TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

GATTACA E A HIERARQUIA SOCIAL LEGITIMADA PELA CIÊNCIA

Por:   •  18/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.677 Palavras (7 Páginas)  •  309 Visualizações

Página 1 de 7

Universidade de São Paulo

Faculdade de Educação

EDF 114 – Sociologia da Educação II

Trabalho Final – Dezembro/2013

GATTACA E A HIERARQUIA SOCIAL LEGITIMADA PELA CIÊNCIA

Alunas: Cinthia Moraes             nUSP 7569414

            Debora T. Almeida nUSP 7091304

            Vivianne Martinho  nUSP 3280426

São Paulo - USP

2013

1 SOBRE O FILME

1.1 Ficha Técnica

Título Original: Gattaca

Titulo em Inglês: Gattaca

Título Nacional: Gattaca – Experiência Genética

Direção: Andrew Niccol

Roteiro: Andrew Niccol

Elenco Principal: Ethan Hawke, Uma Thurman e Jude Law

Gênero: Ficção

Ano: 1997

País: Estados Unidos

Duração: 106 min

1.2 Sinopse

Gattaca se passa num suposto tempo futuro não tão distante onde o avanço científico alcança tal grau no desenvolvimento da manipulação genética em humanos que torna a sua prática muito mais que algo comum, uma obsessão. O Estado tem controle sobre a visão social da qualidade genética e em que tal manipulação genética criou novas espécies de castas, preconceitos e divisões sociais, aparentemente legitimadas pela ciência. Aos pais que desejam ter filhos é dada a oportunidade de escolher e manipular a interação entre seus gametas, para gerarem filhos com a combinação melhor de qualidade genética possível. Esse procedimento acaba criando uma distinção de quem está mais apto para fazer o que na sociedade e como resultado final, gera uma tarja a ser carregada pelo resto de suas vidas: Válido, no geral frutos dessa combinação genética planejada; ou Não válido, humanos menos perfeitos, com mais propensões a doenças e deficiências, mesmo que mínimas.

Vincent Freeman é concebido de forma natural, "fruto do amor" (God’s child). A discriminação, então, provém da ciência. Uma nova sociedade, com novos valores, novos preconceitos – aquilo que podemos chamar de Eugenia. Seus pais, ao perceberem suas limitações, resolvem, então, ter o segundo filho pela forma tradicional da época. Nasce Anton que, desde a infância, apresentava uma vitalidade e aceitação social favorável, bem diferente do irmão. Vincent, mesmo na condição de "inválido", tendo predisposição a várias doenças e uma previsão de sua morte para seus 30 anos, vence seu irmão em uma corrida de natação, e passa, assim, a buscar realizar seu sonho contra tudo e todos. Deseja Viajar para as estrelas e, com todo seu esforço e um pouco de corrupção do sistema, tenta superar os limites impostos ao seu destino, sendo obrigado a esconder de todos quem ele realmente é. Vincent assume a identidade de Eugene, submetendo-se a diversos tratamentos para se tornar mais parecido com ele e adquirindo hábitos necessários para sustentar esta identidade, tais como esfoliação constante, limpeza dos objetos onde toca para eliminar ao máximo os resquícios do corpo "inválido" como fios soltos, unhas e pele. Tem ainda de transportar consigo amostras de sangue e urina de Eugene para os constantes testes médicos a que está sujeito e para enganar os sistemas de identificação. Ao passar-se por um válido, Vincent consegue tornar-se um dos melhores pilotos da Gattaca. No entanto, um assassinado coloca a sua vitória sobre o sistema em risco, uma vez que, na busca da polícia ao edifício, é encontrada uma pista que coloca Vincent, um inválido, na empresa onde só deveriam existir válidos, fazendo dele o principal suspeito.

Ao final, Vincent volta a reencontrar o seu irmão e volta a vencê-lo, mostrando a força da vontade, a força de prosseguir a atingir um objetivo, de mostrar a si próprio que se é capaz. Mesmo na sociedade dos dias atuais é importante ter sempre presente esta noção para que não aceitemos o que nos é imposto ao ponto de construirmos uma sociedade discriminatória e injusta para a qual o filme nos tenta alertar.

2 DETERMINISMO E CAPITAL CULTURAL

3 DESIGUALDADE E BIOPOLÍTICA

4  MERITOCRACIA

A Meritocracia tende a ser mencionada em um tom de aprovação hoje em dia. Sua ascendência é vista como uma medida de progresso. A grosso modo, avalia-se que no passado, eram as famílias de nome que herdavam assentos em gabinetes e no conselho de administração de grandes empresas. Hoje em dia, as pessoas conquistam o sucesso através de sua inteligência e trabalho duro. Mas o filme Gattaca pinta um retrato futurista de uma sociedade, onde uma elite baseada em classes foi substituída por uma hierarquia de talento adquiridos através de alterações genéticas. O poder pertence àqueles cujo nascimento não ocorrera de maneira natural, os demais, por sua vez, sem talentos apreciáveis, nada podem fazer a não ser se revoltar.

O mundo está começando a se parecer um pouco com a visão do pesadelo apresentada pelo filme. A pequena parcela de ricos veem suas rendas dispararem devido ao valor que uma economia globalizada de alta tecnologia atribui a pessoas inteligentes. E por sua vez educam-se em faculdade de administração de elite, casam-se entre si e gastam seus fundos de modo inteligente em aulas de mandarim e garantindo o maior padrão de cultura para seus filhos. É bom que o dinheiro flua rumo ao talento, em vez de ser conquistado devido ao poder de contatos, e que pessoas invistam na educação de seus filhos. No entanto, os ricos “inteligentes” estão se transformando em uma elite muito distante. Fenômeno que ameaça a igualdade de oportunidades.

4.1 A Meritocracia em Gattaca

No filme, o aspecto meritocracia está claramente estampado e evidenciado na sociedade apresentada. O fator da eugenia legitimada pelo desenvolvimento científico que o filme expõe, baseia-se, a princípio, na boa ação de possibilitar àquelas pessoas geneticamente modificadas que lhes sejam oferecidos os melhores trabalhos e as melhores condições de vida como prêmio pela sua qualidade superior; já aos "naturais" em detrimento de valores éticos ou morais, a sociedade futurista os condena por suas qualidades geneticamente inferiores aos piores empregos e condições marginalizadas. Esta concepção de mérito foi apresentada por Lívia Barbosa em seu livro Igualdade e meritocracia: a ética do desempenho nas sociedades modernas, a qual salientou duas concepções a respeito da meritocracia: uma negativa e outra afirmativa. A negativa é evidenciada pela rejeição a todo e qualquer privilégio decorrente de questões hereditárias e corporativas e que valoriza e avalia as pessoas independentemente de suas trajetórias e biografias sociais. Esse sentido negativo não atribui importância a variáveis sociais como origem, posição social e econômica e poder político no momento em que se pleiteia um cargo. O sistema que se defende é o da aristocracia de talentos que contrapõe privilégios hereditários e ideais democráticos atuais. Certamente este é o ponto de consenso social. Já do ponto de vista afirmativo, Barbosa concebe a meritocracia como sendo o critério básico de organização social e institucional segundo o qual deve ser valorizado o desempenho das pessoas, o conjunto de talentos, habilidades e esforços. Nesse ponto, especificamente, é que deixa de haver consenso do que seja meritocracia. Os critérios passam a ser excludentes. No filme notamos claramente que o mérito não é concedido aos que possuem melhor desempenho, mas sim aos que possuem maior qualidade genética.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (11 Kb)   pdf (140.8 Kb)   docx (17.2 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com