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O Conceito de Infância e Adolescência Como Uma Construção Social

Por:   •  7/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.332 Palavras (6 Páginas)  •  229 Visualizações

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[pic 1]UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Alunas: Lorena Pio da Silva e Patrine Viana Vanini

Matrículas: 2020103200 e 2020103157

Disciplina: Psicologia da Educação

A infância, assim como a adolescência, é uma construção social. Na idade média, o conceito de infância ainda não existia. Todos exerciam o mesmo papel social. Trabalhavam, casavam, tinham filhos e o ciclo seguia. A partir do menarca meninas já podiam se casar e consequentemente procriar.

Assim que os bebês passavam da idade de alta mortalidade infantil, ou seja, se tornavam sobreviventes, os mesmos já se vestiam e eram tratados como “mini adultos”. Inclusive, a mortalidade infantil nesta época era altíssima, visto que os pais não sabiam como cuidar corretamente de seus filhos e isso acabava acarretando a falta de higiene e até maus tratos.

Uma cantiga da época de autoria de Alfonso X, que se chama “Miragres muitos pelos reis faz” ficou conhecida por relatar um milagre de Santa Maria que ressuscitou a filha d rei D. Fernando. Mas o mais impressionante é que essa cantiga também falava sobre a mortalidade infantil, como podemos ver a seguir.

Miragres muitos pelos reis faz

Como Santa Maria resucitou ha infante, filla dun rei, e pois foi monja e

mui santa moller

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Desto direi un miragre que vi

que en Toled' a Virgen fez ali

na ssa capela, e creed' a mi

que faz y outros miragres assaz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Esta capela no alcaçar é

da Santa Virgen u ficou a fe,

e dentro ha ssa figura sé

feita como quando pariu e jaz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Esta fez pintar o Emperador,

o que de tod' Espanna foi sennor;

mas o bon Rei Don Fernando mellor

a pintou toda, o corp' e a faz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

A este Rei ha filla naceu

que a Santa Maria prometeu,

des i aa orden offereceu

de Cistel, que é santa e de paz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Esta mena ssa madre criar

a fez pera às Olgas a levar

de Burgos; mais la men' a[n]fermar

foi e morreu, de que mao solaz

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Toda a noite ssa ama levou,

ca de doo a matar

-se cuidou;

e a sa madre logo o contou,

e ela fez como a quen despraz

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

De lle morrer sa filla. E enton

foy

-a fillar e diss' assi: «Pois non

quis a Virgen, a que te dei en don,

que vivesses, mais quiso que na az

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Dos mortos fosses por pecados meus,

poren deitar

-

t

-ey ant' os pees seus

da ssa omagen da Madre de Deus.»

E fez

-lo logo, par San Bonifaz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

A todos da capela fez sayr,

des i mandou ben as portas choyr;

e as donas fillaron

-ss' a carpir,

e ela chorando pos seu anfaz

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

E disse: «Ja mais non me partirei

daquesta porta, ca de certo sey

que me dará a Madre do bon Rei

mia filla viva; senon, de prumaz

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Tragerei doo ou dun anadiu.»

E esto dizendo, chorar oyu

a menynna, e as portas abryu

e fillou

-a nos braços mui viaz,

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Chorand' e dizendo: «Beita tu

es, mia Sennor, que pariste Jhesu

Cristo; e poren, cada logar u

for ta eigreja, ben ata en Raz,

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

Darei do meu.» E ben assi o fez;

e levou ssa filla daquela vez,

que deu nas Olgas, logar de bon prez,

malgrad' end' aja o demo malvaz.

Miragres muitos pelos reis faz

Santa Maria cada que lle praz.

A cantiga não fala apenas da ressureição divina da menina, mas também mostra como era “normalizada” a questão da morte entre as idades mais baixas.

A idade média pode ter acabado, e pondo um ponto final nela vieram as grandes revoluções, a indústria cresceu, o capital se tornou o centro dos negócios, tudo a partir daquele momento girava em torno do capital. Com a infância não seria diferente. As mulheres precisavam trabalhar nas fábricas assim como os homens para garantir o sustento da família. Mas, se há família, há filhos. E onde eles estão? Nas fábricas, obviamente. O trabalho infantil nunca foi tão valioso quanto na idade moderna.

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