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Fichamento do Texto "A Nova Relação Com o Saber"

Por:   •  21/3/2020  •  Resenha  •  1.063 Palavras (5 Páginas)  •  190 Visualizações

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A nova relação com o saber

LÉVY, Pierre. A nova relação com o saber. In: Cibercultura. Editora. 34.2000. pg. 159-169.

A nova relação com o saber

O texto retrata a velocidade no surgimento e renovação dos saberes e faz uma análise prévia da mutação contemporânea em relação ao saber. A primeira constatação apresenta as mudanças de competências adquiridas na carreira profissional, ou seja, o indivíduo pela primeira vez na história da humanidade sofrerá alterações de competências durante toda sua trajetória de trabalho, pois precisará se atualizar sempre para acompanhar a velocidade de produção de saberes.

A segunda constatação que o texto traz é que a transação de conhecimento não para de crescer e trabalhar quer dizer, cada vez mais, aprender, transmitir saberes e produzir conhecimento. A terceira constatação é de que o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que amplifica, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas.

Essas tecnologias intelectuais favorecem novas formas de acesso a informação através da navegação por hiper-documentos e também favorece novos estilos de raciocínio e conhecimento, como a simulação, que é uma experiência do pensamento, não advém nem da dedução lógica nem da indução a partir da experiência.

Os documentos digitais são fáceis de compartilhar, seu fluxo ocorre rapidamente e aumenta o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos. Diante dessa transição e fluxo de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva mudam profundamente.

Em função disso, o texto aponta algumas reformas necessárias nos sistemas de Educação, dentre elas, a adaptação do ensino aberto a distância (EAD), uma vez que esta modalidade de ensino explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o principal se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Nesse contexto, o professor é incentivado a se tornar um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos e não mais um fornecedor direto de conhecimentos.

A segunda reforma diz respeito ao reconhecimento das experiências adquiridas. Se as pessoas aprendem com suas atividades sociais e profissionais, se a escola e a universidade perdem progressivamente o monopólio da criação e transmissão do conhecimento, os sistemas públicos de educação podem ao menos tomar para si a nova missão de orientar os percursos individuais no saber e de contribuir para o reconhecimento dos conjuntos de saberes não acadêmicos pertencentes às pessoas. As ferramentas do ciberespaço permitem pensar testes automatizados acessíveis a qualquer momento e em redes de transações entre oferta e procura de competência.  É possível organizar uma comunidade entre empregadores, indivíduos e recursos de aprendizagem de todos os tipos, as universidades do futuro contribuiriam assim para a animação de uma nova economia do conhecimento.

As páginas da web exprimem ideias, desejos, saberes, ofertas de transação de pessoas e grupos humanos. Por trás do grande hipertexto existem uma multiplicidade e suas relações. No ciberespaço o saber não pode mais ser concebido como algo abstrato ou transcendente, ele se torna mais visível e mesmo tangível em tempo real por exprimir uma população. Assim, as redes digitais interativas são fatores potentes de personalização ou de encarnação do conhecimento.

É preciso saber que a comunicação por correio eletrônico não substitui os encontros físicos, este tipo de comunicação muitas vezes prepara viagens físicas, reuniões de negócios e mesmo que não ocorram encontros, a interação no ciberespaço continua sendo uma forma de comunicação, assim como a leitura de textos digitais, através de telas continua sendo leitura, ainda que os hiperdocumentos e a interconexão geral as modalidades de leitura tendam a transformar-se.

O autor apresenta uma hipótese de que o irrefreável crescimento do ciberespaço nos indica alguns traços essenciais de uma cultura que deseja nascer.  Desta forma o autor expressa a contradição de que na web tudo se encontra no mesmo plano e, no entanto tudo é diferenciado, não há hierarquia absoluta, pois a web articula uma multiplicidade aberta de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma (tipo de caule que cresce horizontalmente), sem o ponto de vista de Deus, sem a unificação que domina.

O texto retrata que nas sociedades anteriores a escrita, o saber era transmitindo pela "comunidade viva", para o autor quando um velho morria era uma biblioteca que queimava. Com o surgimento da escrita, o saber é transmitido pelo livro, e a após a invenção da impressão, um terceiro tipo de conhecimento foi incorporado pela figura do sábio e do cientista, o saber era transmitido pela biblioteca. Observando que a desterritorialização da biblioteca atual, talvez seja o inicio de um quarto tipo de relação com o conhecimento. Destacando que este quarto estilo de saber tem como aspecto a oralidade do primeiro conhecimento, isto é, o saber poderia ser novamente transmitido pelas coletividades humanas vivas, porém o portador direito do saber não seria mais a comunidade física e sua memória, mas, o ciberespaço. 

O autor define a simulação como sendo uma tecnologia intelectual que amplifica a imaginação (aumento de inteligência) e permite aos grupos que compartilhem, negociem e refine modelos mentais comuns, qualquer que seja a complexidade deles. Para aumentar e transformar determinadas capacidades cognitivas humanas (memória, o calculo, o raciocínio especialista) a informática exterioriza parcialmente essas faculdades em suportes digitais, ora uma vez que esses processos cognitivos tenham sido exteriorizados e retificados tornam-se compartilháveis e assim reforçam os processos de inteligência coletiva se as técnicas forem utilizadas com discernimento.

Ele qualifica a inteligência artificial não apenas como sendo dublês de especialistas humanos, mas sim como técnicas de comunicação e de mobilização rápida dos saberes práticos nas organizações. Coloca que tanto no plano cognitivo como na organização do trabalho, as tecnologias devem ser pensadas em termos de articulação e de criação de trabalho em conjunto e não de acordo com o esquema de substituição. Lembra que as técnicas não substituem o raciocínio, mas prolongam e transformam a capacidade de imaginação e de pensamento. 

Para o autor o ciberespaço na sua complexidade do saber,  que flutua na interna conexão em tempo real de todos com todos favorece os processos de inteligência coletiva nas comunidades virtuais. Esse ideal da inteligência coletiva passa pela disponibilização da memória, da imaginação e da experiência, evidenciada na troca dos conhecimentos, novas formas de organização em tempo real. A interconexão dos computadores do planeta tende a tornar-se a principal infra-estrutura de produção, transação e gerenciamento econômicos e a educação deve levar isso em conta.

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