Educação popular e ensino superior em Paulo Freire: resenha critica
Por: Jessica Tizziani • 2/5/2021 • Resenha • 1.984 Palavras (8 Páginas) • 295 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EM ESTOMOTERAPIA
Resenha Crítica de Artigo
Jéssica Andrade Tizziani
Trabalho da disciplina Didática do Ensino Superior
Londrina
2021
Educação popular e ensino superior em Paulo Freire
Referência:
BEISIEGEL, C. R. Educação popular e ensino superior em Paulo Freire. Educ. Pesqui. [online]. 2018, vol.44, e104010. ISSN 1517-9702. [viewed 12 de Abril de 2021]. DOI: 10.1590/s1678-4634201844104010. Available from: http://ref.scielo.org/2zxvhn
Introdução
O artigo intitulado “Educação popular e ensino superior em Paulo Freire”, foi publicado no ano de 2018 e escrito pelo autor Celso de Rui Beisiegel.
Celso de Rui Beisiegel, Doutor em Ciencias Sociais, tornou-se docente da USP mais especificamente na Faculdade de Educação. Sua experiência na área de educação tem ênfase nos estudos sociológicos sobre a educação popular, política educacional e educação de jovens e adultos. Possui um envolvimento com a política de educação de jovens e adultos, sobretudo do direito à alfabetização. É um dos intelectuais que muito tem contribuído com estudos sobre educação de adultos.
Desenvolvimento
O artigo trata-se de uma reflexão do autor sobre as possíveis contribuições de Paulo Freire ao ensino superior, reflexão essa um tanto quanto inusitada, visto que Paulo Freire geralmente é associado ao ensino popular de adultos em fase de alfabetização. No entanto, o autor transcorre sobre o fato de Paulo Freire ter grandes contribuições decorrentes de suas concepções sobre homem, educação e sociedade. Tal reflexão se torna possível em razão do profundo conhecimento de Beisiegel sobre o pensamento freiriano. Isso pode ser evidenciado em suas obras (livros, capítulos de livros e artigos), onde o autor explora a fundo as concepções de Paulo freire nos diferentes contextos. Tal interesse em associar o pensamento freiriano ao ensino superior, foi citado pelo autor no próprio artigo, onde relata que em 2013, apresentou um seminário internacional dedicado ao estudo de questões suscitadas pelo tema da educação superior em Paulo Freire. Porém, o tempo disponível para a apresentação do seminário era insuficiente para uma exploração mais circunstanciada das posições de Freire nas questões referentes à educação superior. Portanto considerou necessário a redação do artigo em questão para aprofundar o tema.
O autor utiliza-se de um levantamento histórico da obra de Freire, perpassando por diversos momentos de sua produção intelectual, afim de conduzir uma reflexão de como o pensamento freiriano pode ser aplicado na educação superior.
É notorio de que quando se fala sobre de Freire quase sempre evoca propostas práticas e reflexões teóricas voltadas para a formação das populações subalternas.
Esta observação é aceitável para o conjunto de sua obra.
É importante ressaltar que seus trabalhos junto às populações desfavorecidas fundamentavam-se em perspectivas teóricas abrangentes sobre o homem, a sociedade e a educação era provável encontrar-se um rico acervo de possíveis contribuições também para a teoria e a prática no ensino superior.
Na busca pela igualdade da população devemos entender que a educação é a base.
A comunicação apontava duas principais possibilidades de encaminhamento de futuras pesquisas a propósito das posições de Paulo Freire sobre a educação superior.
A primeira, mais direta e evidente, envolvia o rastreamento de suas reflexões e intervenções práticas nas questões da educação superior, ao longo de toda sua obra em livros, artigos, escritos em coautoria, palestras, entrevistas, conversas e, especialmente, no magistério no ensino universitário dentro do brasil e no exterior e indicou que ao menos nos escritos mais conhecidos do educador haveria poucas manifestações a propósito desse nível da escolaridade.
Nessa época, o analfabeto não tinha direito nem ao menos de votar . Ao alfabetizar-se, imediatamente incluía-se entre os participantes das disputas eleitorais.
A outra possibilidade e de que investigar as possíveis contribuições do educador mediante a utilização do método de trabalho praticado reiteradamente, por ele mesmo, nas análises e reflexões a propósito da educação popular. Isto é, chegar às posições de Paulo Freire sobre o ensino superior considerando-as como decorrências de suas concepções mais gerais sobre o homem, a educação e a sociedade.
Pesquisas dessa natureza recobririam extenso campo de coleta e análise de informações. E tudo indica que ao menos nos escritos mais conhecidos do educador haveria poucas manifestações a propósito desse nível da escolaridade.
Devemos levar em consideração as mudanças percorridas pela educação desde a década de 1940 quando Paulo Freire Iniciava suas praticas.
Nesse período, a inclusão de jovens e adultos iletrados nas políticas públicas de educação era ainda incipiente.
Mais da metade da população acima de 15 anos eram analfabetas.
As diferenças entre educação popular e educação das elites era bem evidente nos meados do século anterior.
Não obstante a igualdade formal de direitos da cidadania republicana, as desigualdades socioeconômicas constitutivas da sociedade capitalista, e tradições culturais geradas no passado semicolonial, ainda marcavam todas as dimensões da vida coletiva.
Na educação escolar persistiam condições de vida, perspectivas culturais e práticas institucionais que davam forma a algo como duas ordens diversas de escolaridade: uma dedicada à formação das minorias privilegiadas, e outra às maiorias subalternas da população.
As possibilidades de acesso ao antigo ensino secundário eram limitadas e definiam na prática os dois padrões diversos de escolaridade. A antiga escola primária e as poucas escolas profissionalizantes existentes ministravam a então denominada educação popular.
No outro lado, a educação das elites, definida a partir do ingresso no primeiro ciclo do ensino de tipo secundário, completava-se, depois, nos degraus superiores da escolaridade.
Nas décadas seguintes, a educação promovida pelos poderes públicos seria alterada, progressivamente, em duas direções: no sentido da inclusão dos adultos não alcançados pela escolaridade quando crianças, e na extensão das oportunidades de matrícula nos degraus ulteriores ao antigo ensino primário.
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