Fichamento do Texto Experimentar Sem Medo de Errar
Por: Clara Barbosa • 23/3/2021 • Trabalho acadêmico • 1.868 Palavras (8 Páginas) • 608 Visualizações
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA BAIANA CAMPUS CATU
ANNA CLARA BARBOSA SANTOS
FICHAMENTO DO TEXTO: Experimentar sem medo de errar
AUTORES: Roberto Ribeiro da Silva¹
Patrícia Fernandes Lootens Machado²
Elizabeth Tunes³
CATU- BA
2020
TÓPICO | TRECHO | PÁGINA |
UM POUCO DA HISTÓRIA | “Na década de 30, como reflexo do Movimento da Escola Nova, o ensino de Ciências aproxima-se da proposta do educador americano John Dewey, que valorizava o fazer por parte do aluno. Assim, o ensino deveria estar associado a uma realidade próxima do aluno, na tentativa de conectar as experiências cotidianas com o pensamento reflexivo. A escola, de uma forma geral, deveria substituir os métodos tradicionais (teórico, livresco, memorizador, estimulando a passividade) por uma metodologia ativa, incluindo atividades experimentais.” | 232 |
“O professor teria o papel de mediador, estimulando os alunos a descobrirem novos conceitos.” | 233 | |
“Na atualidade os programas institucionais não têm um foco específico em atividades experimentais, mas buscam uma melhoria geral no sistema de ensino com ações coordenadas em diversas frentes, abarcando: materiais didáticos por meio do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio - PNLEM; processo de formação inicial de professores com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - Pibid; cursos de especialização para professores dos Ensinos Fundamental e Médio da rede pública, etc.” | 233 | |
“O conhecimento científico é um conjunto de ideias elaboradas na tentativa de explicar fenômenos naturais e de laboratório. Essa explicação é feita pela formulação de conceitos denominados de científicos. Os conceitos científicos são construções abstratas da realidade, não sendo, no entanto, a própria realidade. Consequentemente, o significado de um conceito científico pode modificar-se ao longo da História.” | 234 | |
“Assim sendo, as explicações das Ciências são, efetivamente, verdades transitórias. Essa transitoriedade é evidenciada quando a teoria não -- consegue mais explicar novos fenômenos observados, como é o caso do modelo de átomo proposto pelos gregos, cerca de 400 anos a.C.” | 234 | |
O papel da experimentação no ensino de ciências – a questão do concreto e do abstrato | “Quando fazemos uso de uma teoria para explicar um fenômeno não significa que estamos provando a veracidade desta, mas sim testando sua capacidade de generalização.” | 236 |
“A capacidade de generalização e de previsão de uma teoria é que pode dar à experimentação no ensino um caráter investigativo. Então, um experimento simples, em que haja um roteiro contendo apenas materiais e procedimentos, pode ser transformado numa atividade investigativa se o professor conseguir inserir atividades outras que contemplem generalizações e previsões, como visto anteriormente.” | 237 | |
“O homem, todavia, não parou na criação de imagens na sua incansável tentativa de apreender o mundo concreto. Inventou a escrita, que é outra maneira de buscar capturar o mundo que tinha diante de si. Trata-se, agora, não de imagens, mas de texto: linhas escritas em sucessão. Novamente precisou excluir dimensões do fenômeno concreto.” | 238 | |
“No campo da atividade do pensamento o emprego de imagens e palavras também produz profundas transformações e apresenta muitas peculiaridades, dentre elas o fato de permitir abstrações. Ou seja, elas tornam possível destacar, separar dimensões do fenômeno concreto que o homem tem diante de si.” | 239 | |
“Em resumo, desenhar e escrever sobre o mundo ' concreto possibilitam o desenvolvimento do pensamento analítico, isto é, da decomposição do mundo concreto em partes e da criação de novas sínteses. É nesse sentido que podem ser vistas como atividades de experimentação. A palavra experimentação pode ser entendida como ensaio, como análise de propriedades, de teor ou qualidade e de dimensões, todavia são atividades de experimentação diferentes daquelas a que denominamos de científicas.” | 239 | |
“Assim, a atividade científica de experimentação tem a peculiaridade de ser realizada tendo por base outros conceitos, ela é teoricamente orientada. A atividade científica de observar plantas crescendo numa horta é bastante diferente daquela realizada por um pequeno agricultor que planta hortaliças para vender no mercado.” | 240 | |
