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Aula 17 HISTORIA DA EDUCAÇÃO

Por:   •  17/8/2016  •  Artigo  •  6.438 Palavras (26 Páginas)  •  376 Visualizações

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EDUCAÇÃO NO OCIDENTE CRISTÃO MEDIEVAL: O PAPEL DAS

UNIVERSIDADES

INTRODUÇÃO

Você atualmente faz o curso de Licenciatura em Pedagogia, mas certamente já ouviu falar que as universidades atuais também oferecem cursos de bacharelado, além de mestrado e doutorado. Está curioso para saber como tudo isso começou? A princípio podemos te responder que a estrutura, a forma e o funcionamento das universidades atuais tiveram origem na Idade Média, período histórico compreendido entre os anos de 476 a 1453 como visto no texto 4.

Para nos situarmos melhor, vamos voltar para o ponto onde paramos: Na aula anterior vimos que com a fragmentação do Império Romano no Ocidente, o cristianismo vai se firmando como elemento unificador no período medieval. Neste processo de cristianização surge na Idade Média a igreja Católica que exerce além de influência religiosa, influência política. O mundo clássico e antigo, calcado em uma sociedade escravista foi sendo substituido por um mundo novo ligado pelo ideal cristão e calcado no modo feudal de produção onde o poder é medido pela quantidade de terras que cada um possui. Os mosteiros tinham o monopólio da ciência, sendo o centro da cultura medieval. Guardavam em suas bibliotecas obras da cultura greco-latina, traduziam, reinterpretavam e adaptavam obras gregas para o latim à luz do cristianismo. Como vimos no texto 4, etimologicamente, as palavras mosteiro (monasterion) e monge (monachós) são formadas pelo mesmo radical grego monos, que significa só, solitário. O monge

então é o religioso que procura a perfeição na solidão se afastando da vida mundana, e esses monges copistas multiplicavam os textos da Antiguidade clássica. Neste contexto encontravam-se as escolas monacais, episcopais ou catedrais e as escolas paroquiais, como você também viu no texto 4.

Neste texto, manterei a discussão em torno da educação na Idade Média, apresentando uma nova instituição educativa que persiste até os dias atuais – a universidade. É importante ressaltar que naquele momento a palavra universidade possuía outro significado. E então, vamos saber mais sobre esse assunto?

1. AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIOS – UNIVERSITAS

A partir do século XI na Baixa Idade Média — período que se inicia na virada do Ano Mil — a atividade da burguesia comercial em expansão começava a provocar o reaparecimento das cidades e, consequentemente, dos burgueses citadinos. Durante esse período, os burgueses faziam movimentos contra as autoridades locais (senhores feudais e bispos), reivindicando a autonomia administrativa das cidades. Quando emancipadas passavam a ser denominadas de comunas, constituindo as primeiras municipalidades de um governo laico, ou seja, autônomo em relação à religião e a igreja.

Essa dinâmica urbana também trouxe conflitos para a administração do ensino, balançando o monopólio da Igreja. Surgiram tensões entre os representantes locais da Igreja e a comunidade de mestres e alunos que passa a se organizar como uma corporação para a administração autônoma de seus estudos a partir do século XII.

Neste processo proliferaram-se as corporações de ofícios – universitas, denominação geral para associações juridicamente organizadas e reconhecidas por todos, que visavam controlar e regular a produção de diversas profissões surgidas na Idade Média. Essas associações congregavam pessoas de um mesmo ofício submetidas a estatutos próprios. Desta forma, a palavra universidade (universitas) não significava, inicialmente, um estabelecimento de ensino, mas qualquer assembléia corporativa seja de marceneiro, curtidores, sapateiros, carpinteiros, tecelãos, herboristas, entre outras. Essas corporações de ofícios “exerceram um papel educativo fundamental e de 'massa', especialmente nas cidades, emancipando o trabalhador de uma ética apenas religiosa e eclesiástica, e marcando a sua mentalidade em sentido laico, técnico, racionalista.” (CAMBI, 1999, p.175)

INÍCIO DO VERBETE

Segundo o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira uma corporação é uma associação de pessoas do mesmo credo religioso ou profissão sujeitas às mesmas regras, obrigações, direitos, deveres, privilégios etc.

FIM DO VERBETE

Entre essas corporações vamos encontrar um tipo especifico - as corporações de estudos constituídas inicialmente de mestres e alunos que cultivavam as ciências e que se reuniam para discussões sem a preocupação de uma aplicabilidade imediata desses estudos - a universitas studii. Segundo um outro autor chamado Roger Gal (1989), essas corporações de estudos eram em parte, associações de apoio mútuo, e em parte, confrarias religiosas visando defender direitos de mestres e alunos. Com o tempo essas corporações de estudos vão tomando outra configuração.

Para continuarmos a nossa conversa sobre a origem das universidades, a seguir tomaremos como ponto de referência a obra História da educação: da Antiguidade aos nossos dias, de Mario Alighiero Manacorda. É importante ressaltar que à época de sua produção, esta obra destinava-se a ser difundida através de uma série de transmissões radiofônicas da Rádio-Televisão Italiana, sob o título A Escola nos Séculos, como conta Paolo Nosella na orelha do livro.

INÍCIO DO BOXE EXPLICATIVO – Mario  Alighiero Manacorda

Lecionou Pedagogia e História da Pedagogia nas universidades de Cagliari, Viterbo, Florença e Roma. É considerado na Itália um dos maiores representantes italianos no campo da Pedagogia.

FIM DO BOXE EXPLICATIVO

Agora que você já sabe que a palavra universidade – universitas, se referia às diversas corporações de ofícios, e que desta universitas surgiu um tipo muito especifico, a universitas studii, vamos entender um pouco como era essa corporação de estudo na próxima seção.

2. UMA CORPORAÇÃO DE ESTUDO: A UNIVERSITAS STUDII

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