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Ludico na alfabetização

Por:   •  8/7/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.461 Palavras (6 Páginas)  •  895 Visualizações

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Segundo Friedmann (1998, p. 29):

[...] as brincadeiras eram fórmulas condensadas de vida, modelos em miniatura da história e destino da humanidade. A brincadeira era fenômeno social do qual todos participavam e foi só bem mais tarde que ela perdeu seus vínculos comunitários e seu simbolismo religioso, tornando-se individual.

A brincadeira considerada como um vício no começo da idade moderna foi introduzida nas instituições educacionais por filantropistas, com intuito de tornar esses espaços prazerosos e também como um meio educacional.

Neste sentido, Craidy e Kaercher (2001, p. 103) afirmam que:

A criança se expressa pelo ato lúdico e é através desse ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos. É pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória da aquisição de um novo fazer, incorporando-o a cada novo brincar.

É brincando, que a criança vai construindo os alicerces da compreensão e utilização de sistemas simbólicos como a escrita, assim como da capacidade e habilidade em perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no outro. Esse processo tem início desde o nascimento, com o bebê aprendendo a brincar com a própria mãozinha e, mais adiante, com a mãe. Isto se pode confirmar com o pensamento de Benjamin (1984, p. 48) quando diz que por meio da brincadeira a criança atua no mundo a sua volta, interpretando-o e dando sentidos. Segundo o autor, o brinquedo traz em si uma dimensão histórica. Ou seja, o brinquedo possui significados que indicam uma época vivida, significados que tem valor cultural e que a própria criança dá. É importante ressaltar que o brinquedo é peça fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança; a ação dela sobre o mesmo faz com que interaja com o mundo que a rodeia.

O brinquedo tem uma contribuição ímpar na vida da criança, pois toda experiência que ela vive vem do hábito de observar a atuação dos adultos com os objetos. Assim, quando a criança está em contato com um determinado brinquedo, intencionada de brincar, ela cria suas brincadeiras com base nas referências adquiridas e recria conforme suas necessidades, adquirindo a consciência da realidade. Isto se confirma com o que Porto (1998, p. 177) diz:

O brinquedo é visto como um objeto que dá suporte a brincadeira. Através do brinquedo, a criança vê sua brincadeira se rechear de novos conteúdos, de novas representações que ela vai manipular, transformar ou respeitar, apropriar-se do seu modo.

Para alguns pensadores, as atividades lúdicas realizadas pelas crianças permitem que ela se desenvolva, alcançando objetivos como a linguagem, a motricidade, a atenção e a inteligência.

Fortalecendo esta afirmação, Nicolau (2002, p. 78) complementa:

Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona idéias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o seu crescimento físico e desenvolvimento. E, o fundamental, a criança vai se socializando [...] muitas são as habilidades sociais reforçadas pelo brinquedo: cooperação, comunicação eficiente, competição honesta, redução da agressividade. O brinquedo permite às crianças progredirem até atingirem um nível de proficiência formidável.

O papel da escola é promover a facilitação corporal (conhecimento do corpo e suas potencialidades); exercícios realizados com olhos fechados facilitam esse conhecimento; - espacial, posicionado a criança em espaços diferenciados; - temporal vivida a partir da marcação rítmica, - escrita, através da movimentação ampla, direção esquerdo-direita.

Foi Gouvêa (1967, p. 10) quem usou a frase; antes das descobertas das numerosas vitaminas, já haviam encontrado a mais importante para as crianças; a vitamina “R” (recreação); para ela a recreação ou atividade lúdica é tudo quanto diverte e entretém o ser humano e envolva a ativa participação.

Chama-se atenção para a possibilidade de o jogo imaginário ser usado para facilitar a aquisição da linguagem, tanto oral como escrita, sendo que, No ensino da leitura e escrita, deve-se levar em conta o relacionamento da estrutura da língua e a estrutura do lúdico. Podem-se também estabelecer relações entre o brinquedo sóciodramático das crianças, na sua criatividade, desenvolvimento cognitivo e as habilidades sociais.

Entre elas destacam-se: criação de novas combinações de experiências; seletividade e disciplina intelectual; concentração aumentada; desenvolvimento de habilidades de cooperação entre outros.

Para a criança, as brincadeiras proporcionam um estado de prazer, o que leva à descontração e, consequentemente, ao surgimento de novas idéias criativas que facilitam a aprendizagem de novos conteúdos e interações conscientes e inconscientes, favorecendo a confiança em si e no grupo em que está inserida.

Diante disto, a escola precisa se dar conta que através do lúdico as crianças têm chances de crescerem e se adaptarem ao mundo coletivo. O lúdico deve ser considerado como parte integrante da vida do homem não só no aspecto de divertimento ou como forma de descarregar tensões, mas também como uma forma de penetrar no âmbito da realidade, inclusive na realidade social.

As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se perceber a importância do professor conhecer a teoria de Vygotsky. No processo da educação infantil o papel do professor é de suma importância, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do conhecimento.

A desvalorização do movimento natural e espontâneo da criança em favor do conhecimento estruturado e formalizado ignora as dimensões educativas da brincadeira e do jogo como forma rica e poderosa de estimular a atividade construtiva da criança. É urgente e necessário que o professor procure ampliar cada vez mais as vivências da criança com o ambiente físico, com brinquedos, brincadeiras e com outras crianças.

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