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O ENSINO DE ZOOLOGIA NOS ANOS 90, 2000 E 2010: UMA ANÁLISE DA ABORDAGEM UTILITARISTA NOS LIVROS DIDÁTICOS DESTES PERÍODOS

Por:   •  25/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  3.391 Palavras (14 Páginas)  •  229 Visualizações

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O ENSINO DE ZOOLOGIA  NOS ANOS 90, 2000 E 2010: UMA ANÁLISE DA ABORDAGEM UTILITARISTA NOS LIVROS DIDÁTICOS DESTES PERÍODOS.

ResumoA visão utilitarista, abordagem a qual pode objetivar os organismos como máquinas e fontes de utilidade humana pode ser nociva a interação natural entre o homem e os outros organismos. Tal abordagem de pensamento permeia pelo ensino básico das mais diversas formas, como em imagens ou até mesmo palavras impressas nas páginas do livro didático. Mediante este cenário, conceitos como o filo platyhelminthes vetor de doenças, peixes sendo abordados em seu ponto de vista alimentício e insetos como seres que picam e causadores de repúdio são introduzidos no cotidiano dos alunos em ambientes formais  de ensino. A partir deste ponto de vista crítico, estipulou-se como objetivo uma análise comparativa temporal entre livros didáticos que já foram circulados nas escolas públicas com a finalidade de analisar como tal abordagem se apresentou nas escolas públicas brasileiras no conteúdo de Zoologia no ensino médio.  Possuindo como resultado uma baixa da abordagem utilitarista no decorrer das décadas nos livros didáticos analisados pelo método proposto neste estudo.

Palavras-chave: Utilitarista, Zoologia, Ensino.

  1. Introdução

Durante a evolução do pensamento moderno, as mais diversas linhas filosóficas apareceram. Dentre elas, a linhagem de René Descartes, a qual argumentava sobre a ausência de alma nos animais. Comparando-os como máquinas a serem manipuladas pelo homem, sem sentimento nem dor (EKATERINA, 2002). Desta forma, o pensamento utilitário delega aos animais uma relação intimamente de uso e serventia, trazendo para o conhecimento escolar este pressuposto para o Ensino em Zoologia.

Azevedo (2016) aponta em seus estudos que o utilitarismo se torna bastante presente na sala de aula e materiais didáticos, e dentro deste espaço formal pode prejudicar os alunos em seu processo de construção de conhecimento nas relações naturais entre os animais, podendo deixar para o mesmo uma mensagem de grau de importância entre os seres vivos, dado um quesito de utilidade humana(CARDOSO-LEITE, 2014).

Sendo o ensino básico obrigatoriamente fornecido para todo cidadão, quase toda a sociedade brasileira passa por este módulo de ensino. Incluindo o ensino médio.  De acordo com a LDB 9394/96 (lei de diretrizes e bases) sessão IV, artigo 35°, parágrafo III umas das finalidades defendidas para o ensino médio é a formação da ética. Ou seja, o ensino médio possui a função de formar cidadãos críticos perante tudo o que há em sua volta e tudo o que o atinge diretamente ou indiretamente. Pois o utilitarismo permeia no conteúdo de zoologia dentro do ensino básico, e sendo a formação ética como uma das finalidades do ensino médio, é necessário fornecer estudos sobre como está sendo disseminada a abordagem utilitarista na formação ética dos cidadãos brasileiros.

        Portanto, o objetivo geral deste artigo é analisar, por meio de um estudo comparativo, se os livros de biologia do ensino médio apresentam uma abordagem utilitarista em relação aos animais e se a forma de como é abordado pelo autor influencia ou não tal linha de pensamento através do corpo do texto ou em gravuras trazidas nos livros em questão. Comparando-os quanto ao tipo de abordagem e sua idade de publicação.

  1. Fundamentação Teórica

1.1.1 O Ensino em Zoologia

O ensino de zoologia formal se dá de forma meramente expositiva e altamente conteudista (AZEVEDO et al, 2012). Onde, a mesma surgiu com o intuito de estudar o animal em prol de sua utilidade para o homem (BEM & SILVA 2007). Contudo, na atualidade, questionada acerca de sua qualidade enquanto abordagem para um Ensino crítico em Zoologia, pois delega a esta biociência uma relação acrítica e unilateral acerca dos saberes zoológicos, uma vez que discussões contemporâneas são negligenciadas em prol de pressupostos utilitaristas (DE AZEVEDO, 2019)

A visão utilitarista é explicita no conteúdo de zoologia e na mídia (CASTILHO et al, 2008). Castilho também defende que a dificuldade maior será da escola, cuja portadora do ensino formal, de se libertar desses conceitos. Tais esses que foram construídos durante reformas educacionais no passar das décadas, onde o livro didático é utilizado como ferramenta política e também segue fases histórico-sociais ( DE AZEVEDO, 2019; DE AZEVEDO et al., 2020).

Ainda, segundo Thomas (1988), o homem é centro e a razão da criação do mundo e os outros seres vivos estão aqui para atender as necessidades dos mesmos, este conceito vem se sustentando em pensamentos religiosos e por isso resiste ao tempo e ainda hoje é utilizada para justificar a exploração do homem sobre os outros animais, mantendo assim esta sociedade consumista na qual estamos inseridos (DE AZEVEDO, 2019). Buffon, um naturalista francês do século XVIII classificava os animais de acordo com a sua utilidade a sociedade humana, sendo então comestíveis e não comestíveis, úteis e inúteis, ferozes e mansos. Ainda no século atual,  é possível identificar esse tipo de classificação no Ensino de Zoologia (SILVA;BELINI, 2000;CARDOSO-LEITE, 2014).

Portanto o utilitarismo ainda hoje pode persistir como uma tendência nos passar das décadas de ensino e fases histórico-sociais. O Ensino de Zoologia ainda se baseia em práticas antigas, como decorar a classificação do animal e sua função para humanidade, onde a abordagem utilitarista no Ensino de Zoologia permeia (AMORIM et al, 2001).

        O malefício desta abordagem se dá pela quebra da comunicação do homem com os demais animais, onde, a mesma deixa claro que os animais estariam no planeta para servir a espécie humana e que há um “ranking” de valorização do animal dada sua utilidade humana (ROCHA et al, 2013; CARDOSO-LEITE, 2014) ).

Porém a formação do docente influencia diretamente, um professor com que obteve uma formação mais crítica e melhor fundamentada em práticas pedagógicas terá melhores habilidades de argumentação e percepção de abordagens desejadas e indesejadas durante sua execução da práxis pedagógica e ter condições de ir além de um ensino de zoologia altamente descritivo para um mais amplo como o animal e suas interações (AZEVEDO, 2016). A abordagem dos organismos em seu habitat, hábitos alimentares e até seu comportamento é importante para a compreensão de um todo, porém deixado de lado pelos professores de biologia (KRASILCHIK, 2005).

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