Alfabetização do adulto e escolarização de seus descendentes: estudo dos efeitos de irradiação
Por: Giselle Rodrigues • 13/5/2017 • Trabalho acadêmico • 2.354 Palavras (10 Páginas) • 222 Visualizações
Relatório das atividades desenvolvidas durante a apresentação do pôster: Alfabetização do adulto e escolarização de seus descendentes: estudo dos efeitos de irradiação, na Associação Nacional de Pós – Graduação e Pesquisa em Educação - Sudeste (ANPED – Sudeste)
Giselle Barbosa Andrade Rodrigues - 12.1.6314
Prof.a doutora: Fernanda Aparecida Oliveira Rodrigues Silva
INTRODUÇÃO
O Programa UFOP COM A ESCOLA tem sua origem na discussão operada pela universidade na última década acerca dos objetivos e natureza das atividades de extensão. Tendo como pressuposto a interlocução dialógica com a realidade educacional do entorno da universidade surgiu o PROBASE em 2004 que se efetivou em função da demanda local revelada em pesquisas de docentes e de alunos dos cursos de licenciatura da UFOP, de ações diretas junto aos professores atuantes nas escolas e da análise dos dados de documentos do governo de Estado de Minas Gerais.
Dando continuidade aos processos dialógicos iniciados pelo PROBASE, a PROEX instituiu o programa extensionista UFOP COM A ESCOLA (Resolução CUNI 876/2008, Portaria PROEX 01/2008), articulador entre projetos e programas extensionistas e a educação básica com apoio das agências educacionais da região (SRE/Ouro Preto e Secretarias Municipais de Educação dos municípios da jurisdição da SRE). O programa UFOP COM A ESCOLA se desenvolve, nessa perspectiva, sob o princípio do reconhecimento da singularidade e da dinâmica próprias das instituições e de seus profissionais a serem considerados nos processos de intervenção educacional. Para a escola significa o incentivo à reflexão do trabalho escolar da gestão, do educador e do pessoal de apoio possibilitando-lhes analisar criticamente sua prática, pesquisar métodos alternativos e aprofundar em assuntos específicos de cada área, trazendo benefícios para os alunos e para a comunidade. Para os alunos graduandos das Licenciaturas da UFOP significa, numa “via de mão dupla”, a oportunidade de dialogar com os educadores da região e assim conhecer e discutir sobre as práticas, a realidade escolar e o processo educativo.
O programa UFOP COM A ESCOLA tem se constituído como referência na busca de diálogo e na parceria com as secretarias de educação da região no tocante à formação continuada dos professores, pedagogos e gestores das escolas públicas, contemplando os objetivos da extensão universitária propostos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI-UFOP, 2011). Em síntese, as experiências vivenciadas no desenvolvimento do Programa UFOP COM A ESCOLA vêm progressivamente apresentando resultados positivos no tocante à maior e mais aprofundada relação da universidade com as secretarias municipais de educação, as escolas, gestores e professores da Região dos Inconfidentes. Consideramos que o espaço de diálogo produzido pelo programa UFOP COM A ESCOLA além de constituir-se numa iniciativa inédita na região, também possibilita a produção de conhecimento prático/teórico sobre a realidade educacional regional, oferecendo dessa forma um campo profícuo para a produção científica (teses, artigos, livros) e pedagógica.
A PESQUISA
Alfabetização do adulto e escolarização de seus descendentes: estudo dos efeitos de irradiação
O trabalho apresenta parte da pesquisa em andamento (início em 2015) que tem como objetivo principal verificar efeitos de irradiação, para si e para seus descendentes, dos benefícios adquiridos da volta do adulto aos bancos escolares em cursos de alfabetização. Para tal serão analisados os sujeitos que passaram por cursos de alfabetização e como isso influenciou em seus filhos e netos. A pesquisa se iniciou com a busca no arquivo do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (DEEDU/UFOP) onde se mantém guardado todo o histórico dos projetos de alfabetização que foram conduzidos pela instituição. Constam do acervo os seguintes documentos: produções dos/as alunos/as, diários de classe, fotos, atas, relatórios de acompanhamento, dentre outros. O contato com o material permitiu conhecer os sujeitos, anotar e catalogar informações sobre eles e eleger a ex-aluna que participa da pesquisa.
