Curriculo e desenvolvimento humano
Por: alessto • 26/9/2015 • Projeto de pesquisa • 1.590 Palavras (7 Páginas) • 395 Visualizações
FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
ALESSANDRA TORRES PEREIRA
CAMILA MORAIS
EMERSON JALMERES
VISITA TÉCNICA
SÃO PAULO
2015
ALESSANDRA TORRES PEREIRA - RA: 7061947
CAMILA MORAIS – RA: 7060895
EMERSON JALMERES – RA: 7209171
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VISITA TECNICA
Trabalho Solicitado Pela Professora Silvana
Rodrigues Montemor Mollo, na disciplina de
Práticas Pedagógicas no Requisito de nota
do 1º Bimestre.
SÃO PAULO
2015
Visita técnica realizada à Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, localizada na Rua Mogeiro, nº 710, Vila Perus, São Paulo-SP.
Entrevista com o professor de Filosofia, André Marcondes Ferraz. O professor leciona há cinco anos em escola pública.
Grupo de Trabalho – Você se considera um professor autoritário ou de autoridade?
Professor – Autoridade não existe, o professor não tem autoridade. Se o aluno faz ou fala coisas erradas ele está sempre certo, o professor não tem autoridade nenhuma e pra ser autoritário, tem que ter autoridade, então nenhum e nem outro.
Grupo de trabalho – E como você consegue levar isso em sala de aula? Com o fato de o aluno estar sempre certo?
Professor – Tem que ir “empurrando com a barriga”, por que se o aluno me xinga, eu falo pra diretora e a diretora vai tentar defender o aluno, eu ainda serei chamado de errado.
Grupo de trabalho – Mas o seu título de professor já te traz poder em sala de aula?
Professor – Eu escuto dos meus colegas de trabalho que anteriormente existia isso, tinha-se respeito pelo professor, hoje em dia você chega no aluno e diz para ele que o mesmo precisa estudar e ele olha pra você e te responde: “Professor eu ganho mais que você carregando caixa na feira, que vantagem eu teria em estudar?”
Grupo de Trabalho – Como você definiria uma educação de qualidade?
Professor – É difícil falar disso, porque os alunos tem que querer aprender, os professores tem que ter uma boa formação, se não tiver esses dois, não é possível começar a ter uma educação de qualidade. Se tivesse um ciclo onde todos querem aprender, aí sim daria para ter isso. O que move uma educação de qualidade é o querer, é a vontade de ambas as partes.
Grupo de Trabalho – Como você classificaria o interesse dos pais em relação ao ensino dos seus filhos?
Professor – Para 80% dos pais, a escola é um depósito de filhos, eles querem só empurrar o problema pra outro. É possível perceber isso em reunião de escola, aparecem só os pais dos alunos bons, então tem dois ou três pais na sala de aula e se aparece mais do que isso é sempre tio, tia, avó que vem só para assinar a lista e pegar o boletim. Quando chega ao final do ano os pais fala “Como assim meu filho ficou com tudo vermelho?”.
Os alunos não veem futuro no conhecimento, eles arrumam emprego em uma loja no shopping e vê mais futuro.
Grupo de Trabalho – Antigamente o pai saia para trabalhar e a mãe ficava em casa cuidando dos filhos, hoje ambos saem para trabalhar. Você considera isso uma justificativa para esse distanciamento dos pais em relação à escola?
Professor – Talvez em partes, mas acho que isso não é absoluto, porque os meus pais trabalhavam, chegavam à noite e eu procurei o conhecimento para progredir. Antes havia mais a credibilidade da escola e hoje em dia não existe mais isso. Naquele tempo o pai falava “Você tem que estudar para não ser igual o pai”, então o pai colocava muita importância na escola, na educação e hoje em dia você pode ver que, entre tantas justificativas o pai fala “Mas eu não tenho tempo”, o pai não vai gastar mais do que cinco minutos para olhar o caderno do filho, mas o pai prefere sair do serviço e parar em um bar, a mãe prefere assistir a novela da globo do que olhar pro filho. A escola dá a educação formal, a educação informal vem de casa, um “Bom Dia”, um “Com licença”. As vezes a escola leva os alunos para um museu, um teatro e o aluno não sabe se comportar e a escola não tem autonomia para corrigir esse aluno, a escola perdeu a autonomia.
Grupo de Trabalho - Que tipo de cidadão você consegue criar na sala de aula, o tipo pensante ou o tipo máquinas reprodutoras de pensamentos pré-estabelecidos?
Professor – Acho que se eu conseguisse produzir qualquer um dos dois seria ótimo. Por que imagina o seguinte, se eu quiser qualquer um dos dois, terei que exigir a nota, quando chega no conselho só podemos repetir 5%, mas a sala inteira ficou com vermelha e mesmo assim temos que passar, isso é produzir o que? Tem vezes que tem aluno que tem como 4 como nota máxima em todas as matérias, todas, e temos que passá-lo de ano. Eu tento ser o tipo de professor que faz os alunos pensar, mas como os alunos sabem que de qualquer forma vão passar de ano, então eles não se interessam.
Grupo de Trabalho – Levando em consideração, que a sociedade se move como um carrossel, ou seja, cada instituição se move de acordo com o movimento da outra instituição, e a base é a escola, você se considera parcialmente culpado pela atual situação do Brasil?
Professor – Em partes sim, o problema é que estou com as mãos atadas, eu quero fazer alguma coisa, mas eu sou impedido de todos os lados e meios possíveis. Eu quero ensinar, os alunos não querem aprender, então eu quero motivar os alunos fazendo algo diferente, mas vem o sistema, a direção, as leis e me impedem, eu estou de mãos atadas. Eu queria, mas não posso fazer nada. Eu vejo o problema e vejo a solução, mas vem um monte de coisa e eu não consigo fazer nada.
Grupo de Trabalho – Você acha que esse “atar as mãos do professor" para que ele não consiga trabalhar no desenvolvimento do aluno se dá exatamente por ser desvantagem para o governo ter cidadãos pensantes?
Professor – Eu acredito que seja exatamente isso.
Grupo de Trabalho – Como foi para você começar a dar aula? Foi o que você esperava?
Professor – Você aprende a dar aula, dando aula. A faculdade não dá esse respaldo de como cuidar do aluno, ou de como é a parte burocrática, como por exemplo, o diário. Você pode ter a teoria que for você que vai criar a sua forma de dar aula.
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