O conceito de transferência em Freud

Universidade de Brasília - UnB

Faculdade de Educação

Disciplina: Psicologia da Educação

Professora: Marly de Jesus Silveira

Relatório de leitura - 2

A forma com a nossa educação se organiza atualmente supõe que um bom conhecimento sobre o desenvolvimento da criança e um bom conhecimento de um método educativo sejam garantias suficientes para combater o fenômeno do fracasso escolar. No entanto, raramente privilegiam a singularidade do aluno, aspecto que deveria merecer um pouco mais de atenção.

O texto de Kupfer nos mostra a importância do reconhecimento do sujeito do inconsciente nas práticas educativas, o que para a psicanálise, é importante, na intenção de se entender o que norteia o processo educativo. Nesse sentido, tratar do processo educativo pode implicar destacar a figura do professor como aquele que, inevitavelmente, numa visão psicanalítica, é convocado a ocupar um ‘lugar’ que vai além da prática pedagógica. A noção de transferência, que é a mola mestra do processo psicanalítico, poderá contribuir para entender essa relação professor-aluno.

A autora a partir das teorias de Freud mostra que o fenômeno da transferência pode ocorrer em qualquer relação humana. Freud se debruçou sobre a relação: analista-paciente, mas também falou da relação professor-aluno. No filme “A Onda” os jovens em alguns momentos transferem sentimentos que vivenciam em suas famílias para a relação com o professor. É quando ocorre essa transferência que o professor começa a exercer de forma mais efetiva uma relação de poder sobre esses alunos. Sobre esse aspecto o texto de Kupfer também alerta que o professor deve ter cuidado para não fazer “mal uso” desse poder que lhe é colocado.

Outro conceito importante de se destacar é o desejo de saber, pois possui uma relação intrínseca com o conceito de transferência. Segundo Kupfer: "[...] a transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se aferra a um elemento particular, que é a pessoa do professor" (p.91). No início do filme podemos perceber que, os alunos que se inscreveram para o projeto sobre os regimes totalitários, eram alunos que não tinham desejo de saber. O professor ao despertar esse desejo nos alunos, conseguiu estabelecer uma relação com estes e então ensinar, o que acontece também no filme “Escritores da Liberdade”.

Percebe-se durante o filme que o andamento do projeto da disciplina de autocracia mexe muito com a auto-estima do professor Rainer Wegner, à medida que na posição de líder manipula os alunos que o veneram e o obedecem cegamente, enchendo suas aulas, e o reforçando positivamente. Através de palavras de incentivo e apoio moral, que enfatizavam a união, o Sr. Wegner modela o comportamento dos estudantes, nos momentos em que estes agem como ele considera adequado em relação ao sistema imposto naquela sala de aula, reforçando esses comportamentos. Podemos entender um pouco dessas situações à luz do que o texto de Zannoto fala sobre a teoria skinneriana; que diz que "[...]dois modos fundamentais de aprender decorrem dessas interações: o comportamento é diretamente modelado e mantido por determinadas contingências