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ANÁLISE DO ARTIGO - OS ESPAÇOS ESCOLARES E A CONSTITUIÇÃO DE UM PROGRAMA ANTIDISCIPLINAR

Por:   •  29/10/2017  •  Seminário  •  2.631 Palavras (11 Páginas)  •  361 Visualizações

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ANÁLISE DO ARTIGO “OS ESPAÇOS ESCOLARES E A CONSTITUIÇÃO DE UM PROGRAMA ANTIDISCIPLINAR”, DE MARIA ROSA CHAVES KUNZLE

Este artigo foi escolhido pelas professoras Aline e Regina para introduzir a arquitetura escolar aos alunos, de forma que os mesmos não se limitassem ao formato tradicional das escolas.

A proposta deste artigo é “analisar o espaço arquitetônico de escolas que defendem propostas alternativas” (KUNZLE, 2007, p. 221), ou seja, que organizam os espaços de maneira diferente da organização disciplinar tradicional, que por sua vez utilizam arquitetura e a organização do espaço até hoje como ferramentas de controle nas escolas e uma das mais recorrentes formas de disciplinarização.

Nesse sentido, partindo dos conceitos de Foucault (1999) sobre a sociedade disciplinadora, é possível ver que a arquitetura e a organização do espaço serviram como controle em múltiplas instituições, entre elas a escola, levando os prédios a serem construídos para assumir uma função de vigilância.

Este trabalho faz uma reflexão sobre a arquitetura e a organização do espaço através de experiências educacionais diferenciadas que ocorreram em diferentes épocas, chegando à conclusão de que a escola atual poderia repensar seu arranjo espacial, tentando criar novas maneiras de transformar os alunos, formando pessoas mais livres e não meros consumidores.

Após essa reflexão, serão apresentadas as escolas alternativas que ilustram essa transformação na educação.

LA MAISON DES PETITS, GENEBRA, SUÍÇA, 1913

A escola foi instalada em meio à natureza, num espaço livre e natural, e essa escolha é justificada pela idade de seus alunos: de três a nove anos. Segundo as fundadoras Louise Lafendel e Mina Audenars (1922), as crianças precisam de condições adequadas para desenvolver suas potencialidades naturais.

As criadoras afirmam que as pessoas aceitam que a natureza precisa ter condições favoráveis ao seu desenvolvimento, mas, quando em relação às crianças, negam suas características naturais. Partindo dessa concepção, a natureza infantil serviu como inspiração para o conceito empregado na organização dos ambientes, visto que as crianças precisam naturalmente de espaço para seus movimentos, para a dispersão, para as atividades musculares e mecânicas, não as deixando presas e sem ação.

As salas de aula, denominadas Chambres des Constructeurs (Quartos dos Construtores), oferecem uma grande variedade de materiais, os chamados les outils du cerveau (Instrumentos do Cérebro). As crianças são arrumadas em mesas, meninos e meninas juntos, e havia atividades fora das salas, tais como jogos, jardinagem e visitas a museus e pesquisas ao ar livre, as chamadas aulas-passeio.

La Maison des Petits é uma experiência pioneira de escola focada na criança e pode ser considerada a chave para a elaboração da Escola Nova, um movimento de renovação no ensino que surgiu no fim do século XIX e ganhou força na primeira metade do século XX (SILVA, Ana Paula. 2012, p. 3).

SUMMERHILL SCHOOL, LEISTON, INGLATERRA, 1927

No início do século XX, houve várias descobertas no campo da psicologia que influenciaram Alexander S. Neil no desenvolvimento de suas ideias pedagógicas, colocadas em prática em Summerhill School.

De acordo com Neil (1921), a educação deveria trabalhar a dimensão emocional do aluno, com ênfase na sensibilidade sobre a racionalidade. Ele acreditava que o convívio com os pais e sua superproteção impediam os filhos de desenvolver a segurança necessária para conhecer o mundo, de forma intelectual, emocional ou artística. Diante disso, os alunos devem morar em Summerhill e receber a visita de seus pais esporadicamente.

A escola é um casarão vitoriano do século XIX, de vários andares e sem muros, cercado por um gramado, onde as crianças podem brincar livremente. A divisão de alunos por quarto é feita em três grupos, de acordo com a faixa etária, e os alunos ficam responsáveis pela arrumação. O uso de uniforme não é obrigatório. Os alunos não estudam em salas por nível de escolaridade e sim, pelo interesse em algum curso oferecido previamente pelos professores. As tardes são inteiramente livres, quando os pequenos brincam e os mais velhos vão para as oficinas, fazem pinturas ou jogam. Os esportes, assim como os uniformes, são optativos. Os alunos praticam outras atividades, como leitura, artesanato, cerâmica e carpintaria. Aos sábados, acontecem as assembleias gerais.

Um dos aspectos mais arrojados de Summerhill é a liberdade os alunos para escolherem se vão às aulas ou se ficam no pátio brincando. Para Neil (1921), os pequenos gostam de aprender e a maioria segue normalmente os cursos. Ele diz que as crianças cuja primeira escola foi Summerhill frequentam mais às aulas do que as que vieram de escolas tradicionais. Neil acredita que não existem crianças preguiçosas e sim aquelas com falta de saúde ou de interesse.

SCUOLA BARBIANA, TOSCANA, ITÁLIA, 1957

Esta escola era localizada numa pequena vila chamada Barbiana, que fica na região da Toscana, na Itália. Os filhos dos camponeses pobres da região eram constantemente reprovados e não tinham como continuar os estudos. O maior empecilho era o próprio idioma, uma vez que a maioria falava o dialeto da região que era marginalizado nas escolas. Dom Lorenzo Milani foi enviado para a paróquia de Barbiana e, ao chegar e encontrar essa realidade, decidiu fundar a Scuola Barbiana, uma escola não-seletiva e não-competitiva.

A escola funcionava todos os dias da semana, dez horas por dia, sem feriados e férias, aceitando meninas e meninos. Como a construção que abrigava a escola era pequena e antiga, a maioria das aulas era ao ar livre. Não existiam salas de aula, provas, notas nem horários rígidos. Essa experiência escolar, mesmo orientada por um religioso, fugia totalmente dos padrões disciplinadores da Igreja.

Quando os jovens entraram em contato entre si, perceberam que os seus problemas não eram individuais, mas o resultado de uma forma de organização socioeconômica. Com esse convívio, os jovens passaram a se identificar. Como as turmas eram heterogêneas – em relação a sexo e idade –, quando um aluno não entendia uma lição, os outros explicavam. Dom Lorenzo priorizava, em suas aulas, a realidade próxima dos alunos, tendo em vista a transformação social.

Após a morte de Dom Lorenzo em 1967, a escola não conseguiu se manter em funcionamento, mas a sua história e suas críticas

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