O RELATÓRIO DE ESTÁGIO: OBSERVAÇÕES DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Por: gislaine81 • 10/1/2022 • Trabalho acadêmico • 4.887 Palavras (20 Páginas) • 181 Visualizações
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THALLES RICARDO DE MELO SILVA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO: OBSERVAÇÕES DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Professor Orientador: Especialista Adival José Reinert Junior
SÃO FRANCISCO DE PAULA-RS
21/10/2020
INTRODUÇÃO
Quando fora anunciado o primeiro caso de SARS-CoV-2 na cidade de Wuhan, na China, não se imaginara o impacto que o vírus poderia causar. Devido à baixa mortalidade, a princípio, a própria China minimizara os efeitos do vírus, todavia, em pouco tempo, o discurso mudara. Isto se deu ao rápido nível de contágio, que forçara, àquelas pessoas com sintomas graves da doença, cuidados específicos, como a intubação mecânica para auxiliar na respiração quando houvesse casos clínicos graves. Por conseguinte, com um grande contingente de enfermos, o sistema de saúde poderia entrar em colapso, não conseguindo prestar assistência à vida da população.
Por ainda não ter um tratamento para a SARS-CoV-2, com a finalidade de minimizar os impactos do vírus, fora implementado, em Wuhan, uma rígida medida de isolamento social a fim de que o vírus não se propagasse, diminuindo, assim a curva de contágio. Esta medida tinha um claro objetivo, o de não colapsar o sistema de saúde. Após alguns meses, esta realidade transcenderia a província de Wuhan.
Em pouco tempo, devido ao alto grau de contágio, o vírus se espalhou pelo mundo. Os casos mais acentuados, em um primeiro momento, ocorreram na Itália, Reino Unido e Estados Unidos da América. Nestes países, a princípio, os efeitos da pandemia foram minimizados, relativizando, assim, a importância das políticas de isolamento social, que àquela altura já eram recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como medida desaceleração do contágio. Por conseguinte, o sistema de saúde destes países não deu conta de abarcar todo o contingente de casos graves, aumentando o número de mortos.
No Brasil, o padrão se repetiu, pois os números de casos eram grandes, e o sistema de saúde beirou o colapso. Além, disso, na esfera política, o discurso da União era difuso e, ao mesmo tempo que negava os efeitos da pandemia, buscava atenuá-los. Uma das medidas para diminuir a curva do contágio, assim como ocorrera em outros países, foi a paralização do sistema de ensino de modo presencial.
A paralização das aulas ocorreu em todas as etapas da educação, tanto na esfera pública como na privada. Apesar de a medida se justificar por auxiliar na atenuação do aumento exponencial dos casos de COVID-19, os impactos da paralização no processo de ensino-aprendizagem deveriam ser repensados. Assim, uma série de medidas foi tomada por cada sistema de ensino, visando, pois, prosseguir com os processos de ensino-aprendizagem.
Uma decisão tomada e replicada em diversas esferas foi a instituição do ensino remoto, que consistia na interlocução dos instrumentos pedagógicos por meio da mediação das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Neste meio, o processo de ensino-aprendizagem se estabelecia à distância, o que gerava desafios aos professores, pais e alunos. Como um exemplo prático, a proposta pedagógica deveria ser elaborada pela equipe diretiva e professores, e participação dos estudantes e da comunidade escolar neste processo seria restrita aos meios de comunicação digital. Outra novidade é a relação entre alunos e professores, que era feita por via digital. Aplicação das atividades, destarte, era orientada pelo professor, entretanto, muitas vezes, quem precisava estabelecer a mediação entre as tarefas eram os familiares.
Portanto, essa nova configuração condiciona novos desafios às famílias, à docência, à escola e aos alunos. Ao pensar nessas relações estabelecidas, pensou-se em desenvolver o trabalho de observações do estágio nesse lócus de análise. Apesar de a pandemia ser temporária em termos longitudinais, as relações mediante tecnologias da informação estão cada vez mais presentes. Estas transcendem o espaço privado e vão para as escolas. Este diálogo torna-se deveras importante em nossa sociedade contemporânea e deve ser explorado pelo campo pedagógico. Assim, aventa-se a seguinte questão: de que modo as relações de ensino-aprendizagem são estabelecidas durante o período de ensino remoto?
Como universo de análise, escolheram-se instituições de educação infantil do estado do Rio Grande do Sul. Mais precisamente, no município de São Francisco de Paula. O objeto de análise é uma professora de educação infantil do município. Assim, esta foi entrevistada. A escolha foi motivada pelo critério de aproximação. Devido à pandemia, empreendeu-se a escolha de entrevistar quem já tinham contato com o pesquisador, pois, caso outras pessoas fossem entrevistadas, haveria o risco de contágio pelo vírus tanto do pesquisador como dos entrevistados.
O trabalho está dividido em 4 partes. A primeira é essa introdução. A segunda compreende o desenvolvimento teórico. Para a análise, foram utilizadas teorias sobre a relação de ensino-aprendizagem. Para entender os processos pedagógicos, a lente analítica de Lev Vygotsky foi usada. Entende-se que o desenvolvimento da criança está circunscrito no âmbito relacional entre indivíduo e meio social, que é mediado pelos símbolos culturais. Portanto, o material empírico será analisado por esse viés. Por conseguinte, a terceira parte é traz as análises das entrevistas. Por fim, um quinto capítulo é dedicado às considerações finais.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção empreende a lente analítica da pesquisa. O capítulo será dividido em duas partes. A primeira irá discutir as noções de ensino e aprendizagem a partir das teorias pedagógicas. Como bibliografia, serão utilizados os materiais didáticos fornecidos pelo curso de segunda graduação em pedagogia da UNIBF. Destarte, entende-se que o ensino não pode ser desvinculado da aprendizagem, o que gera a necessidade de utilizar o termo ensino-aprendizagem.
A segunda parte do capítulo é voltada à teoria de Lev Vygotsky. Entende-se que as relações de ensino-aprendizagem se constituem mediante símbolos culturais. Isto pressupõe que o desenvolvimento das crianças se dá por intermédio da totalidade em que está inserida, ou seja, dentro de uma comunidade, que possui seus símbolos culturais. Esta mediação sociocultural deve ser considerada quando as relações de ensino-aprendizagem forem analisadas.
AS RELAÇÕES DE ENSINO-APRENDIZAGEM CONSOANTE O ARCABOUÇO PEDAGÓGICO
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