O Trabalho Final
Por: natdutra123156 • 13/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.797 Palavras (12 Páginas) • 169 Visualizações
DISCIPLINA: CORPO E EDUCAÇÃO
1) “O corpo é o primeiro lugar onde a mão do adulto marca a criança, ele é o primeiro espaço onde se impõem os limites sociais e psicológicos que foram dados à sua conduta, ele é o emblema onde a cultura vem escrever os seus signos e também os seus brasões.” Georges Vigarello MOBILIZE DUAS IMAGENS que expressem as relações entre CORPO E ESCOLA e CORPO E SOCIEDADE, e redija um texto único de reflexão a partir delas.
Para entender as relações na sociedade, tendo como objeto de estudo o corpo, é essencial compreender como ele é visto e percebido em diferentes contextos históricos e sociais. Isso significa que as relações estabelecidas entre os diferentes corpos, como eles são percebidos e a importância dada a eles podem variar de acordo com o tempo, com as visões de mundo e com as organizações sociais. Por exemplo, a luz do que foi discutido ao longo da disciplina, os padrões que ditam quais corpos são ou não bonitos são uma construção social e cultural, a qual é amplamente influenciada pelo momento histórico. Trazendo para esse texto muito do que Silvana Vilodre Goellner afirmou em seu texto “A produção cultural do corpo”, é ainda mais evidente como as visões acerca dos corpos são concebidas e como os diferentes artefatos culturais podem representar e divulgar essas ideias e formas de perceber o corpo inserido na sociedade.
Ainda a respeito da contextualização do corpo como objeto de condicionamentos e determinações sociais, culturais e históricas, é importante frisar o quanto a importância dada ao corpo varia de acordo com o contexto. Isso também é uma verdade quando o assunto são as funções desempenhadas pelos corpos e as formas como eles devem se portar na sociedade. Se na grécia antiga o corpo era o complemento do cidadão pensante e que cultiva nele mesmo um espírito completo e ideal, para aqueles que não eram considerados cidadãos o corpo era o objeto pelo qual trabalhavam e dessa forma trasnformavam a natureza, uma vez que não tinham a chance de desfrutar do ócio “político”. Essas relações se transformaram ao longo da história, e, consequentemente, dentro das relações sociais. No entanto, apesar das claras transformações, uma coisa se manteve constante: o corpo nunca ocupou uma posição tão valorizada quanto a do pensamento e das ações lógicas.
Essa verdade, como mencionado, se mantém uma constante ainda nos dias hoje. O contexto das sociedades ocidentais, marcado pela industrialização e pela urbanização insere marcas sobre todos os tipos de corpos. Além das inscrições relacionadas aos padrões de beleza, os quais são amplamente divulgados pela mídia e constituem uma característica do mercado, é possível perceber aquelas que dizem respeito a inserção dos corpos nas cidades. O modo de vida urbano possui aspectos próprios que condicionam os corpos que desejam ou que são obrigados a se inserir nele. Por exemplo, o transporte, que é uma das maiores preocupações na atualidade, reflete diretamente nos corpos. Se a vida na cidade é em si rápida, essa necessidade é passada também para o transporte e para os corpos, como é possível observar na imagem abaixo:
[pic 1]
Os corpos na imagem nem sequer possuem formas, eles apenas representam o movimento e a fluidez exigida pelas sociedades urbanas. Suas histórias, seus modos de conceber o mundo e até mesmo a forma como a vida na cidade os impactam são ignoradas por uma fotografia que apenas deseja retratar o movimento da sociedade. Já não bastasse, como afirma Cláudio Márcio Oliveira, que “ os deslocamentos pela cidade não são entendidos, na maioria das vezes, como práticas sociais que também educam as pessoas”, (OLIVEIRA, p.2) os indivíduos nessa imagem nem sequer foram o foco da fotografia. Isso significa que, no meio da correria urbana, pouco se pensa sobre o corpo e sobre os impactos desse modo de vida sobre o mesmo. Os sujeitos se inserem em uma realidade que exige deles velocidade e a capacidade de se deslocar eficientemente dentro da cidade, a qual tem reflexos diretos sobre a educação de seus corpos, a saúde e a forma como os mesmos são percebidos e representados.
Tudo o que foi aqui mencionado é verdade, em maior ou em menor medida, quando o objeto de análise é a relação entre corpo e escola[1]. As verdades se mantém constantes uma vez que a interação entre os sujeitos, seus corpos e o ambiente escolar são também condicionadas pelas realidades temporais, sociais e culturais. A título de exemplificação, os corpos na transmissão de conhecimento realizada pelos Sofistas, uma vez que ela ocorria em espaços abertos, não eram tão aprisionados quanto aqueles da educação escolarizada dos séculos passados. Os corpos no ambiente educacional, principalmente naqueles mais tradicionais, estão submetidos a hierarquias que determinam qual o local que eles devem ocupar, como se comportar e quando se expressar, dimensões essas que podem ser notadas na imagem abaixo:
[pic 2]
Assim como nas relações existente entre o corpo e a sociedade como um todo, as interações entre ele e a escola são alteradas na medida em que novas noções temporais e de espaço são criadas, sempre mantendo a constante mencionada anteriormente que não ocupam lugar de destaque. As discussões que serão realizadas nas questões seguintes colocarão em maior evidência o argumento aqui exposto, mas, por hora, é possível afirmar que o tempo dedicado a corporeidade nas escolas, além de insuficiente, é considerado como inferior e como uma atividade secundária. As invenções tecnológicas que marcam a presente era, apresar de não ser possível negar sua importância e necessidade, colaboram para que essa ideia seja ainda mais disseminada. Os aparelhos inseridos no ambiente escolar criam novas percepções de tempo e realidade que desconsideram a necessidade física e material do corpo, assim como é mostrado na seguinte imagem:
[pic 3]
Por meio do aparelho utilizado pelas crianças retratadas na imagem, e, mais comumente, por meio dos aparelhos celulares, os estudantes se distanciam da realidade da sala de aula e o fazem sem a necessidade do uso de seus corpos. Além das problemáticas relacionadas à aprendizagem (quando utilizado em momentos e de formas erradas), é essencial destacar como o agir corpóreo continua a perder o lugar que nunca ocupou nas instituições de ensino. Sendo assim, mesmo com a intenção de ignorá-lo, os corpos são diretamente afetados por essas novas formas de lidar com a realidade, as quais corroboram com a ideia de que a parte dos indivíduos que diz respeito ao corpo precisa ser controlada e deve continuar a ocupar uma função acessória.
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