AS VARIEDADES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Por: dripaixao • 21/4/2015 • Trabalho acadêmico • 1.020 Palavras (5 Páginas) • 614 Visualizações
AS VARIEDADES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
A variação linguística pode ocorrer em todos os níveis da língua: lexical, fonético, morfológico, sintático e até pragmático. Esses níveis podem estar vinculados a três tipos de fatores: geográfico, sociais e socioculturais e de contexto.
É comum as pessoas se divertirem comparando as variedades linguísticas próprias de cada região do Brasil, é o chamado “repertório verbal” (conjunto de variedades linguísticas). O Brasil possui um repertório verbal riquíssimo, que ultrapassa as barreiras de cada região, ou seja, pode se dizer que cada estado brasileiro, sendo da mesma região ou não, tem um repertório verbal. Por exemplo: os estados que compõe a região sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais) mesmo sendo da mesma região cada estado possui particularidades linguísticas, denominações diferentes para o mesmo significado (em São Paulo se diz “bolacha”, no Rio de Janeiro se diz “biscoito”).
No repertório verbal brasileiro encontramos também os diversos sotaques existentes que são caracterizados pelas variações fonéticas.
A pronúncia do “s” no final da palavra “mas” por um carioca não é a mesma pronúncia de um paranaense, assim como a pronúncia da primeira sílaba da palavra “coração” com o “o” fechado para a maioria dos brasileiros mas com “o” aberto em alguns estados do Nordeste.
A variação fonética pode acontecer no nível dos segmentos (exemplo da palavra “coração”) e acontece com mais intensidade no nível suprassegmental, que está diretamente ligado ao ritmo da fala e esse ritmo varia muito nas diversas regiões do Brasil. Em algumas regiões o ritmo da fala é mais rápido comparado à outra.
Existe também a variação no nível gramatical, na Região Sul é comum o uso do pronome “tu”, na Região Nordeste é comum a falta do artigo definido antes de nomes próprios.
Outro parâmetro para diferenciar as variedades linguísticas está relacionado com a identidade dos falantes e também com a organização social e cultural de sua comunidade.
São estigmatizadas algumas variedades de grupos situados no nível baixo da escala social, das classes desfavorecidas financeiramente. Exemplos:
- Uso de dupla negação, como em “ninguém viu não”;
- Presença do “r” em lugar do “l” em grupos consonantais, como em “brusa” (blusa) e “grobo” (globo);
Um indício para essa variante se deve a baixa escolaridade por parte da população das classes menos favorecidas.
Existe a diferença da linguagem entre falantes definida por faixa etária. O falar do jovem é caracterizado pelo uso das gírias específicas da idade, do grupo em que se insere e da época.
As gírias dos jovens, muito mais que a linguagem padrão, mudam com o tempo, ou seja, as gírias dos jovens atuais são diferentes das gírias usadas por jovens da década de 1950 ou de outra época.
Mas uma pessoa não tão jovem não usa gíria? Sim, usa! É interessante essa questão da gíria por faixa etária, talvez observando um grupo de idosos conversando passe despercebido o uso da gíria mas elas existem, não tão intenso com o falar de um jovem (que praticamente fala em gírias), mas sutil como uma palavra comum.
Outro fator de variação é a linguagem da mulher em relação ao homem. Preconceituosamente, pesquisas têm apontado para uma certa crença de que a fala das mulheres reflete fraqueza e insegurança, conforme segue:
- O uso de adjetivos que não são muito utilizados por homem (por comprometer a reputação deles), por exemplo: divino, adorável, doce, etc.;
- O uso de perguntas ao final de uma afirmação (caracteriza-se insegurança), por exemplo: “não é mesmo?”, “né?”;
- O uso de formas polidas, por exemplo: “está frio aqui” querendo dizer “por que não fechamos a janela?”
Em outro ponto de vista, são formas educadas e refinadas de falar do que caracterizá-las como fraqueza ou inferioridade.
Os tipos de variação que foram apresentados, sendo ele definido pelo lugar em que vive o falante, de características individuais, seja por sua posição na escala social, por sua idade ou sexo, imprimem uma característica que acompanha o falante, pelo menos por um certo tempo.
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