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ANÁLISE ENTRE DESIGUALDADE E RACISMO NO BRASIL E SUA PROVÁVEL INFLUÊNCIA NO APRENDIZADO

Por:   •  8/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.702 Palavras (7 Páginas)  •  261 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Luana Frare, RA 14.2.0629

ANÁLISE ENTRE DESIGUALDADE E RACISMO NO BRASIL E SUA PROVÁVEL INFLUÊNCIA NO APRENDIZADO

Itapevi

2015

Introdução

Antes de iniciarmos a discussão a respeito de o racismo interferir no aprendizado, cabe primeiramente definirmos a palavra racismo.

Conforme definido no dicionário, racismo é: 1. Conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças e etnias; 2. Doutrina ou sistema político fundado sob o direito de uma raça de dominar outras; 3. Preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente; 4. Atitude de hostilidade em relação à determinada categoria de pessoas.

Ainda tratando da definição de racismo, o autor Antonio Sérgio Guimarães em seu livro racismo e anti-racismo no Brasil de 1999 cita que:

"... 'raça' é um conceito que não corresponde a nenhuma realidade natural, trata-se, ao contrário, de um conceito que denota tão-somente uma forma de classificação social, baseada numa atitude negativa frente a certos grupos sociais... A realidade das raças limita-se, portanto, ao mundo social.”

Podemos notar que em ambas as definições, a temática da raça envolve a questão da hierarquia social e o fato de uma categoria de indivíduos possuírem uma atitude negativa, ou até mesmo subjugar determinados grupos sociais.

O Brasil é um país em que se estabeleceu a diversidade, porém, a desigualdade social, o preconceito e o racismo ainda é muito grande em nosso território nacional.

Ao iniciarmos este trabalho, a partir de algumas leituras, podemos dizer que raça no contexto da sociologia é um operador social, que por muitas vezes é utilizada para agregar indivíduos e grupos que compartilham certos aspectos físicos observáveis que acabam favorecendo uma atitude negativa frente a tais características. O debate sobre a questão racial passou a ser abordado em nossa terra a partir da segunda metade do século XIX, quando Conde Gobineau publicou o “Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas” onde citava sua convicção de que a mistura de raças iria acabar degenerando as características inerentes a cada raça, justificando assim a eugenia e segregação. Então, conforme as teorias de Gobineau em que cada raça possui uma característica única, em um país altamente miscigenado como o nosso teria um grande problema em “suas mãos”, e tal problema teria que ser administrado. (SILVA, 2013; ZAMORA, 2012)

Apesar de no Brasil haver uma grande miscigenação, o contato entre diferentes culturas no período da colonização, desencadeou algumas diferenças que se acentuaram e levaram  à formação de uma hierarquia de classes deixando claro distância e o prestígio social entre colonizadores e colonos, onde os índios e os negros permaneceram em situação de desigualdade sendo marginalizados e excluídos de nossa sociedade, o que fez com que os sujeitos se tornassem alheios ao exercício da cidadania.(MENEZES, 2002)

O racismo, em toda a sua complexidade, baseado em teorias oriundas de tempos passados, é capaz de desvelar formas de poderes opressivos, pois atribui as desigualdades sociais, culturais, políticas e psicológicas as raças, acabando por legitimar as diferenças sociais a partir de possíveis diferenças biológicas. (ZAMORA, 2012)

De acordo com o texto “Falando francamente: características do racismo no Brasil” de Antonio Marcelo Jackson 2013, o racismo em nosso país não ocorreu de forma segregacionista como nos Estados Unidos ou na África do Sul, porém, atualmente o mesmo está tão inserido em nossa cultura que ocorre de forma dissimulada e velada, havendo ainda o etnocentrismo da raça branca.

Ao relacionarmos a questão de desigualdade e racismo ao âmbito escolar, podemos denotar, que assim como na sociedade, a escola democrática de hoje é multirracial, abarcando diversas culturas, hábitos, valores, etc., e em tal ambiente, teoricamente, deveria haver relações harmoniosas de forma a criarmos um processo didático interativo e efetivo, onde um aprende com o outro, porém, na maioria das vezes isso acaba não acontecendo. (MENEZES, 2002)

Ao nos basearmos nos pressupostos acima, tal trabalho mostra-se relevante, pois nos leva a refletir sobre uma questão social tão presente e muitas vezes não discutida, principalmente ao falarmos sobre democracia racial e como isso se dá no seio de nossa sociedade, bem como na escola enquanto instituição.

Desenvolvimento

Questões de desigualdade e racismo no Brasil e sua influência no aprendizado.

Segundo a autora Terciana Vidal Moura, a sociedade brasileira tem vivido um momento de intensas discussões acerca da temática do racismo, preconceito e discriminação racial, buscando superar um quadro de desigualdade racial que se construiu ao longo da história de nosso país.

Durante o final da década de 90 e início do século XXI houve um crescimento da consciência pública sobre a situação social de negros bem como a respeito das desigualdades raciais no Brasil. De acordo com o CENSO de 2010 do IBGE, o número de pessoas que se autodeclaram negras ou pardas vem aumentando nos últimos 10 anos, onde temos 42,1% de indivíduos pardos e 5,9% de negros, o que nos revela que cerca de metade da população de nosso país é negra ou parda, mas apesar de comporem de forma significativa nossa nação, continuam sendo minoria quanto a participação efetiva dentro de nossa sociedade, sendo muitas vezes excluídos do exercício pleno da cidadania.  (SILVA, 2013; MOURA; ZAMORA, 2012)

Ainda em consonância com o texto de Moura, nossas relações raciais supostamente deveriam se fundamentar em princípios democráticos, de respeito e tolerância (democracia racial), porém na dinâmica social, percebemos que tal democracia racial acaba sendo uma ilusão que ainda está longe de se concretizar nas relações sociais, sendo que essa deve extrapolar o conceito de democracia racial e abranger também a constatação e reconhecimento das desigualdades o que tange acesso a bens econômicos e culturais independentemente do grupo social ao qual o indivíduo está ligado.

Na área da educação há grandes diferenças no acesso à escola entre brancos e negros, assim como demonstram os índices de evasão e rendimento escolar, onde negros estão menos presentes nas escolas, apresentam médias de anos de estudo inferiores e taxas de analfabetismo bastante superiores, sendo que tais desigualdades se ampliam  quando nos referimos a maiores níveis de ensino.(ZAMORA, 2012)

Segundo Menezes, 2002, a escola é responsável pelo processo de socialização infantil, onde se constroem inter-relações com sujeitos de diferentes núcleos familiares e esse contato com tamanha diversidade poderá fazer da instituição escolar o primeiro espaço de vivências de conflitos raciais. A forma como se dão as relações dentro da escola podem levar uma criança a sentir-se excluída, fazendo com que a mesma adote uma postura introvertida, por receio de ser rejeitada ou ridicularizada pelo seu grupo social; e o discurso do opressor, mesmo que de forma velada, pode ser interiorizado pelo outro de forma que o indivíduo passa a acreditar que realmente tal discurso o define, sendo assim uma via de disseminação do preconceito por meio da linguagem, na qual estão contidos termos pejorativos que em geral desvalorizam a imagem do negro, do sujeito pertencente à classe mais pobre, etc.. As condições e oportunidades educacionais, muitas vezes são limitadas por práticas e atitudes internas das escolas. Dentre as variáveis elencadas para compreender os fatores propulsores das diferenças educacionais entre negros e brancos, o problema do preconceito e da discriminação racial sempre aparece.

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