Contribuições das Teorias do Desenvolvimento Humano para a Concepção Contemporânea da Adolescência Armando Domingos
Por: ardomingos • 9/1/2021 • Trabalho acadêmico • 1.380 Palavras (6 Páginas) • 358 Visualizações
Senna, S. R. C. M.& Dessen, M. A. (2012). Contribuições das Teorias do Desenvolvimento Humano para a Concepção Contemporânea da Adolescência, Asa Sul, Brasília- DF, Vol. 28 n. 1, pp. 101-108.
A presente recensão crítica, assenta-se no artigo que debruça sobre as Contribuições das Teorias do Desenvolvimento Humano para a Concepção Contemporânea da Adolescência da autoria Sylvia Regina Carmo Magalhães Senna e Maria Auxiliadora Dessen, que foi publicado em Janeiro à Março de 2012 na Universidade de Brasília.
Sylvia Regina Carmo Magalhães Senna e Maria Auxiliadora Dessen, apresentam no seu artigo uma perspectiva história das contribuições das teorias do desenvolvimento humano para a concepção contemporânea da adolescência, visando contribuir para uma compreensão mais actualizada desta fase de vida, caracterizado por intensa exploração e diversas oportunidades, que diferem mediante os distintos contextos históricos, culturais e sociais.
Senna & Dessen (2012, p.102), no primeiro ponto, abordam duas fases de desenvolvimento da adolescência, sendo a 1 ª fase decorreu entre (1904-1970), tratam da descrição dos processos de desenvolvimento na adolescência (processos biológicos, psicanalíticas, socioculturais e culturais e cognitivos).
A teoria biológica, ressalta “o desenvolvimento das espécies (filogênese) e na recapitulação do desenvolvimento do indivíduo (ontogênese), Hall define a adolescência como um período de transição universal e inevitável, considerando-a como um segundo nascimento e por fim enfatiza a influência da cultura”. Um segundo grupo, “a teoria psicanálise de Sigmund Freud, que diz que, na adolescência, ocorre a reativação, na forma madura e genital, de vários impulsos sexuais e agressivos experimentados pela criança nas fases iniciais do seu desenvolvimento (oral, anal e edípica).” (idem, p.102)
O terceiro grupo, corresponde as teorias socioculturais da adolescência, considera que o comportamento do adolescente é moldado, até certo ponto, pelo ambiente social imediato (pais e pares) e pelo ambiente social amplo (cultura). “Um quarto grupo de teorias da adolescência, que tem como precursor Jean Piaget, enfatiza os processos cognitivos do desenvolvimento em afirmar que os comportamentos dos adolescentes que geram preocupações aos adultos têm sua origem nas mudanças na sua forma de pensar.” (idem, p.103)
Ao passo que, a segunda fase compreende entre (1970 - 2000), incide na visão contextualizada de desenvolvimento do adolescente, que enfatiza “o indivíduo e o ambiente na sua dinâmica de relações bidirecionais, bem como o papel do tempo e do espaço no desenvolvimento humano.” (idem, p.3). Nesta fase, privilegia-se duas teorias importantes: A Teoria do Curso de Vida e bioecológica, no entanto, a Teoria do Curso de Vida, enfatiza diversos níveis: macro (da sociedade e da ordem social), das estruturas intermediárias (comunidades e vizinhança) e do mundo proximal (escola e família) e a teoria bioecológica, apresentada por Bronfenbrenner, salienta que, o adolescente é um sujeito ativo, produto e produtor do seu desenvolvimento, que ocorre na interação com o contexto. (idem, p.4)
No segundo ponto, tratam das Tendências Atuais: a visão do desenvolvimento positivo do jovem (século XXI), “preconiza que os jovens são fontes de recursos e forças internas a serem desenvolvidos, e todas as famílias, escolas e comunidades têm ‘nutrientes’ que, alinhados, podem promover o ‘florescimento’ saudável desses jovens” (Benson, 2003; Lerner et al., 2009 apud Senna & Dessen, 2012, p.105).
Embora as teorias clássicas (biológicas, psicanalíticas, socioculturais e culturais e cognitivas) serem consideradas preponderantes para esclarecer o desenvolvimento da adolescência, porém não foram suficientes, pois tiveram uma certa limitação, como diz Goosens (2006), Lerner & Steinberg, (2009) apud Senna & Dessen (2012, p.103), “estas teorias se limitam simplesmente em apresentar dicotomias entre os aspectos maturacionais e genéticos e os aspectos exclusivamente contextuais: herdado versus adquirido, continuidade versus descontinuidade, estabilidade versus mudança, que representavam o conhecimento da época”. Por exemplo: Piaget limita-se em enfatizar que, o indivíduo aprende através do contato com o meio ambiente, menosprezando o impacto cultural e histórico do mesmo indivíduo, na harmonia com Sartório (2010, p.225), “um dos aspectos negativo da teoria de Piaget é a concepção do desenvolvimento cognitivo como resultado de um processo interno sem levar em consideração as múltiplas relações históricas-sociais presentes na formação dos indivíduos, tomando-a simplesmente a relação entre o indivíduo e o meio ambiente”. Esta teoria difere com de Vygotzky, que diz, “o desenvolvimento resulta da interação entre o indivíduo e o meio sociocultural”, (Vygotsky, 1999, apud Nunes & Silveira, 2015, p.50). Olhando esta visão subestima a perspectiva biológica do desenvolvimento humano dando primazia o contexto sociocultural. Mesmo assim, a teoria biológica, apesar de enfatizar a filogênese, ontogênese, a influência da cultura e as características individuais dos indivíduos, ela não se torna suficiente para explicar gamas de contextos históricos, sociais e culturais que o indivíduo em desenvolvimento passa.
A segunda fase difere justamente da primeira fase, porque está incide numa perspectiva abrangente e contextualizada do indivíduo, visto que, ele não pode ser percebido a um único local estático onde está inserido, daí ressalta-se a relevância das interações bidirecionais (pessoa-contexto), assim sendo, a teoria de curso de vida e bio - ecológica, chama atenção para que haja visão contextualizada sobre a concepção do desenvolvimento humano. Nessa perspectiva, a teoria Bioecológica, ressalta que o investigador contemple as características da pessoa em desenvolvimento, do contexto, processos aproximais, mediante o tempo, apesar muitas pesquisas moçambicanas não se notam a tal contextualização. Nesse âmbito, a literatura evidencia claramente as críticas feitas às teorias clássicas na concepção do desenvolvimento humano, Bronfenbrenner (1997) apud Martins & Szymanski, 2004, p.64), “os seus escritos faziam uma séria crítica ao modo tradicional de se estudar o desenvolvimento humano, referindo-se entre outras coisas, à grande quantidade de pesquisas concluídas sobre desenvolvimento “fora do contexto”. Para ele, essas investigações focalizavam, somente, a pessoa em desenvolvimento dentro de ambiente restrito e estático, sem a devida consideração das múltiplas influências dos contextos em que os sujeitos viviam”.
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