“Por tudo o que foi exposto, vemos que a atividade científica de experimentação não concretiza a teoria. Como toda experimentação, ao contrário, ela promove o afastamento do mundo concreto que o homem tem diante de si. Empregá-la como meio de motivar os alunos e facilitar sua aprendizagem pelo suposto fato de que permite concretizar a teoria seria, pois, um equívoco.” | 240 | |
“Então, as atividades de laboratório meramente reprodutivas e com caráter comprobatório são pobres para se alcançar a relação desejada entre a teoria e o mundo concreto que o homem tem diante de si, no ensino de Ciências. A transformação de uma experiência elaborada como comprobatória em uma investigativa, no entanto, não é tarefa fácil, em razão de diversos obstáculos existentes no uso da experimentação, como abordaremos a seguir.” | 241 | |
Obstáculos à inserção da experimentação no ensino | “Existem crenças que a simples realização de atividades experimentais poderia permitir uma aprendizagem mais profunda por parte do aluno.” | 242 |
Tendências atuais | ” Nessa ampliação cabem como atividades experimentais aquelas realizadas em espaços tais como a própria sala de aula, o próprio laboratório (quando a escola dispõe), o jardim da escola, a horta, a caixa d'água, a cantina e a cozinha da escola; além dos espaços existentes no seu entorno, por exemplo parques, praças, jardins e estabelecimentos comerciais (feiras livres, supermercados, farmácias, oficinas de marcenaria, metalúrgicas, mecânicas, etc.).” | 244 |
“Há uma diversidade de espaços, em que atividades experimentais têm grande chance de serem significativas, isto é, são espaços que fazem parte de suas vivências cotidianas, com possibilidades de atenderem a uma gama de interesses presentes na comunidade em que a escola está inserida.” | 245 | |
as atividades experimentais de um novo contexto
| “As atividades experimentais demonstrativas-investigativas podem possibilitar: maior participação e interação dos alunos entre si e com os professores em sala; melhor compreensão por parte dos alunos da relação teoria-experimento; o levantamento de concepções prévias dos alunos; a formulação de questões que gerem conflitos cognitivos em sala de aula a partir das concepções prévias; o desenvolvimento de habilidades cognitivas por meio da formulação e teste de hipóteses; a valorização de um ensino por investigação; a aprendizagem de valores e atitudes além dos conteúdos, entre outros.” | 246 |
“É recomendável que as possíveis atividades experimentais demonstrativas-investigativas sejam conduzidas na perspectiva de experiências abertas. Entende-se por experiências abertas aquelas em que os fenômenos são observados e os alunos conseguem, sob orientação, relacioná-los com uma teoria (relação teoria-experimento), não havendo necessidade de se alcançar resultados quantitativos próximos de valores tabelados encontrados em livros didáticos. Faz-se necessário alertar que essas atividades não podem ser desenvolvidas com o objetivo de "comprovar na prática como a teoria funciona".” | 246 | |
“Uma forma de conduzir uma experiência demonstrativa-investigativa, que pode alcançar resultados mais efetivos no processo ensino-aprendizagem, inicia-se pela reformulação de uma pergunta que desperte a curiosidade e o interesse dos alunos.” | 247 | |
“O passo seguinte, durante a realização da atividade, é a destinação, pelo professor, dos três níveis do conhecimento químico, isto é, a observação macroscópica, a interpretação microscópica e a expressão representacional. A observação macroscópica consiste em descrever aquilo que é visualizado durante a realização do experimento. Já na interpretação microscópica deve-se recorrer a teorias científicas disponíveis que expliquem o(s) fenômeno(s) estudado(s). Por sua vez, na expressão representacional é recomendado empregar a linguagem química, física ou matemática (fórmulas, equações, modelos representacionais, gráficos etc.) para representar o fenômeno em questão.” | 247 | |
“Somente após o esclarecimento das dúvidas dos alunos sobre os fenômenos observados e os conceitos teóricos que os explicam é que se recomenda a introdução da expressão representacional como uma síntese do que foi observado e explicado, empregando a linguagem científica.” | 248 | |
“Finalmente, cabe ao professor promover o fechamento da aula, que consiste em responder à pergunta formulada inicialmente. A inclusão da interface ciência-tecnologia-sociedade-ambiente - CTSA (implicações sociais, culturais, políticas, econômicas, tecnológicas, ambientais etc.), relacionada ao experimento desenvolvido, poderá ser abordada como parte da pergunta inicial.” | 248 | |
