ALFABETIZAR E LETRAR COM O USO DO JORNAL
Por: Ivis1994 • 20/11/2022 • Artigo • 4.964 Palavras (20 Páginas) • 140 Visualizações
ALFABETIZAR E LETRAR COM O USO DO JORNAL
LAMB, Ivânia [1]
PEREIRA, Luciana Zaidan [2]
RESUMO
A proposta deste trabalho é apresentar algumas reflexões sobre o uso do jornal em sala de aula, como auxiliar na alfabetização e letramento, de alunos dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Para isso, foi usado como referencial, os Parâmetros Curriculares Nacionais, referente aos cinco primeiros anos da Educação Fundamental, que contempla que nossos educandos tenham pleno acesso aos recursos culturais, para que obtenham conquista de sua cidadania. O jornal, por ser um meio de comunicação, que apresenta diversos gêneros textuais e tem um importante papel no acesso de informações, pode propiciar melhores aprendizagens, por estar presente no dia a dia de todos, inclusive das crianças. Para defesa desta ideia, do uso do jornal desde as séries iniciais, foram avaliadas e analisadas posições de diversos autores. Segundo os estudos, o professor precisa incentivar os alunos à exploração de todas as possibilidades de dialogar com os textos e participar ativamente nas situações de leitura; o jornal pode ser manuseado, questionado, recortado, reescrito e muitas outras atividades, elevando a autoestima da turma por interagir com fatos reais. Desta forma, pode ser usado como um recurso importante dentro do contexto de sala de aula buscar, não somente a alfabetização dos mesmos, mas também letrar nossos alunos.
Palavras chave: Alfabetização. Jornal. Letramento.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, os educadores são convocados para a alfabetização na idade certa. Para tanto, foi criado o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que tem como compromisso que todas as crianças brasileiras estejam alfabetizadas até os oito anos de idade. Sabemos que alfabetizar, atualmente, não é o suficiente, pois, ainda hoje, há pessoas, as quais chamamos de analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever, porém não possuem o discernimento sobre o que estão lendo. Para isso, precisamos proporcionar, concomitantemente, o letramento, que é o conhecimento do mundo, o qual é desvendado através da alfabetização. Para que isso aconteça, é necessário proporcionar aos educandos trabalharem e conhecerem diversos gêneros textuais, descobrirem a riqueza das palavras e poderem sentir as palavras escritas como palavras vivas, cheias de significado, para que este letramento também tenha significado.
Podemos encontrar nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa o seguinte:
A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento. Atualmente exigem-se níveis de leitura e de escrita diferentes e muito superiores aos que satisfizeram as demandas sociais até bem pouco tempo atrás – e tudo indica que essa exigência tende a ser crescente. Para a escola, como espaço institucional de acesso ao conhecimento, a necessidade de atender a essa demanda, implica uma revisão substantiva das práticas de ensino que tratam a língua como algo sem vida e os textos como conjunto de regras a serem aprendidas, bem como a constituição de práticas que possibilitem ao aluno aprender linguagem a partir da diversidade de textos que circulam socialmente (BRASIL, 1997, p.25).
Nesse contexto, de buscar uma diversidade de textos que são usados em nossa vida, podemos fazer o uso do jornal em sala de aula. Este, poderá auxiliar para o desenvolvimento e ampliação do conhecimento, fazendo com que os conteúdos teóricos propostos nas escolas tenham uma ligação maior com a realidade que vivemos. “A utilização da imprensa aparece como um meio privilegiado para atingir os grandes objetivos da escola tais como são definidos pelo ensino oficial” (HERR, 1988, p.11).
O uso do jornal poderá tornar-se de grande relevância, se trabalhado em um ambiente de questionamento, reflexão e produção. O uso do jornal, como exercício para a reflexão, pode ser levado à toda comunidade educativa, através de lições de casa, onde toda a família e o educando serão questionados sobre determinado assunto e qual seu posicionamento sobre o mesmo, ou simplesmente avaliando uma charge e a mensagem da mesma, ou reproduzindo-a. “A criança apropria-se dos instrumentos necessários para ser hoje e, mais ainda, amanhã, um cidadão ativo, autônomo e responsável, a partir da pré-escola” (HERR, 1988, p.12).
Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade (BRASIL, 1997, p.26).
Muitas iniciativas, com sucesso, para o uso do jornal na sala de aula, já são feitas, inclusive com apoio de grandes empresas e universidades aqui do Rio Grande do Sul. O Grupo Sinos e quatro universidades da região: Universidade Feevale, Universidade do vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Faculdades Integradas da Taquara (Faccat) e o Centro Universitário Unilasalle estão envolvidas nesta iniciativa. Elas atuam na elaboração do programa pedagógico, onde fornecem uma série de atividades e sugestões para serem executadas em sala de aula e na capacitação dos professores participantes do programa: presenciais e online.
Rosemari Martins, coordenadora do programa Jornal na sala de aula, pela Feevale, diz que o jornal é uma ferramenta interessante para ser utilizada em sala de aula, pois favorece a interação dos alunos e dos professores com sua realidade social. Evidencia, também, que o jornal contempla diferentes gêneros textuais e níveis de linguagem, por isso torna-se de grande importância.
Partindo destas colocações acima, iniciamos uma pesquisa bibliográfica referente a este assunto, especificamente, o uso do jornal no processo de letramento de nossos alunos.
A principal contribuição que pretende-se desse trabalho é a de discutir, avaliar e apresentar as ideias de alguns autores e instituições, que se posicionam a favor do jornal como uma importante fonte de aprendizagem, e, principalmente, como um recurso transformador em sala, uma vez que este propicia, além da leitura, o debate sobre o material lido.
2 TRANSFORMANDO REALIDADES
“Tem gente que diz que as crianças não gostam da escola... Insisto nisso sempre que posso: não é verdade; elas adoram a escola. Elas somente têm certa dificuldade com as nossas aulas...” (CORTELLA, 2008, p. 19). Saber as capitais dos estados brasileiros, frações, classificação dos substantivos, gêneros, ar, água, solo, pode parecer muito cansativo, sem significado e sem a menor possibilidade de uso para nossas crianças. Não é por nada que as crianças e jovens gostam de ir para a aula, como argumenta Mario Sergio Cortella, mas não gostam da aula.
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