NÃO A DIDATIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL: uma proposta artística para a contação de história nos espaços escolares
Por: Gabriela Marques • 27/3/2017 • Artigo • 5.808 Palavras (24 Páginas) • 592 Visualizações
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NÃO A DIDATIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL: uma proposta artística para a contação de história nos espaços escolares
TÂNIA MARQUES
Itajaí
Outubro, 2015
TÂNIA MARQUES
NÃO A DIDATIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL: uma proposta artística para a contação de história nos espaços escolares
Artigo científico apresentado ao Curso de Pós Graduação Lato Sensu da FACEL, como requisito para obtenção do certificado em Contação de História.
Prof. Orientadora: Ma. Marília Soares
Faculdades FACEL
Itajaí
2015
NÃO A DIDATIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL: uma proposta artística para a contação de história nos espaços escolares
Tânia Mara Fernandes Marques¹
Marília Soares²
RESUMO
Este artigo tem como tema central a contação de histórias, como prática artistica em contextos escolares. Através da prática e de várias pesquisas de diferentes autores, pretende-se contrapor a didatização da literatura infantil, prática excludente, em detrimento a uma proposta artística, lúdica e de fruição literária. O que frequentemente se vê na escola, até na Educação Infantil, é uma literatura que vem para servir outros conteúdos uma literatura pela metade, que vem para servir a outros fins, que esta ligada a tudo menos a beleza artística da obra. Quais contadores de história não ouviram pedidos calorosos de professores pedindo indicações de livros para ensinar cores, números, formas e letras? Mais professores, muito mais que auxílios didáticos, as obras são possibilidades de aprendizagens infinitas! E se é na escola que os leitores estão ou deveriam estar é pra lá que os contadores de histórias devem ir.
Palavras chave: Contação de história; prática artística; didatização.
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¹ Especialista em Contação de História: Literatura Infantil e Infantojuvenil Pós-graduação Faculdade FACEL e-mail: tania_marques75@hotmail.com
² Mestre em Educação: Ensino Superior – FURB. E-mail: marisoar@terra.com.br
1 INTRODUÇÃO
Existe uma relação entre o professor não leitor com o aluno não leitor, entre a família não leitora e a criança e o adolescente não leitor, entre o meio não leitor e o cidadão não leitor.
Fontes como Instituto Pró-livro (via IBOPE), Instituto Montenegro e a Organização não governamental: Ação educativa, comprovam que a leitura, no País, ainda não tem tido um desenvolvimento adequado na escola, nem tampouco fora delas. Todos os dados apresentados referente a leitura,demonstram a necessidade imediata de políticas públicas de leitura que garantam além da compra de materiais de qualidade, a oferta e incentivo à programas referente a promoção literária e cultural, primeiramente a professores,promotores de leitura e contadores de história, garantindo assim o desencadeamento de ações pontuais e efetivas referentes a leitura.
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA 2012 nos apresenta uma classificação no mínimo preocupante, em um ranking de 65 países o Brasil está na 55º posição em leitura.
Além de toda a dificuldade em relação a políticas públicas consistentes e de qualidade referente a leitura, temos que lidar com fatores externos, como a baixa renda, a desestrutura familiar e a vilã atual: a Internet. Em todos os níveis e camadas sociais, o objetivo é formar leitores críticos, reflexivos e esteticamente sensíveis. Em qualquer suporte, a leitura tem que ser instrumento edificador das inteligências.
Mas a instituição escolar ainda é a detentora do maior tempo e práticas de estímulo ao ato de ler. Então como negar a imensa responsabilidade destes espaços em relação ao incentivo a leitura. Daí a necessidade urgente de fomentar práticas e que estimulam a leitura e literatura como fonte artística e cultural. Com urgência as práticas que buscam estimular as mais variadas formas de acesso e a permanência ao mundo leiturizado e não só alfabetizado devem ser criadas ampliadas e mantidas.
Nesta busca de aliar a literatura a este mundo de muitas possibilidades que ela representa, a contação de histórias vem como uma aliada ao processo de encantamento entre o leitor e a obra, entre o aluno e o livro entre a busca e o encontro, daquele que lê. Com o infinito mundo de possibilidades que só a literatura pode trazer. A literatura assim passar de mera coadjuvante e suporte paradidático, para tornar-se a protagonista, abrindo um leque de infinitas possibilidades. Contar histórias assim passa a ser um ato de celebração artística e o livro ou as histórias serão suportes infinitos de aprendizagem e diversas outras possibilidades.
O professor nesta prática tem a possibilidade de encantar o ouvinte e garantir que seus alunos tornem-se verdadeiros leitores! Quanta responsabilidade!
1 ERA UMA VEZ
Junte crianças e a adolescentes nascidos e criados no XXI, professores formados no século XX, trabalhando em escolas arcaicas com modelos de estrutura física e curricular de séculos anteriores. Misture tudo, pronto, o caos está estabelecido! Agora aliado a toda essa caos do modelo escolar vigente, junte a sociedade cada vez mais caótica, e barulhenta, que na mesma medida que busca informações cada vez mais atualizadas e conectadas, expressa um desejo gritante de silenciar-se, de calar-se de escutar-se. O homem caramujo carrega sua casa nas costas, seus contatos, contratos, informações, transações financeiras, fotos vídeos, receitas, lojas, fala com o mundo, em um Clic... Só não fala com o filho, pois quando ele sai está dormindo e quando ele retorna do trabalho esta dormindo novamente.
A mídia, comparsa deste turbilhão chamado mundo globalizada, cada vez mais devoradora, gera outro caos, talvez o mais devastador, o caos interno. O conceito de belo, as muitas possibilidades, a falsa idéia de uma alegria constante e irreal, gera um vazio inevitável, o conflito de valores, a dificuldade de discernir o que é certo, ou não, o aceitável do absurdo, o limite entre a razão e a loucura!
Então para onde ir? Nem a Lua é o limite, para Marte se vai daqui a pouco, mas o homem não consegue uma hora com seu filho. Não, agora é tarde, ele já está dormindo, e adormeceu sem ouvir uma história, uma se quer!
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