Gênero em sala de aula
Por: Edmara Fernandes • 30/4/2015 • Relatório de pesquisa • 2.810 Palavras (12 Páginas) • 286 Visualizações
Gênero na sala de aula: a questão de desempenho escolar.
Quase sempre dois assuntos são evocados de imediato, questões ligadas a sexualidade, onde gênero não é sinônimo de mulheres, sejam professoras ou alunas, mas inclui homens, mulheres e também símbolos ligados pelo senso comum a feminilidade e a masculinidade. Este capítulo pretende de uma breve discussão sobre o conceito de gênero, mostrar como ele pode ser útil para entender e atuar sobre uma questão que me parecem centrais na agenda educacional brasileira hoje: os problemas de desempenho escolar ou as dificuldades de aprendizagem. Mas apenas sugerir uma maneira de pensar a educação básica e seus problemas, incorporam uns conceitos de gênero.
Diversas definições distintas vêm convivendo no interior dos estudos feministas. Uma primeira utiliza gênero como oposto e complementar de sexo, como aquilo que é socialmente construído em oposição ao que seria biologicamente dado.
Uma segunda definição gênero, mas recente, não opõe a sexo, mas inclui a percepção a espeito do que seja sexo dentro de um conceito socialmente elaborado de gênero.
Assim gênero tem sido cada vez mais usado para referir-se toda construção social relacionada à distinção e hierarquia masculina /feminina.
As diferenças ou semelhanças entre os sexos e as interações e relações de poder entre homem e mulher são apenas parte do que é abrangido pelo conceito gênero.
E não podem mesmo elas, ser inteiramente explicadas apenas nesse âmbito, pois estão sempre articuladas a outras hierarquia e desigualdade de classes, raça, etnia, idade, etc...
Pois sociedade não apenas forma a personalidade e o comportamento ela também determina as maneiras nas quais o corpo é percebido.
Uma compreensão nos permite perceber variações históricas culturais tanto no que se refere a padrões culturais de personalidade e comportamento, quando na compreensão do corpo ou, da sexualidade e daquilo que significa ser um homem ou uma mulher.
Também na dimensão econômica e política e às vidas dos homens tanto quanto das mulheres, é enfatizar a necessidade de uma atenção ás linguagens e ao papel das diferenças percebidas entre os sexos na construção de todo sistema simbólico, especialmente na significação das relações de poder, construídos a partir da observação da diferença e do contraste, e a diferença sexual seria um modo principal de dar significado a diferenciação.
Estabelecidos como um conjunto de objetivo de referência, os conceitos de gênero estruturam a percepção e a organização concreta e simbólica de toda a vida social. Dois planos de análise, as relações homem/mulher de um lado, e masculino ou feminino permitem perceber espaços, relações, valores socialmente associados com o feminino ou ao contrário, sem que a pertinência sexual seja a determinante. A lenta democratização do sistema educacional brasileiro ao longo da segunda metade do século XX beneficiou de forma marcante as mulheres de acordo com dados do ministério da educação (MEC/ Inep,2004,2006) em 1960 os homens acima de 15 anos tinham média 2,4 de escolaridade em quanto as mulheres 1,9 já em 2003 eles estudavam 6,4 em média e as mulheres 6,7. Em 2005 as moças representavam 54% dos alunos do ensino médio e quase 58% do concluinte. No ensino superior elas são maiorias desde 1980 e em 2004 passavam para 62% entre os concluintes. Estes dados vêm sendo apontados por pesquisadores como FULVIA ROSEMBERG há algumas décadas. ALCEU FERRARO (2006) mostra que a taxa de alfabetização por faixa etária, encontra-se uma ligeira superioridade feminina nos grupos de menor idade (5 a 9 e 10 a 14 anos) já no senso de 1940. Trata-se de um processo de diferenciação crescente que resulta, por exemplo, no fato de que os homens jovens apresentem índices de analfabetismo funcional (menos de quatro anos de escolaridade) muito mais alto do que as mulheres jovens. O importante a reter. Dessas estatísticas é que a escola brasileira, não existe problemas de acesso para as meninas decorrentes de seu sexo e permanência para ambos os sexos. Uma segunda conclusão é, assim, que existe um problema crescente de acesso e permanência na escola para pessoas do sexo masculino, que aparece mais claramente na desproporção entre rapazes e moças que frequentam o ENSINO MÉDIO e nas altas taxas de analfabetismo entre homens jovens no BRASIL. Uma das explicações mais frequentemente mencionadas no BRASIL para esta situação escolar dos meninos seria maior presença no mercado de trabalho, uma vez que a maioria daqueles com dificuldades escolares provém das camadas populares. Segundo essa ideia, eles abandonariam os estudos pela necessidade econômica das famílias (IBGE,2005) indicam que de um total de 5,3 milhões de crianças e de jovens entre 5 a 17 anos que trabalham em 2004 ,3,4 milhões eram do sexo masculino concentrados na faixa de 14 anos. Contudo em 2003, entre todas as crianças de (7 a 14 anos), 97,6% estavam na escola: 8,6%, além de frequentarem a escola estavam inseridas a algum tipo de trabalho. Devido às várias pesquisas parece, portanto que o mercado de trabalho não é a principal explicação para a evasão escolar, seja meninas ou meninos. Por outro lado a estatísticas sobre a ocupação apreendem de forma precária o trabalho doméstico não remunerado, isto é, a participação das meninas nas tarefas domésticas em suas próprias casas e essas pesquisas apontam as meninas de camadas populares teriam uma percepção positiva da escola com um espaço de socialização, de liberdade e de realização pessoal, em face de seu confinamento em casa devido á participação no trabalho doméstico e ás restrições de uma educação tradicional. (COELHO, 1996: DAUSTER,1992, FREITAS,1998, HEIL-BORN,1996) consideram que particularmente frente ao perigo das ruas à violência e à possibilidade de envolvimento com o tráfico de drogas, o empenho de certas famílias em encaminhar o menino ao trabalho pode significar um esforço para melhorar ou complementar sua educação. Temos também relatos suficientes de que a opção pelo trabalho remunerado entre as famílias de baixa renda muitas das vezes vem como decorrência de uma trajetória escolar já marcada pelas dificuldades e repetências. E que as experiências de dificuldades vividas pelos jovens na escola-tais como a repetência, as práticas agressivas e humilhantes de disciplina e as relações conflituosas com os professores- são motivadoras tanto do desejo de abandonar os estudos quanto do ingresso no trabalho. No interior das escolas os principais problemas disciplinas, tanto em quantidade quanto em relação à gravidade das transgressões, referem-se a alunos de sexo masculino, assim afirmam. ROSEMBEG E FREITAS o fato de meninos apresentarem piores resultados escolares que as meninas pode explicar em partes e indiretamente, sua maior participação no mercado de trabalho (2002:111). Dessa forma, parece–me fundamental pesquisar os processos internos a escola e não atribuir as dificuldades acadêmicas dos meninos apenas à pobreza e ao mercado de trabalho. Procurando entender principalmente como os professores avaliam o desempenho escolar de meninos e meninas, vai comentar alguns comportamentos avaliados aqui.
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