Analise das contribuições da teoria da psicogênese da leitura e escrita
Por: Crisiani Carpes Bretos • 20/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.548 Palavras (7 Páginas) • 660 Visualizações
Curso: Pedagogia – Segunda Licenciatura.[pic 1]
Nome do aluno: Crisiani Carpes Bretos.
RA: 8029318
Disciplina: Fundamentos e métodos do Ensino da Língua Portuguesa e Matemática
Portfólio referente a 6ª semana de estudos – Ciclo 2.
Este trabalho tem por objetivo analisar as contribuições, equívocos e as consequências geradas pela má interpretação da Psicogênese da Língua Escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus aspectos linguísticos pertinentes à alfabetização.
As autoras, no decorrer de sua pesquisa comprovaram que as crianças apresentam níveis conceituais linguísticos, ou seja, elas constroem hipóteses a respeito do código, que se configuram nos seguintes níveis: níveis pré-
-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.
No nível pré-silábico, a criança não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia. Nesta fase, ela expressa sua escrita através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição e com o critério de no mínimo três. Aqui, a criança nem desconfia que as letras possam ter qualquer relação com os sons da fala. Ela só sabe que se escreve com símbolos, mas não relaciona esses símbolos com a linguagem oral. Acha que coisas grandes devem ter nomes com muitas letras e coisas pequenas nomes com poucas letras. É a fase do “realismo nominal”, expressão utilizada por Piaget para designar a impossibilidade de conceber a palavra e o objeto a que se refere como duas realidades distintas. Conflito que levará ao próximo nível: a percepção de que há estabilidade nas palavras (há uma forma única para escrever corretamente cada palavra).
No nível silábico, a criança descobre a lógica da escrita, percebendo a correspondência entre a representação escrita das palavras e as propriedades sonoras das letras, mas pensa que cada letra representa é uma sílaba oral, ou seja, usa ao escrever uma letra para cada emissão sonora (cada sílaba).
Conflito que levará ao próximo nível: impossibilidade de ler silabicamente o que os outros escrevem (sobram letras).
No nível silábico alfabético, Nesse nível existem duas formas de correspondência entre sons e grafias: silábica (sílaba é o som produzido por uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética e/ ou análise dos fonemas, que são os elementos sonoros da linguagem e têm nas letras o seu correspondente). A criança escreve parte da palavra aplicando a hipótese silábica, de que para se escrever uma sílaba é necessário apenas uma letra. Costuma usar somente as vogais, porque combina com uma porção de palavras, mas para eles em uma palavra, não pode repetir a mesma letra duas ou mais vezes numa escrita, pois assim o resultado será algo “não legível”. Nesse nível, a criança já começa a acrescentar letras na primeira sílaba.
No nível alfabético, a criança caracteriza-se pela correspondência entre fonemas e grafemas, quando a criança compreende a organização e o funcionamento da escrita e começa a perceber que cada emissão sonora (sílaba) pode ser representada, na escrita, por uma ou mais letras. A base alfabética da escrita se constrói a partir do conflito criado pela impossibilidade de ler silabicamente a escrita padrão (sobram letras) e de ler a escrita silábica (faltam letras). Neste nível, a criança, embora já alfabetizada, escreve ainda foneticamente (como se pronuncia), registrando os sons da fala, sem considerar as normas ortográficas da escrita padrão e da segmentação das palavras na frase. Segundo Ferreiro e Teberosky (1991), “aqui a criança já compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores que a sílaba. Isto não quer dizer que todas as barreiras tenham sido superadas: a partir deste momento, a criança se defrontará com as dificuldades da ortografia, mas não terá mais problemas de escrita, no sentido de construção das palavras.
O entendimento e a apreensão desta teoria requer a compreensão de que o aprendizado da leitura e da escrita é de ordem conceitual, ou seja, é necessário perceber que a criança ou adulto em fase de alfabetização precisam compreender o que a escrita representa e como se criam essas representações. O professor alfabetizador precisa ter o domínio da teoria para que possa fazer as intervenções didáticas necessárias para que o aluno avance em suas hipóteses de escrita.
Essa teoria surgiu com o intuito de minimizar os altos índices de evasão e repetências existentes nas séries iniciais e se propõe a contribuir para melhoria da qualidade da alfabetização.
No Brasil, esse estudo ficou conhecido em 1986, e foi amplamente divulgado entre os profissionais da educação. Até então, usava-se um método tradicional de alfabetização, trabalhando com cartilhas e exercícios de prontidão a fim de preparar as crianças para a escrita. Trabalhava-se as famílias silábicas aliados a exercícios mecânicos e repetitivos de cópia. Até então era esse o modo de “ensinar” a escrita e a leitura, o aluno deveria copiar inúmeras vezes as mesmas palavras para poder memorizar, ou seja, os professores não estavam informados a respeito de como atuar em sala de aula utilizando essa nova teoria proposta pelas autoras. Não conheciam os estágios que as crianças percorrem para se apropriarem do sistema de escrita, além disso, não havia a preocupação do trabalho com diferentes tipos de textos, não se pensava em práticas que explorassem na função social da escrita
A seguir, o MEC (Ministério da Educação) oferece formação continuada de professores com propostas metodológicas que partissem dessa contribuição psicolinguística. Então, inicia-se uma fase de abandono do ensino de práticas específicas da alfabetização, por exemplo, atividades que promovam a consciência fonológica do aluno. Abandonou-se o desenvolvimento de atividades relacionadas ao ensino do código. Em consequência, tem-se um prejuízo ainda maior dos resultados da aprendizagem nas séries iniciais-aprendizagem.
De acordo com Emília Ferreiro, a criança não necessita de uma técnica de aprendizagem, já que as crianças estão sempre no mundo letrado, onde contém marcas e símbolos. Como já fez antes com outros tipos de objeto, vai descobrindo as propriedades dos sistemas simbólicos através de um prolongado processo construtivo.
Um dos equívocos por parte dos alfabetizadores diz respeito aos conceitos de alfabetização e letramento. O não entendimento desses conceitos repercute na prática de alfabetização do professor, uma vez que equivoca-se pensando que a criança irá aprender a ler e a escrever apenas tendo contato com os textos que circulam socialmente. Entretanto, para se alfabetizar ela precisa sistematizar os conhecimentos do nosso sistema de escrita e precisa de práticas que favoreçam esse conhecimento.
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