Temos por objetivo verificar efeitos de irradiação, para si e para seus descendentes, dos benefícios adquiridos da volta do adulto aos bancos escolares em cursos de alfabetização.
A pesquisa se iniciou com a busca no arquivo do Departamento de Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (DEEDU/UFOP) onde se mantém guardado todo o histórico dos projetos de alfabetização que foram conduzidos pela instituição. Constam do acervo os seguintes documentos: produções dos/as alunos/as, diários de classe, fotos, atas, relatórios de acompanhamento, dentre outros. O contato com o material permitiu conhecer os sujeitos, anotar e catalogar informações sobre eles e eleger a ex-aluna que participa da pesquisa.
Desde 2014 vimos ‘indagando’ o acervo. Ao organizarmos as produções dos/as alunos/as por ano de trabalho, ficou notório que haviam sujeitos com várias passagens nos módulos. A partir daí surge a questão da pesquisa; ‘Qual os efeitos de irradiação da volta a escola do adulto, para si e seus descendentes?’ Para dar conta da questão, foi elaborado um levantamento dos sujeitos que passaram pelas salas de alfabetização e de pós-alfabetização versus a quantidade de vezes na mesma sala. De posse do levantamento, verificou-se que haviam senhoras multiparticipantes, moradoras do bairro Taquaral de Ouro Preto (MG). Os critérios de seleção dos sujeitos pautaram-se no conjunto das produções dos/as alunos/as e nos documentos sobre a prática docente. Com relação aos sujeitos levou-se em conta a sua disponibilidade para a pesquisa e o fato de terem descendentes em idade escolar. Depois do levantamento dos/as ex-alunos/as, elegemos uma senhora, mãe de sete filhos e avó de sete netos, os quais moram em núcleos familiares ao redor de sua casa. Tal configuração espacial é interessante à pesquisa, pois, a convivência, as trocas e ajudas familiares se mostram como potenciais ao encontro dos efeitos de irradiação de benefícios adquiridos com a alfabetização.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) demonstra o quanto é delicado pensar na trajetória escolar do educando, principalmente pelo horário noturno. O horário, um divisor cultural, vai oferecer condições para serem criadas as marcas e os traços daqueles predestinados ao ensino noturno e, com isso, essa construção consubstancia certa tipologia de educando/a que vai “do trabalho para a escola” (SOARES, 1987). O trabalho de Coura (2007) se dedicou a compreender as trajetórias e os percalços de estudantes para chegar a EJA e, dentre eles, figura o horário das aulas para as senhoras, o que demanda atenção nesse estudo. Ainda assim, a autora afirma que há investimentos e mobilizações em favor da escolarização a ser concretizada, senão pelo adulto, será pelos/as filhos/as. Para Zago, (2000) os pais desejam concretizar seu desejo de escolarização interrompido ou tardio apoiando os filhos. O interesse pelo investimento das famílias populares na trajetória escolar de seus filhos tem sido objeto de estudos e pesquisas sob o lema “relação família e escola” no campo da Sociologia da Educação. (NOGUEIRA, 2005; PORTES, 2000). Em relação aos estudos e pesquisas sobre os efeitos da escolarização de adultos, para si e seus descendentes, do curso de alfabetização, encontramos maior concentração naqueles que tratam dos benefícios adquiridos com o ato de ler e escrever na perspectiva de Ribeiro (1997), do alfabetismo. A literatura converge quanto ao fato de que a volta do adulto à escola mobiliza vários fatores objetivos e subjetivos dos sujeitos, porém, pouco se tem buscado perceber os efeitos do alfabetizar-se irradiados nos descendentes. Nossa proposta é dialogar com a Sociologia da Educação a fim de compreender que trânsito operam os benefícios adquiridos em uma relação familiar.
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