Memorial Contrariando as Expctativas
Por: canseidaUERJ • 4/11/2016 • Abstract • 1.183 Palavras (5 Páginas) • 308 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO / CEDERJ / UAB
Centro de Educação e Humanidades
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Curso de Licenciatura em Pedagogia, modalidade a distância.
Coordenador: profº Dirceu Castilho.
Tutoras presenciais: Geanny Leal, Isabella Araújo e Ludimila Fernandes.
Tutora à distância: Daniele Kazan e Andrea Queila Gomury
Aluno (a): Tatiane Guimarães da Silva Polo: Itaguaí Data: 28/08/2015
E: mail do aluno (a): tatiane_guimaraes@yahoo.com.br
Contrariando as expectativas.
SILVA, Tatiane. Contrariando as expectativas. 2015. 05f. Memorial apresentado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro como pré requisito do processo de avaliação na disciplina Seminário V, do curso de licenciatura em Pedagogia – EAD, da Faculdade de Educação da UERJ. Rio de Janeiro, 2015.
Filha de mãe negra e viúva quando eu tinha apenas 8 meses de idade, mãe de três filhos e merendeira, sempre estive fora do esperado para minha classe social. Estudei em escola particular desde o início da vida escolar. Concluí o antigo segundo grau em um Colégio Tradicional, onde só estudavam os mais abastados do meu bairro. Minha mãe, embora possuísse apenas o ensino fundamental sempre incentivou os três filhos a estudarem. Sentia o peso de uma vida sem cultura e educação. Merendeira na Escola Municipal Ronald de Carvalho e depois na Escola Municipal Tenente Renato César, ambas em Santa Cruz, cultiva, hoje, cinco hérnias de disco em consequência do pesado serviço que compreendia, além da preparação de refeições, carregar sacos de dezenas de quilos de alimentos e panelas grandes. A mudança de função foi uma necessidade imposta pela Secretaria Municipal de Saúde, depois de várias inspeções, quando minha mãe foi trabalhar na 10ª CRE, setor burocrático que exigia mais de suas habilidades intelectuais. Foi, quando, por influência da diretora, passou a adquirir livros e montou uma estante deles, com enciclopédias, atlas, romances, literatura infantil. Com a nova atividade, passou a investir em conhecimento, e eu e meus irmãos podíamos manusear, ler, matar nossa curiosidade.
Num outro meio de trabalho, minha mãe passou a perceber a importância de investir em nosso futuro. Sem nenhum conhecimento pedagógico e atropelando fases, ensinou-me a “ler” aos 2 anos e meio, quando me matriculou numa pequena escola particular, idealizada por professoras que a construíram nos fundos de suas casas em seu quintal. Uma escola que cresceu verticalmente, num espaço não planejado, mas que era muito . Seu público era composto por crianças de classe baixa, cujos pais ganhavam de 1 a três salários mínimos.
Voltando à minha vida escolar, lembro de duas professoras que foram marcantes em minha história. A primeira chamava-se Margarida. Podia mesmo ser comparada a uma flor. Tinha o perfil ideal para uma professora de Educação Infantil. Entre tintas, desenhos e contos, vejo, até hoje, o rosto de minha primeira professora. Carinhosa, gentil e firme, tinha uma canção na ponta da língua para cada hora do dia e também chamava atenção quando necessário. As paredes de nossa sala eram alegradas por desenhos e trabalhos de nossa autoria.
A escola foi crescendo junto comigo. Nada preocupada com sua infraestrutura, a cada período de férias que nos ausentávamos, uma nova sala era erguida. O lúdico deu lugar a paredes lisas, de uma só cor. Ingressando na 1ª série, vieram as muitas matérias. OSPB, Educação Moral e Cívica
atendia de nossa rotina entrar em forma e cantar o Hino Nacional às quartas. Vivíamos o período pós ditadura (1964-1985) e os cultos nacionalistas eram incentivados com fervor. Desde meu ingresso na Educação Infantil até a sétima série, atual oitavo ano, a moeda corrente mudou cinco vezes e a inflação não era contida.
Contexto: Constituição de 1988.
As diretoras pareciam estar preocupadas com o currículo diferenciado. Tínhamos aulas de inglês, francês e aulas de psicologia, na qual o professor falava sobre sexualidade, drogas e outros assuntos que preocupam pais de pré adolescentes. Quando o espaço ficou demasiadamente pequeno pela construção de salas, as gestoras alugaram uma quadra esportiva, onde tínhamos, além dos jogos, aulas de teatro e ginástica olímpica. Era uma escola a frente do seu tempo, com inovações para a classe baixa.
Ao ser aprovada para o segundo grau, tive de sair da escola, na qual passei 11 anos e esse rompimento foi complicado. Deixei amigos e professores muito queridos, que eram como uma família. Prestei concurso para o ensino técnico para a Escola Pública Estadual Miécimo da Silva, onde fui aprovada para cursar o Técnico em Administração, mas acabei não ocupando a vaga. Meu irmão mais velho, que completara o ensino fundamental em escola pública, e havia se formado na Academia da Força Aérea, fez questão de pagar meu segundo grau numa escola particular em Santa Cruz, cujo público era composto pelas classes média e alta, em sua maioria filhos de burgueses e profissionais liberais.
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