dos cuidados maternos devido ao trabalho da mãe, tendo como principal objetivo evitar o abandono das mesmas por seus responsáveis. O jardim de infância pretendia exercer o papel de moralizador da cultura, transmitindo as crianças os mesmos padrões adotados em outros países na Europa. Kuhlmann Jr diz que esse movimento seria “um antídoto contra as ameaçadoras práticas que ensejavam solidariedade com os setores explorados de nossa sociedade”. Apesar de seu início estar mais voltado para as questões assistenciais e de custódia, Kuhlmann ressalta que essas instituições passam a se preocupar com questões não só de cuidados, mas de educação, visto se apresentarem como pedagógicas já em seu início. Exemplifica sua defesa com a “Escola de Principiantes” ou escola de tricotar, criada por um pastor na França em meados do século XVIII, para crianças de dois a seis anos de idade. Esse pastor criou apenas um programa de passeios, trabalhos manuais e histórias contadas com gravuras, nos quais suas escolas de tricô tinham como objetivo, por meio do trabalho de mulheres da comunidade, tomar conta de crianças, ensinando-lhes a ler a bíblia e a tricotar. De acordo com seus objetivos, nesses espaços, as crianças deveriam aprender diferentes habilidades, como adquirir hábitos de obediência, bondade, identificar as letras do alfabeto, pronunciar bem as palavras e assimilar noções de moral e religião.

Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as primeiras tentativas de organização de creches, asilos e orfanatos surgiram com um caráter assistencialista,

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