Combatendo o Preconceito de Gênero e de Raça
Por: Milena da Conceicao Costa • 18/10/2018 • Artigo • 3.041 Palavras (13 Páginas) • 157 Visualizações
A importância da escola para a desconstrução do preconceito de gênero e de raça na sociedade brasileira
The importance of the school for the deconstruction of gender and race prejudice in Brazilian society
Milena da Conceição Costa- - Universidade Federal de Alagoas
Resumo: Há relações entre a discriminação de raça e gênero (como o maior sub desemprego entre mulheres e negros; ocupação de cargos vistos com pouca importância e remuneração desigual em ocupações de cargos da mesma categoria são alguns exemplos disso). Este artigo visa colocar em análise o local onde tudo teve início e que, de certa forma, pode ser responsável por essa desconstrução: a escola. Temas direcionados a essas questões de gênero e raça/etnia precisam ser debatidos frequentemente e só tem a acrescentar no ambiente escolar e na sociedade, desconstruindo esses preconceitos enraizados na sociedade brasileira.
Palavras-chave: Preconceito; Racismo; Genero; Escola.
Abstract: There are relations between racial and gender discrimination (such as the largest sub-unemployment among women and negroes; occupation of positions seen with little importance and unequal remuneration in occupations of positions of the same category are some examples of this). This article aims to put into analysis the place where everything started and that, in a way, can be responsible for this deconstruction: the School. Topics directed to these issues of gender and race/ethnicity need to be discussed frequently and only have to add in the school environment and in society, deconstructing these prejudices rooted in the Brazilian Society.
Keywords: Prejudice, Racism, Genre, School.
Introdução
Muito se discute sobre o preconceito no ambiente escolar, entretanto, o assunto precisa ir mais, além disso, é preciso descobrir a raiz do problema. Neste artigo, iremos enfatizar sobre como a escola tem o papel importante no caminho para erradicar o preconceito, especificamente de gênero e de raça, na sociedade, sobretudo como os conteúdos relacionados à estes temas precisam ser discutidos de forma mais aprofundada nas salas e de que maneira esses assuntos (que, na sua grande maioria, são ensinados de forma superficial) colaboram para a permanência desses preconceitos.
O artigo tem por foco, portanto, colocar em análise como os temas inseridos na grade curricular e a forma como eles são abordados em sala de aula podem contribuir na formação de uma sociedade preconceituosa e de pessoas que não respeitam as diferenças, além de ressaltar o papel importante da escola para a desconstrução desse problema. Dessa forma, considera-se que estudar a raiz do problema em questão é relevante, tendo em vista a sua persistência e continuidade.
Discutiremos, ainda, acerca da relação entre a escola como responsável pela formação de cidadãos consciente, e paralelamente, provedora destas discriminações supracitadas.
Segundo Libâneo (2002, p.51) “O educando vai à escola para aprender cultura e internalizar os meios cognitivos de compreender o mundo e transformá-lo”. Diante disso, segundo o pesquisador português Rui Canário (1996, p.12) “a escola é uma instituição que, por meio de um conjunto de valores contidos nela, acaba sendo como uma fábrica de cidadãos”. Sendo assim, ela é um meio de inclusão social permitindo que os alunos pensem sobre como devem agir perante a sociedade, colaborando, assim, no seu progresso.
Concomitantemente, o escritor Antônio Flávio Moreira fala que é necessário que se pratique um diálogo nas salas de aulas, para que ocorra a formação de uma sociedade mais empática. O autor ainda afirma:
[...] acentua-se que os/as estudantes, ao aprenderem conhecimentos e valores constantes das propostas curriculares estarão constituindo suas identidades como cidadãos em processo, capazes de ser protagonistas de ações responsáveis, solidárias e autônomas (Parecer 4/98, da câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação e do Desporto). (MOREIRA, 2011, p. 63).
Através dessa análise, percebemos que o que o autor quer dizer é que a partir do momento que os discentes aprendam sobre os mais variados assuntos, de forma que amplie os seus conhecimentos, estão criando o seu ser distante de tais preconceitos, tendo uma visão mais altruísta.
AS RAÍZES DOS PRECONCEITOS DE GÊNERO E DE RAÇA
Segundo Rose (1972), o preconceito é (...) um conjunto de atitudes que provocam, favorecem ou justificam medidas de discriminação, que, em geral, podem ter sido promovidos por falsos ensinamentos que, de certa forma, colaboraram para a sua fixação na sociedade, tendo em vista que esses ensinamentos foram passados de geração em geração.
Diante do que foi exposto, temos o retrato de uma parcela da sociedade brasileira atual mostrando uma realidade baseada no ódio e na intolerância.
O preconceito racial teve início em 1530 quando os negros africanos foram trazidos para a terra descoberta e feitos de escravos pela coroa portuguesa para trabalhar nas lavouras. Eles foram vendidos e torturados (muitos até mortos), e, depois de passados anos após a sua “libertação”, ainda é notório a existência desse preconceito, seja nas ruas, escolas e campos de futebol, tais situações que nos mostram ainda um longo caminho a ser percorrido para alcançar uma igualdade. Já o preconceito de gênero surge quando, na idade média, a mulher era considerada um desgosto para a família pelo fato de não poder, naquela época, tocar os negócios da família, por ser vista como um ser frágil. Isso se estende até nos dias de hoje, quando vemos a antiga e injusta realidade dos homens ganhando mais, mesmo que essa situação venha diminuindo, ainda se manifesta na nossa sociedade. A mulher sempre foi injustiçada perante os homens, é notório que com o passar do tempo isso foi se modificando, porém, ainda vivemos em uma sociedade muito machista. O preconceito de gênero, na maioria das vezes se referindo a uma suposta inferioridade da mulher, é comprovado por meio dos inúmeros casos que são mostrados nas mídias de mulheres que sofrem este tipo de preconceito, e muitas das vezes sendo expressado através da violência.
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