DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA
Por: DONAMARIZETH • 6/3/2017 • Artigo • 3.707 Palavras (15 Páginas) • 429 Visualizações
DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM NA IDADE ESCOLAR
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é um processo puramente exterior, paralelo, de certa forma ao processo de desenvolvimento da criança, mas que não participa ativamente neste e não o modifica absolutamente: a aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, em vez de se adiantar ao seu curso e de mudar a sua direção. (VYGOTSKY, 1989)
É importante notar como a produção do conhecimento oscila entre o objetivismo e o subjetivismo, ora enfatizando os fatores externos ao desenvolvimento e à aprendizagem, ora enfatizando os fatores internos ao desenvolvimento e à aprendizagem. Um exemplo é a constituição dos currículos dos cursos de Psicologia, que propõem duas disciplinas: “Psicologia do Desenvolvimento” e “Psicologia da Aprendizagem”.
A escolarização obrigatória é um projeto humanizador, que supõe que todo ser humano pode e deve ser educado, pode aprender e melhorar com a educação. É um projeto otimista que traz consigo a idéia de progresso sem exclusões (Sacristán, 2000). Sustenta que a capacidade psicológica dos indivíduos não está dada desde o nascimento, repudiando assim mentalidades seletivas, hierarquizadas e deterministas.
Defende o princípio básico da plasticidade humana, aqui entendida como a capacidade do ser humano de se “modelar em direções diversas em seu desenvolvimento e que, portanto, pode ser guiado” (Sacristán, 2000, p. 56). Isto significa possibilidades de crescimento em certas direções, podendo se dar mais rápido em algumas pessoas ou mais devagar em outras. “A direção e grau de incremento de possibilidades são determinadas pelos ambientes sociais, pela cultura, pela influência familiar etc.”
Abordagem ambientalista/behaviorista
Pavlov (1849-1936)
Skinner (1904-1990)
Para esta abordagem “todo conhecimento provém de experiência”. (Giusta, 1985, p.26) Isto significa que o sujeito, ao nascer, é uma tabula rasa onde vão se imprimindo os conhecimentos a partir de experiências fornecidas pelos órgãos dos sentidos, as quais, associadas umas às outras, produzem o conhecimento. Assim, aprender tem origem na experiência, no meio físico e social e é sinônimo de mudança de comportamento através do treino e do condicionamento. O meio exerce pressão sobre os indivíduos, “fabricando-os”, como fica evidente nesta expressão: “o homem é produto do meio”. Assim, na relação sujeito/objeto, a primazia é do objeto e o conhecimento reduz-se a uma simples cópia do real.
O Behaviorismo discute apenas a aprendizagem, pois o que está interno ao sujeito não é passível de ser conhecido e, portanto, não existe. Assim, aprendizagem é igual a desenvolvimento, sendo que as mudanças comportamentais indicam o grau de aprendizagem e, portanto, o grau de desenvolvimento dos indivíduos.
A conseqüência pedagógica dessa concepção na relação professor/aluno é que o professor é o centro do processo de ensino e aprendizagem. Ele planeja os passos a serem a seguidos e controla o comportamento dos alunos mediante reforços positivos ou negativos. Então, o professor ensina e o aluno aprende através da transmissão de conteúdos previamente estabelecidos pelo currículo e planejados pelo professor. São estabelecidos passos para serem seguidos rigorosamente, e o que garante a aprendizagem é a memorização, a repetição mecânica dos conteúdos já elaborados pela humanidade. O foco da avaliação também é no produto do que se ensinou, não se tolerando os erros produzidos pelos alunos, pois há apenas uma resposta certa. Outras respostas são interpretadas como aquilo que os estudantes não sabem.
Abordagem Sociocultural
Vygotsky (1896-1934)
A abordagem sociocultural pretende fazer uma síntese (criação de algo novo) das abordagens anteriores. Tem como representante máximo Vygotsky, que se empenha em estudar a consciência, não se limitando às contribuições de Pavlov (teoria da reflexologia, do condicionamento clássico). Vygotsky dialoga com o Behaviorismo, com a Gestalt, com Piaget. Procura produzir algo novo, ou seja, trabalha no sentido de encontrar um método que trate a consciência de maneira objetiva e concreta, tendo como referência os meios que utilizamos para construir o conhecimento. Para ele, o que nos diferencia dos outros animais é a nossa capacidade de mediatizar nossas relações, assim nossos processos psicológicos superiores (percepção, memória lógica, atenção voluntária, pensamento verbal, linguagem) começam a se formar nas relações sociais pela/na linguagem.
A nossa constituição humana segue uma rota que vai do plano interpessoal para o plano intrapessoal, ou seja,
(...) segue duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimento, diferindo quanto à sua origem: de um lado, os processos elementares, que são de origem biológica, de outro, as funções psicológicas superiores, de origem sociocultural. A história do comportamento da criança nasce do entrelaçamento dessas duas linhas. (VYGOTSKY, 1984, p.52)
É um processo de internalização da cultura pelas crianças, caracterizando-se como um processo social que se faz pela mediação da linguagem. Dessa forma, essa abordagem procura superar as dicotomias entre individual/social, natureza/cultura, biólogo/social.
‘Dito dessa forma, Vygotsky difere seu pensamento tanto do pensamento behaviorista quanto do pensamento piagetiano e do pensamento da Gestalt, pois não admite a predominância do objeto ( como no Behaviorismo) nem a predominância do sujeito (como na Gestalt), na relação sujeito/objeto. Aproxima-se de Piaget quando defende a relação de interação entre sujeito e objeto na construção do conhecimento, mas distancia-se daquele quando diz que essa relação direta mas mediada pelo outro, pela linguagem, pela cultura. É nessa relação mediada que vamos nos transformando de seres biológicos em seres histórico-culturais, pois para Vygotsky o biológico não é suficiente para nos transformar em seres humanos, portanto, é na relação com a cultura, com a linguagem e com o outro que no constituímos seres humanos. Sendo assim, o meio ( físico e sociocultural) é constitutivo do ser humano e não apenas o influencia (como afirma
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