Educadores Brasileiros
Por: 9700 • 26/8/2015 • Trabalho acadêmico • 3.301 Palavras (14 Páginas) • 194 Visualizações
ANÍSIO SPÍNOLA TEIXEIRA E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Introdução
Anísio Spínola Teixeira (1900-1971), grande intelectual defendia a educação como sendo a principal mudança da sociedade. Defendia uma educação pautada na cultura nacional. Sua formação humanística foi marcada pela educação que recebera dos padres jesuítas, completada na Universidade do Rio de Janeiro, em 1922, quando conclui o curso de Ciências Jurídicas.
De sua vida e estudos no sertão baiano, para sua vida e estudo nas capitais, permaneceram contrastes, problemas, dúvidas e inquietações. Para ele tudo era motivo de reflexão, sem, contudo, encontrar soluções que o convencessem.
Sua entrada na educação acontece em 1924, por meio de um convite feito pelo então governador da Bahia para ser Inspetor Geral de Ensino, indicação feita por seu amigo Hermes Lima.
O marco de seu trabalho se dá quando conhece John Dewey em 1928. Encontro esse que marca a sua orientação filosófica e constitui-se o divisor de águas no seu pensamento sobre a educação. O relacionamento dele com seu professor John Dewey, na Universidade de Columbia, foram responsáveis pela visão que adota em relação à crença no ser humano e que vai refletir em toda a sua vida de educador.
ANÍSIO TEIXEIRA – ENTRADA PARA A EDUCAÇÃO
[...] “Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara a democracia. Essa máquina é a escola pública”. (Anísio Teixeira)
Anísio Teixeira era de estatura pequena, magro, cabelos negros e curtos. Muito inteligente e generoso. Tinha pensamento e ação vinculados, o que falava ele fazia.
Lutava pela escola pública de qualidade universal e gratuita, para todo o brasileiro. Não pensava na elite e sim no povo.
Filho de Deoclesiano Pires Teixeira e Ana Spínola Teixeira (Donana). Seu pai foi médico, político, fazendeiro. Donana filha de uma família rica. Sempre foi muito atraído pela natureza.
Nasceu em Caetité, estado da Bahia, em 12/07/1900. Estudou no Instituto São Luís e mais tarde no colégio Antônio Vieira, em Salvador, ambos jesuítas.
A Europa vive a primeira grande guerra quando Anísio viaja para Salvador para estudar em regime de internato. Neste período manifestou o desejo de entrar para a Cia de Jesus, influenciado pelo Padre português Luís Gonzaga Cabral, mas seus pais não permitiram. O desejo de seu pai era que ele fosse politico e se forma em Direito no Rio de Janeiro em 1922.
Quando volta para Bahia é convidado para o cargo de Inspetor Geral de Ensino (Secretário da Educação). É através desse convite que a educação entra na sua vida.
Tem contato com livro escrito por Omer Buyse, onde Buyse divulga o que viu nas escolas americanas, principalmente a prática de trabalhos manuais e corporais, associada ao ensino formal, pede para traduzir o livro e distribui para todos os professores da Bahia.
As primeiras indústrias surgem no Brasil e Anísio traça novas diretrizes para o ensino público.
Em 1927, faz a 1ª viagem aos Estados Unidos para visitar escolas e vê novo panorama de construção de escola (prédio, salas). A escola tem que ser um ambiente livre e feliz para a criança. O Brasil não tinha uma escola, era um galpão precário e improvisado.
Essa viagem foi decisiva para fortalecer seus conceitos e ideias sobre a educação, através do sistema educacional americano e principalmente pelo contato com as ideias de John Dewey que preparava o individuo para o mundo (pragmatismo). Mas para Anísio não é só o mundo que vive, mas o mundo que constrói diariamente.
Ainda no navio, de volta para a Bahia, escreve para seu pai falando de sua escolha pela educação como profissão, (11/1927).
Em 1928, volta para os Estados Unidos para fazer mestrado. É colega de Gilberto Freire, viagem fundamental na sua vida pelo aprofundamento de seus estudos na área da educação, pelo encontro com Monteiro Lobato e principalmente pela sua redefinição religiosa. Rompe com as pretensões religiosas e passa a ser um livre pensador, transferiu o sacerdócio para a educação.
Em 1929, retorna a Bahia, demite-se do cargo e começa a lecionar filosofia e história na escola normal de Salvador.
Em 1930, se torna um ano marcante na vida brasileira com a revolução mudando a paisagem politica do país e na vida pessoal e profissional de Anísio. Ele recebe o convite para fazer a reforma da instrução pública no Rio de Janeiro (capital da República). Indo para criar uma reforma que vai ser vitrine para os diversos estados da federação.
Cria o Instituto de Educação, responsável pela formação de professores da rede pública e de algumas escolas experimentais.
Em 1932, casa-se com Emília Teles Ferreira. E acontece o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, escrito por Fernando Azevedo e Anísio Teixeira é um dos signatários.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova foi assinado por vinte e seis intelectuais do campo da educação. Eles defendiam a reconstrução e o desenvolvimento do Brasil pela educação, e por meio de escola pública estatal, gratuita, de qualidade e obrigatória para que todas as crianças pudessem ser alfabetizadas. Esse manifesto gera grande disputa entre os educadores pioneiros e os educadores católicos pelo poder de definir os rumos da educação brasileira. Anísio assume posições importantes, é diretor da instrução pública da capital da República.
A Constituição de 1934, diz que o ensino religioso deve ser feito nas escolas, a administração da diretoria pública do Distrito Federal (RJ), mas demora a implantação porque era contra as convicções dele.
Em 1934/1935, ocorrem momentos de grande tensão onde vai ser definida qual o modelo de educação que vai ser implantado no país.
Em 1935, realização do seu projeto mais ambicioso. A criação da Universidade do Distrito Federal (UDF).
Proposta da Universidade: Universidade que faça pesquisa, que investigue a realidade, por isso gerando tanta polêmica.
Corpo Docente: Candido Portinari, Heitor Villa Lobos, Gilberto Freire.
A Universidade do Distrito Federal (UDF) tem uma vida curta, vai ser abortada pelo projeto autoritário de Getúlio Vargas.
Getúlio caça comunista e Anísio é acusado de ser comunista e sofre grande pressão. Percebendo a gravidade da situação entrega em dezembro de 1935 sua carta de demissão. Corre o risco de ser preso e se exila na Bahia, escondendo em fazendas, onde viveu até 1945.
Em 1946, assume o cargo de Conselheiro Geral da UNESCO.
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