“Na perspectiva de avaliar a aprendizagem, uma possibilidade seria solicitar aos alunos que analisem situações análogas de sua vivência (quando possível) e que podem ser explicadas utilizando-se os conceitos aprendidos durante a atividade demonstrativa-investigativa.” | 248 | |
“Podemos citar como possíveis atividades demonstrativas-investigativas as seguintes experiências: o aquecimento de uma bexiga (balão de aniversário) acoplada a uma garrafa plástica (espaços vazios em gases); a dilatação da coluna líquida em um termômetro de álcool (espaços vazios em líquidos); a flutuação do gelo na água (densidade); a flutuação/afundamento de uma tampa de caneta esferográfica em álcool 92,8 INPM e 46,5 INPM (densidade); a flutuação de um clipe em um copo de água (tensão superficial); as mudanças de cor no galinho da chuva (equilíbrio químico); testes de acidez e alcalinidade utilizando soluções indicadoras (equilíbrio químico), entre outros.” | 250 | |
| “As experiências investigativas, de um modo geral, requerem que a escola disponha de um laboratório. As atividades experimentais investigativas buscam a solução de uma questão que será respondida pela realização de uma ou mais experiências.” | 251 |
| “Experiências de elevado custo, que apresentam periculosidade, toxicidade e que demandam muito tempo para sua realização devem ser evitadas, no entanto podem ser encontradas simulações em computadores capazes de reproduzir esse tipo de experimento, permitindo que se explore conteúdos sem a exposição dos participantes a riscos intrínsecos de determinadas substâncias e materiais.” | 253 |
| “Outra estratégia que pode ser utilizada como atividade experimental é o uso de vídeos e filmes, por permitir uma abordagem contextualizada e interdisciplinar de uma determinada realidade. Vídeos e filmes possibilitaram a observação de fenômenos que demandam um tempo mais longo para ocorrer, principalmente aqueles relacionados a alterações no meio ambiente. Também favorecem a visualização de processos que ocorrem em realidades distantes da comunidade em que a escola está inserida, por exemplo, a obtenção industrial de metais, plásticos, tecidos etc.” | 254 |
| “A horta pode funcionar como um eixo organizador, pois permite estudar sistematicamente ciclos, processos, dinâmica de fenômenos naturais e relações entre componentes de um sistema. Em uma horta, entende-se por sistema seus diversos componentes inter-relacionados, a saber: solo, água, vegetais, micro-organismos, insetos, animais subterrâneos etc. A complexidade destas relações possibilita ao professor a abordagem do intercâmbio de matéria e energia (Kaufman; Serafini, 1998).” | 255 |
| “A visita permite o levantamento da aplicação do conhecimento, criando a oportunidade de explorar e aprofundar o conteúdo químico e desenvolver o senso crítico dos alunos. As visitas, no entanto, não podem se transformar numa atividade de passeio ou de simples curiosidade do professor e dos alunos. Faz-se necessário um planejamento anterior, no objetivo de orientar as atividades dos alunos durante a visitação.” | 256 |
| “O estudo exploratório de espaços sociais, na perspectiva de resgate dos saberes populares, permite aos professores e alunos a inserção de um dado contexto social no processo ensino-aprendizagem, inter-relacionando os saberes populares e os saberes formais ensinados na escola. Esses estudos trazem para dentro da sala de aula debates sobre práticas artesanais, tais como: a produção de queijo, rapadura, cachaça, cerâmica, tecelagem, calçados, bijuterias, práticas de tingimento de fibras naturais, práticas agrícolas, medicinais, elaboração de pratos regionais etc. Essas práticas podem ser passadas de uma geração para outra, tendo muitas vezes um caráter milenar.” | 259 |
Finalizando... | “Gostaríamos de destacar dois que julgamos mais relevantes: o primeiro deles é a modificação substancial do que se entende por laboratório, em razão da ampliação do conceito de atividades experimentais. O segundo aspecto diz respeito à finalidade da experimentação no ensino de Ciências: ela permite, por sua estrutura e dinâmica, a formação e o desenvolvimento do pensamento analítico, teoricamente orientado, o que possibilita a fragmentação de um fenômeno em partes, o reconhecimento destas e a sua recombinação de um modo novo. É nisso que reside o seu grande potencial como atividade imaginativa criadora, se bem empregada.” | 259-260 |
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