Educação

A Educação da Criança de Seis Anos

Para pensar na educação da criança de seis anos, é necessário ter em vista, então, a concepção de quem é essa criança. Não é porque estamos falando da entrada dessa criança no primeiro ano do Ensino Fundamental de nove anos, enfim, na escola, que vamos descaracterizá-la, deixando de vê-la como criança e tornando-a aluno. Daí decorre de escolarizar precocemente essa criança, tendo em vista sua entrada na escola.

Princípios Pedagógicos                                                                                                                                

A construção do conhecimento implica a ação sobre os objetos, mas essa ação nunca é puramente cognitiva, pois nela intervêm em graus diversos a afetividade, o interesse e os valores. No ato de conhecer, e em todo comportamento humano, afetividade e inteligência são dois aspectos indissociáveis de uma mesma ação. Os motivos e dinamismo energético do comportamento provem da afetividade, enquanto as técnicas empregadas na solução dos problemas constituem o aspecto cognitivo.                                                                                     Existe estreito paralelismo entre o desenvolvimento das funções do intelecto e da afetividade e o desenvolvimento social. Assim, os progressos no desenvolvimento da inteligência repercutem também na afetividade e o desenvolvimento social. Assim, os progressos no desenvolvimento da inteligência repercutem também na afetividade e na vida social. As ações, a motivação e a cooperação estão intimamente interligadas às funções intelectuais. Dessa forma, a construção das estruturas da inteligência é condição necessária para a socialização e para o desenvolvimento moral e afetivo.                                                                                               Tendo em vista tais princípios pedagógicos, é importante ressaltar que o sucesso da implantação desse ano de escolarização depende, principalmente, da atitude do professor que cria situações propicias para favorecer o desenvolvimento da criança. Interagir com a criança de maneira a fazê-la testar suas próprias hipóteses e colocar questões que a façam duvidar das próprias conclusões são uma arte para a qual não há receitas.

O Trabalho Pedagógico

Proposto para crianças de seis anos comporta diferentes tipos de atividades nas diferentes áreas do currículo, dependendo dos objetivos que estão sendo focalizados. Em um dia de aula, haverá períodos de atividades diversificadas, coletivas, independentes e individuais.

• Atividades diversificadas- proposta didática que valoriza as atividades em grupo porque elas constituem um meio de propiciar a interação social e a cooperação, como também provocam conflitos cognitivos, fazendo a criança refletir sobre sua hipótese. Possibilita à criança a trabalhar de acordo como o próprio ritmo, satisfazer necessidades e interesses, aprende a dosar o tempo em que permanece em cada atividade, realizar escolhas, tomar decisões e, por conseguinte, progredir em direção à conquista da autonomia.
• Atividades individuais- Pode ser escolhida pela criança ou proposta pelo professor. Essa atividade permite que o professor interaja diretamente com a criança para acompanhar o seu raciocínio e perceber a compreensão que ela tem acerca do que está sendo trabalhado e, portanto, para conhecê-la melhor.
• Atividades coletivas- a principal finalidade é propiciar à criança a experiência de vida democrática, além de favorecer a troca de pontos de vista e opiniões, criar oportunidade para que a criança apresente ideias e argumentos favoráveis a essas ideias e aprender normas de convivência social.
• Atividades independentes- favorecem o desenvolvimento da responsabilidade, da iniciativa e da autonomia porque possibilitam à criança aprender a trabalhar sem a orientação do adulto.
• Rotina Diária- têm por finalidade organizar o trabalho tornando-o eficiente e produtivo de modo a permitir que os objetivos educacionais sejam alcançados.
• Planejamento do dia- Rotina que marca o inicio do trabalho diário. Trata-se de um movimento em que as crianças , juntamente como o professor, decidem o que vai ser feito naquele dia e qual a sequencia que as diferentes atividades que serão desenvolvidas no dia.
• Hora da “Rodinha” ou da “novidade”- trabalho feito em grande grupo que se traduz numa excelente oportunidade que a criança tem para partilhar ideias e sentimentos com as outras crianças de seu meio e com o professor e, assim, perceber que as ideias e os sentimentos das outras crianças nem sempre coincidem com os seus.
• Arrumação da sala- a arrumação e a limpeza da sala de aula constituem excelente oportunidade para que a criança desenvolva a habilidade motora.
• Hora da Brincadeira- momento ideal para brincadeiras ao ar livre. Essa atividade é importante para que as crianças possa liberar toda a energia pulando, correndo, saltando, cantando ou realizando a mais variadas brincadeiras.
• Hora do lanche-  ao comer o lanche ou fazer refeições, a criança terá inúmeras oportunidades para a formação de hábitos e atitudes, bem como para o desenvolvimento em geral.
• Hora da avaliação- a avaliação pode ser realizada ao final do dia ou ainda ao final de um período, dando oportunidade à criança de poder reconstruir os acontecimentos vivenciados naquele dia, de lembrar o que fez e o que sentiu ou como se comportou durante as diferentes atividades da qual participou.

Ações Básicas Para o Primeiro Ano do Ensino Fundamental

• As ações devem basear-se nas características do nível do desenvolvimento da criança, ou seja, o conteúdo deve ser transformado num jogo próprio para essa faixa etária.
• A matemática funciona como “conteúdo” básico para o maior numero possível de ações, ou seja, uma forma de pensar, tornando-se a estrutura de todas s atividades ( situação problema).
• As ações (matrizes) devem ter por base a unidade que devem ser representadas graficamente, explorando o vocabulário e os conteúdos específicos de temas previamente escolhidos (unidades).
• A unidade permite um sentido geral para o trabalho e favorece a criação de um bloco temático, organizando e ampliando o vocabulário da criança. Mas os temas devem ser de interesse das crianças (animais, maquinas, brinquedos, etc).
• As ações possuem sentido em si. Esse sentido é conferido pelas unidades de trabalho. Não existe recortar por recortar, desenhar por desenhar.
• As atividades que a criança deve fazer diariamente preparam a infraestrutura para ações mais complexas nas operações concretas e são constituídas pelos esquemas de assimilação típicos de cada estagio de desenvolvimento.
• Cada idade tem um tempo próprio para a duração da atividade. A criança de seis anos pode se concentrar por 20 e ate 30 minutos, mas o melhor indicador é o nível de interesse da criança.
• O objetivo do 1° ano do Ensino Fundamental é muito mais que alfabetizar.
• A leitura é parte da função semiótica, e não ela inteira. Dramatizar ou desenhar é tão importante quanto aprender a ler.

           Desenho e Escrita: Sistema de Representação

Na teoria piageriana, a criança reconstrói criativamente o objeto do conhecimento ao tentar compreende-lo. Inicialmente se faz por meio da ação da criança sobre os objetos do meio e, depois, se estende para o plano da representação, no qual ela vai agir em pensamento.

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