Análise Auto da Compadecida
Por: pamellacastro • 22/6/2018 • Trabalho acadêmico • 624 Palavras (3 Páginas) • 292 Visualizações
ANÁLISE AUTO DA COMPADECIDA
Suassuna traz em sua obra com humor, a realidade e o sofrimento do povo nordestino que têm que lidar com a seca, a fome e a pobreza. João Grilo é o personagem principal que representa o povo oprimido, no sertão em meio à tantas dificuldades, utiliza sua inteligência e o famigerado “jeitinho brasileiro” para tentar sobreviver. João e seu melhor amigo Chicó, são funcionários de um padeiro avarento, que não se importa com seus funcionários e os deixam até passar necessidades. No desenrolar da trama, João tenta se dar bem o tempo todo, quando a cachorra de sua patroa morre ele tenta convencer o padre a rezar uma missa em latim no enterro do cachorro, subornando-o dizendo que o cachorro tinha um testamento e que lhe deixara dez contos de réis e três para o sacristão, caso realizassem o enterro, o bispo por sua vez descobre e João Grilo e Chicó seguem mentindo e usando a esperteza para se darem bem. Os personagens estão sempre bajulando quem possui algo que possa os beneficiar.
A obra de DaMatta, o Auto da Compadecida, retrata diversos aspectos religiosos e, principalmente, na parte do “auto”, a última parte da peça que se dá no julgamento final, com a maioria das personagens. O julgamento tem como promotor o Diabo (na obra com o nome de Encourado), Jesus Cristo (Manuel na peça) presidindo o julgamento e Maria (Compadecida) como advogada de defesa. Todavia, ao longo da peça pode-se observar que a religião para esse autor é questão de gosto pessoal e não de submissão a um sistema. Isso pode ser observado em alguns pontos da peça, como na crítica aos religiosos vista na história do benzimento do cachorro, quando o Padre João se nega a benzer o animal mas, quando João Grilo diz que o cachorro é do major Antônio Morais, um poderoso proprietário de terras, o padre, interesseiro, imediatamente muda de ideia; pode ser visto, novamente, em outro momento da peça, quando o Padre João se recusa a fazer o sepultamento do cachorro da mulher do padeiro, mas quando ouve João Grilo dizer que o cachorro tinha um testamento que destinava dinheiro para o Padre e o Sacristão, e que este testamento não seria cumprido se não houvesse o sepultamento, o Padre muda de opinião e se dispõe a fazê-lo; pode ser visto, também, no seu retrato feminino da Compadecida, em que relata a importância da presença feminina na obra e de seu papel primordial; e pode ser visto na junção e concepção particular de sua religião, onde faz a junção de pontos e características do calvinismo e, mais pra frente, como ao retratar a virgem Maria, do catolicismo.
É caracterizado nas obras literárias “Macunaíma”, de Mario de Andrade, e “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, um típico e característico personagem brasileiro. Macunaíma, personagem principal da obra de Mário de Andrade, por possuir um inteiro caráter modernista e na sua tentativa de romper com padrões europeus de herói, é retratado pelo seu jeito ganancioso, preguiçoso e esperto. É um personagem que mostra a realidade do povo brasileiro, que lida com situações de maneira que busque sempre tirar vantagem de tudo e se mostra sempre tentando fugir de responsabilidades. Na obra de Suassuna, João Grilo resgata e se remete a esse “jeitinho brasileiro”, muito parecido com Macunaíma. João Grilo, pode-se destacar, entre esses dois personagens
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