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O educar e o cuidar

Por:   •  2/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.833 Palavras (20 Páginas)  •  1.094 Visualizações

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O Equilíbrio entre o cuidar e o educar nas turmas da Educação Infantil

                                                                                                    [1]Maria Célia da Silva

                                                                                                [2]Valéria Aparecida Rodrigues

                                              [3]Raquel Balli Cury        

               

 

RESUMO

O presente artigo oferece uma análise crítica dos conceitos "cuidar-educar" e da expectativa anti-escolar em Educação Infantil, suposições que surgem no contexto da busca pela particularidade do trabalho pedagógico junto à criança pequena. O desenvolvimento pretende evidenciar que as palavras "cuidar-educar" pouco fornece para o avanço no entendimento das especificidades do ensino infantil e que o ponto de vista anti-escolar mostra para uma diluição das fronteiras entre a educação escolar infantil e outras agências que tem como objetivo socializar que resulta a descaracterização do papel do professor e revela um compromisso político divergente das necessidades das famílias das classes populares. Mostra-se, então, um breve relato de experiência que apóia a defesa da compreensão da escola de educação infantil como instituição de socialização do conhecimento. Foram realizados entrevistas com professores de uma creche, no município de Santa Vitória, Minas Gerais, a fim de compreender e buscar informações sobre o posicionamento de profissionais em relação aos termos levantados e suas importâncias para o desenvolvimento das crianças.

Palavras-chave: educação infantil; cuidar-educar; Santa Vitória.

 1. INTRODUÇÃO

         A Educação Infantil é uma modalidade de ensino que antecede o ingresso no ensino obrigatório, o ensino fundamental, sendo, portanto importante para a socialização da criança e adaptação na escola tendo em vista o sucesso dentro   do processo educativo.

        Este artigo tem como objetivo compreender como se dá o processo do cuidar e educar nas instituições de ensino municipal de Santa Vitória MG, que atendem crianças com a faixa etária de 0 a 3 anos de idade. O nosso interesse pelo tema surgiu a partir de experiências pessoais vividas no cotidiano de uma creche municipal de Santa Vitória.

         Observando a maneira como professores e os pais interpretam este assunto uma questão se coloca: quais os dilemas e conflitos enfrentados pelos professores de educação infantil em relação ao ato de cuidar e educar? Pretendemos pesquisar como os profissionais desta área abrangem o cuidar e o educar nas turmas da educação infantil dessas instituições, verificarmos como os profissionais estão realizando essa tarefa, e constatar se o agir pedagógico está atendendo as necessidades das crianças, para que essa primeira etapa venha estimular positivamente seu desenvolvimento futuro.

                Se antes essas instituições de Educação Infantil tinham caráter assistencialista atualmente passa gradativamente a adquirir um caráter essencial na vida criança. Entretanto, deve-se ressaltar que esse aspecto ainda persiste em algumas instituições.                         Hoje o debate acerca da Educação Infantil tem apontado a necessidade de que as instituições incorporem o meio-termo, o ponto de equilíbrio entre cuidar e educar. No entanto esta nova concepção enfrenta grandes barreiras diante da história do atendimento às crianças pequenas. Precisamos, enquanto educadores entender que, para uma educação infantil de qualidade, não é possível cuidar de uma criança sem estar educando-a; assim como não é possível educar uma criança sem estar, simultaneamente, cuidando dela.

                 Essa pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, utilizando como metodologia um questionário com perguntas semi estruturadas realizadas com professoras da Educação Infantil em duas creches: ambas da rede pública no município de Santa Vitória MG.

                O artigo teve embasamento nas idéias e conceitos dos autores

                

2. CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA NO BRASIL.

        Segundo Oliveira, até a metade do século XIX, o atendimento as crianças pequenas longe da mãe em instituições como creches praticamente não existia no Brasil.(Oliveira. p.91).

Segundo a autora essa situação vai se modificar um pouco a partir da segunda metade do século XIX, período da abolição da escravatura no país, quando se acentua a imigração para a zona urbana das grandes cidades e surgiram condições para certo desenvolvimento cultural e tecnológico e pra a proclamação da Republica como forma de governo. (Oliveira. p.91)

        Para compreender a formação da identidade da infância e sua educação na sociedade brasileira é necessário compreender a construção das relações entre o fenômeno histórico. Historicamente, a infância significou um período de vida em que a criança não tinha direito a expressar sua vontade, não tinha direito a ter voz e vez. Deveria fazer apenas o que os adultos lhe recomendassem e determinassem.

 

O interesse pela infância propagava pela modernidade inaugura, num certo sentido, a preocupação com a criança e sua formação, porém o objetivo não era a criança em si, mas o adulto de amanhã. Reconhecida como fase da não razão, da imaturidade, as expectativas sobre a infância propagavam um discurso legitimado a infância como uma fase do desenvolvimento humano no qual a criança, ser frágil e dependente do adulto, deveria ser educada e disciplinada para o desenvolvimento pleno de suas faculdades, inclusive da razão. (LUCIMARY. p.58)

 

        A história da educação no Brasil, de certa forma acompanha os parâmetros mundiais, com suas características próprias, acentuada por forte assistencialismo e improviso. As crianças da área urbana eram colocadas nas rodas expostas para serem recolhidas pelas instituições religiosas.

 

Segundo a autora, dessa forma se preservava a vida das crianças que antes eram deixadas à própria sorte em bosques, lixos, caminhos, portas de igreja e casas de família e que quase sempre morriam de frio, fome ou eram comidas por animais antes de serem encontradas por almas caridosas. As rodas foram criadas, também, para garantir o anonimato daqueles que abandonavam seus filhos, para evitar aborto ou infanticídio e, ainda, para defender a honra de famílias cujas filhas haviam engravidado fora do casamento (Azevedo. p.56).

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