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AUTONOMIA DO TRABALHO DOCENTE, AS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA ATIVIDADE

Por:   •  17/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.505 Palavras (15 Páginas)  •  255 Visualizações

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A AUTONOMIA DO TRABALHO DOCENTE, AS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA ATIVIDADE

Iraji de Oliveira Romeiro[1]

 

Resumo

        A educação ainda é um grande desafio para o país. Para tanto é fundamental que os professores entendam o sentido do seu ofício e que consigam construir de forma autônoma e significativa os conhecimentos com seus alunos. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as contribuições da atividade docente, na perspectiva da teoria da atividade, para a autonomia do trabalho docente e para o desenvolvimento da prática pedagógica na sala de aula. A metodologia será a compilação bibliográfica de diversos autores que convergem para o tema deste trabalho. Para o desenvolvimento da reflexão é descrito o contexto da educação e da formação docente na atualidade, depois é apresentado uma descrição da teoria da atividade e por fim apresenta-se uma reflexão baseada nesta teoria, como unidade dialética entre ensino e aprendizagem, de que forma esta pode contribuir para a autonomia do trabalho docente. A conclusão através das reflexões bibliográficas estudadas é que a teoria da atividade pode ser uma forma de superação da alienação do trabalho docente em busca da autonomia e da identidade social do professor.

Palavras-chave: Atividade docente, teoria da atividade, autonomia docente.

Introdução

        Este trabalho tem por objetivo refletir se a teoria da atividade como desdobramento e continuidade da teoria histórico-cultural, pode contribuir para a autonomia da atividade docente. A reflexão começa a partir do sistema de educação baseado no ensino por competências e na responsabilização dos agentes que atuam na escola, através de ranking de resultados das avaliações externas e sistema de meritocracia, responsabilizando os professores e alunos pelo fracasso dos resultados destas avaliações. Esta forma de responsabilização, muitas vezes leva a instituição a aderir currículos comuns prescritos, bem como, materiais prescritos, como é o caso de apostilamentos, cartilhas, etc., expropriando a atuação docente autônoma, na elaboração e escolha dos conteúdos e instrumentos mediadores a ser trabalhados, tornado os professores em mero executores de políticas públicas. Todo este sistema de padronização e meritocracia expropria a autonomia do professor, transformando este profissional em um proletário da educação.

        Neste contexto, a teoria da atividade, sistematizada por Leontiev, como unidade dialética entre sujeito e meio que leva em consideração a necessidade, o objeto e o motivo de forma coincidente para gerar ações que alcancem os objetivos e finalidades pré-estabelecidas, envolvendo também as emoções que geram esta necessidade, motivo, e que move ações para alcançá-las, vem como uma forma de superação da alienação do trabalho e autonomia nas ações do professor.

O professor ao refletir sobre sua prática, sobre a necessidade de ensinar e tendo como foco a aprendizagem dos seus alunos, pode adaptar as regras e prescrições, gerando ações e utilizando ferramentas e instrumentos mediadores para um ensino e uma aprendizagem mais significativa. Desta forma, nossa reflexão segue para a identificação das contribuições que a teoria da atividade traz para a autonomia da atividade docente.

A prescrição e a expropriação da autonomia docente

Ao longo do desenvolvimento histórico da sociedade, a escola e seus atores foram se transformando. No contexto das primeiras décadas do século XXI, tanto a escola como seus atores, os professores, ainda visam estabelecer a sua identidade e a sua real função social.

No transcorrer histórico de universalização da educação, novas teorias de desenvolvimento de ensino e aprendizagem foram surgindo, assim como, diretrizes a serem seguidas para a elaboração dos planos de ensino das instituições e pelos professores das diversas esferas educacionais. Com estas diretrizes postas, como é o caso dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as matrizes de referência para as avaliações externas, entre outras, os professores passaram a ser mais passivos no desenvolvimento de sua atividade docente, reproduzindo as diretrizes conforme são colocadas.

O trabalho prescrito das diretrizes, idealizado hierarquicamente por outros, segundo Amigues (2004), distancia o que é o trabalho prescrito do que é realmente realizado pelo agente. Este distanciamento é possível ser identificado entre os docentes, que não participam da elaboração destes documentos não fazendo uma crítica sobre colocá-los ou não em prática para atingir os objetivos de formar seus alunos autônomos e críticos.

Giroux (1997) apresenta como ameaça as diversas reformas educacionais idealizadas e prescritas por especialistas que estão distantes da escola ou da sala de aula, reduzindo o professor a mero executor dessas prescrições, não levando em conta o seu papel central que é o de formar cidadãos críticos e reflexivos. Da mesma forma despreza a inteligência, a experiência e a capacidade dos professores em debater sobre os assuntos referentes ao método, materiais e formas de ensino a ser desenvolvido.

O trabalho docente passou a ser de mero reprodutor de prescrições dos documentos oficiais dados pelo governo das diferentes esferas, pois, a cobrança por metas a serem alcançadas pelas instituições através dos resultados das avaliações externas, que tem objetivos distanciados dos objetivos da escola e dos agentes que nela estão engessou o trabalho docente, em detrimento de metas. As escolas ou os sistemas de ensino, diante do ranking que os resultados das avaliações externas geram, deixam os agentes constrangidos com os resultados, e estes acabam optando por sistemas apostilados e cartilhas, ou seja, currículo comum para conseguirem superar o fracasso dos resultados.

A responsabilização do professor pelo fracasso dos resultados também contribui para a expropriação da autonomia profissional e estes acabam reproduzindo o que é prescrito a fim de conseguirem as metas estabelecidas pelos órgãos oficiais, que potencializam esta cobrança através de uma política de meritocracia. Isto retira do professor a sua identidade profissional:

[...] é imperativo examinar as forças ideológicas e materiais que têm contribuído para o desejo de chamar de proletarização do trabalho docente, isto é, a tendência de reduzir os professores ao status de técnicos especializados dentro da burocracia escolar, cuja função, então, torna-se administrar e implementar programas curriculares, mais do que desenvolver ou apropriar-se criticamente de currículos que satisfaçam objetivos pedagógicos específicos. (GIROUX, 1997, pg. 158)

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