DESAFIOS ENFRENTADOS PELO PEDAGOGO ESCOLAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
Por: Luma Rossi • 12/8/2019 • Trabalho acadêmico • 1.568 Palavras (7 Páginas) • 352 Visualizações
DESAFIOS ENFRENTADOS PELO PEDAGOGO ESCOLAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA
1 INTRODUÇÃO
O artigo 208, III, da nossa Carta Magna menciona que o atendimento educacional especializado deve ser, preferencialmente, realizado na rede regular de ensino e, com isso, o legislador constitucional tornou evidente que a escola inclusiva, tendência mundial, também se tornaria realidade no Brasil.
O termo escola inclusiva supõe a disposição da instituição educacional de atender a diversidade total das necessidades dos alunos nas escolas comuns, integrando, no mesmo grupo, crianças com e sem necessidades educativas especiais.
Ocorre que o processo de implantação da escola inclusiva não é algo tranquilo e pacífico. São muitos os problemas que impedem que a inclusão aconteça da maneira que a lei prevê e que os filósofos e doutrinadores da educação preconizam.
Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar os desafios enfrentados pelo pedagogo escolar na construção de uma escola inclusiva e, ao final, propor algumas sugestões para minimizar esses entraves.
2 DESENVOLVIMENTO
Há alguns anos em nosso país, crianças e adolescentes com necessidades especiais eram educadas em escolas específicas, exclusivamente destinadas a receber alunos portadores de deficiências ou dificuldade de aprendizagem.
Somente após a promulgação da Constituição de 1988 esse cenário começou a sofrer mudanças e a inclusão escolar passou a ser tema de políticas públicas, isso porque, segundo a CF/88, a educação deveria ser promovida “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para a cidadania” (art. 205) e, ainda, que o atendimento educacional especializado deveria ser prestado, preferencialmente, na rede regular de ensino (art. 208). Portanto, a escola deve integrar na sociedade os portadores de necessidades especiais e não segregá-los.
Assim, a escola inclusiva propõe, em linhas gerais, a integração educativo-escolar no processo de aprendizagem, no mesmo grupo, das crianças com e sem necessidades educativas especiais. Àquelas com necessidades especiais será dado o suporte necessário (material e/ou humano) para que o aprender-ensinar ocorra da melhor forma possível, explorando as potencialidades e transpondo as barreiras das deficiências.
Teoricamente isso é muito bonito, no entanto, a prática demonstra que alguns entraves ainda existem e impedem que a inclusão aconteça nos moldes como foi almejada.
Considerando que o objetivo deste trabalho é discutir os desafios do pedagogo na construção da escola inclusiva, desde já, destacamos que esta proposta rompe com um modelo educacional praticado no Brasil ao longo de décadas e isso, por si só, já é um grande desafio, uma vez que qualquer mudança provoca resistência.
E quando se fala em resistência, essa pode vir de todos os lados: dos pais dos alunos do ensino regular, por temerem que a aprendizagem de seus filhos fique prejudicada, já que existe a preocupação de que a presença de alunos portadores de necessidades especiais na sala de aula faça com que os professores dêem menos conteúdo e mais lentamente, para que todos consigam “acompanhar a matéria”; por parte dos pais dos alunos que têm necessidades especiais, pois há o receio de que os mesmos sejam vítimas de preconceitos ou que não tenham o acompanhamento que teriam se estivessem numa escola especial; dos próprios alunos portadores de necessidades especiais, que podem não se sentir bem acolhidos; por parte dos funcionários da escola, por não terem sido capacitados e sequer saberem como lidar com essas crianças e adolescentes; por parte de alguns alunos – e, porque não, até professores – que podem tratar com indiferença ou discriminar aqueles que são diferentes.
Esses são apenas exemplos das inúmeras situações de resistência e oposição pelas quais pedagogos passam cotidianamente no afã de ver acontecer a escola inclusiva. Todavia, dentre as atribuições desse profissional, está promover a articulação entre todos os membros da comunidade escolar. Por isso, é importante que o pedagogo esteja disponível para ouvir as partes, conciliar os interesses e ter a sensibilidade para dirimir conflitos.
Vale mencionar que é imprescindível que a escola tenha professores aptos a lidar com alunos portadores das necessidades educacionais especiais e com estudantes da rede regular e promova a integração entre eles.
Associada à necessidade de uma sólida política de formação inicial e continuada, bem como à estruturação de planos de carreira compatíveis aos profissionais da educação, destaca-se a importância de políticas que estimulem fatores como motivação, satisfação com o trabalho e maior identificação com a escola como local de trabalho, como elementos fundamentais para a produção de uma escola de qualidade. (DOURADO; OLIVEIRA, 2009).
Entretanto, as condições salariais e de trabalho da maioria dos professores brasileiros são sabidamente insatisfatórias e, dessa forma, apresenta-se aí um outro desafio para o pedagogo na construção da escola inclusiva, que é manter os docentes motivados, mesmo quando as condições são realmente adversas.
Sem sair do tema de qualificação de professores, cita-se ainda como dificuldade para a implantação da escola inclusiva a subutilização ou não utilização das tecnologias disponíveis. Algumas vezes isso ocorre porque os docentes não estão capacitados para fazer uso delas. Porém, na sociedade moderna e na escola inclusiva, a tecnologia deve fazer parte do cotidiano escolar, como salienta Pinto (2004):
Questões desta natureza exigem a reflexão do papel da escola neste momento histórico onde a tecnologia não pode constituir-se em mero instrumento de uma educação arcaica. Vale lembrar que essas propostas exigem a contribuição dos agentes principais: os professores. Estes necessitam de formação para enfrentar os novos desafios e são essenciais para estabelecer a crítica das informações dentro e fora da escola. Diferentemente de décadas anteriores onde o professor era visto como transmissor de conhecimentos, hoje deve atuar como mediador participativo. (PINTO, 2004).
Dificuldade maior, contudo, acontece quando não há tecnologias disponíveis na escola. Nem é preciso discorrer muito sobre o sucateamento das escolas públicas, pois a situação é de amplo conhecimento: em ambientes em que as lousas e carteiras são precárias, fica complicado cobrar recursos de multimídia e comunicação.
Fica evidente assim a falta de estrutura das escolas, o que ocorre não apenas no
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