As Múltiplas Linguagens

Com o intuito de identificar as múltiplas linguagens das crianças nas instituições de Educação Infantil, observamos duas aulas de Arte em uma escola da rede privada de Maceió.

        Na primeira aula a professora propôs a produção de trabalhos de arte utilizando a linguagem da modelagem. Inicialmente ela organizou as crianças em roda, sentadas sobre jornais. Em seguida distribuiu uma bola de massa de modelar para cada uma, elas ficaram eufóricas de felicidade, ao passo que surgia a discussão entre elas das cores da massa e seus tamanhos.  A professora explicou que eles adoravam brincar com a massinha de modelar.

        Depois de ter chamado a atenção das crianças para que pudesse explicar a proposta, propôs que elas brincassem livremente com suas massinhas, poderiam fazer furos, várias bolinhas, cobras, riscos etc. Os pequenos fizeram galhos, serpentes, panelinhas, folhas, cabeças... Tantas criações! Passados alguns minutos mostrou a elas que se apertassem a massa de modelar sobre uma superfície, poderiam formar texturas. Pediu uma caderno de uma das crianças e pressionou contra a massinha de modelar, depois mostrou as marcas (a textura) que havia ficado na massa, pediu para que alguns passassem a mão para sentir.

        Posteriormente, a professora pegou vários materiais no armário, pente, tampas, pneus de carrinhos de brinquedo, botões, chinelos, espirais de caderno, pediu para que apertassem  esses objetos sobre a massa de modelar para formar uma textura, orientou que mostrassem seus trabalhos para os outros colegas. No final da aula, a professora fotografou as crianças com suas obras de textura e deixou expostas em uma mesa no canto da sala.

        A segunda aula observada a linguagem utilizada foi a pintura. Inicialmente a professora propôs que as crianças explorassem o material que iria ser utilizado: o giz cera. Entregou folhas A4 para cada um deles, pediu que riscassem o papel, sem a preocupação de criar alguma forma. Aproveitou o momento e fez perguntas relacionadas às cores. Constantemente indagava para as crianças “que cor é essa que vocês estão utilizando agora?”. Em seguida, estimulou os alunos a deslizar o giz sobre o papel a partir de alguns comandos: deslizar devagar, rapidamente, em linha reta, curvas etc.

Posteriormente, pediu para que as crianças trocassem de cor e que fizessem várias marcas na folha, traçados fortes, fracos, grossos, finos etc. Depois, orientou que trocassem a cor novamente que deitando o giz de cerra sobre o papel explorassem os mesmos movimentos utilizados anteriormente.      

Ao final dessa primeira parte a professora expôs os trabalhos e propôs uma leitura de imagem de alguns deles, fazendo perguntas do tipo: quem é capaz de descobrir a marca mais forte? E mais fraca? E a mais larga? E a mais estreita? As crianças levantavam a mão, apontavam para o desenho e respondiam.

        Num segundo momento, a professora organizou a turma em grupos e pediu para que elas fizessem desenhos livres em seu caderno de arte. Orientou que utilizassem o giz de cera de diversos modos: em pé, com força, levemente, com movimentos rápidos e com movimentos lentos. As crianças desenharam árvores, casas, aviões, flores, carros, animais...

No terceiro momento a professora propôs um desafio aos alunos: desenhar com duas mãos ao mesmo tempo, imaginando que dois bichinhos ou dois carrinhos caminham sobre o papel. Foi a seguinte proposta: fazer com as duas mãos a mesma coisa; iniciar com uma das mãos um movimento e imitá-lo com a outra, e depois que cada mão passeasse onde quisesse. As crianças adoraram o desafio!