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O estresse infantil e as dificuldades de aprendizagem

Por:   •  21/7/2015  •  Artigo  •  5.363 Palavras (22 Páginas)  •  397 Visualizações

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar a relação entre o Estresse Infantil e as Dificuldades de Aprendizagem nas crianças em idade escolar entre 8 e 9 anos de uma escola municipal de Palmeira das Missões – RS.  Os dados foram coletados através da utilização da Escala Stress Infantil (ESI), em que são relacionados a comparação de reações de reações de stress: físicas, psicológicas, psicológicas com componente depressivo e psicofisiológicas. Com isso foram pautadas as reações ao estresse e seus fatores que contribuem para este estado, entendendo as diferenças sociais, culturais e educacionais que distinguem o contexto de vida dos educandos na escola, pois vai interagir com vários mundos diferentes começando pelo educador. As dificuldades de aprendizagem contribuem para que os níveis de estresse aumentem significativamente. Portanto são necessárias novas pesquisas na área do estresse infantil e sua relação com as dificuldades de aprendizagem, para “propiciar” a redução do estresse amenizando o desenvolvimento de doenças e dificuldades transmitidas através do estresse excessivo.

Palavras-chaves: Estresse Infantil, dificuldades de aprendizagem e criança.

INTRODUÇÃO

O que é estresse infantil? Como acontece? Quais as consequências na aprendizagem? eis a questão. O estresse é uma doença e um dos problemas mais comuns que o ser humano enfrenta. Buscam-se soluções através de pesquisas e novos estudos, que possibilitem ao menos amenizar o problema principalmente nas crianças em idade escolar.

Com o passar do tempo às crianças sofrem com as crescentes exigências de se tornar um “adulto em miniatura”, mesmo sem ter noção das responsabilidades, assim se torna uma figura cada vez mais desejada e estimulada na contemporaneidade, em que a sobrevivência dos mais pobres e a desenfreada competitividade dos mais abastados têm apropriando-se muito dos direitos da infância, assim o tempo de brincar torna-se escasso e as crianças são subordinadas a uma escala excessiva de atividades como no mundo adulto.

As pesquisas no âmbito do estresse infantil mostram que as crianças em idade escolar estão estressadas iguais aos adultos, por que o estresse traz sérias consequências no cotidiano da criança.

Outro fator importante que pode desencadear um estresse mais intenso é a escola, pois é uma instituição que influencia diretamente as crianças que podem apresentar sérias dificuldades de aprendizagem dificultando assim o rendimento escolar. Para que a criança desenvolva comportamentos e habilidades, o método educacional deve estar adaptado e que os ambientes escolares não se tornam uma fonte geradora de estresse na vida da criança.

É fundamental saber que o estresse infantil não se manifesta de forma isolada com a presença de alguns sintomas. É necessário descobrir a causa do problema para desenvolver estratégias de lidar com um nível de estresse muito excessivo, proporcionando a criança uma saúde onde ela consiga enfrentar as mudanças que ocorrem em sua vida, promovendo um desenvolvimento saudável, além disso, conhecer os fatores de estresse e sua relação com as dificuldades de aprendizagem para oferecer melhores condições de aprendizagem nas escolas, respeitando as diferenças de cada criança.

Assim responder a questões que constituem em tarefa essencial no presente trabalho, onde objetivou a identificação de quadros de estresse nas crianças em idade escolar entre 8 e 9 anos, a identificação dos principais sintomas apresentados, as fontes estressoras e das estratégias de enfrentamento. O estudo de um tema tão pouco explorado possa trazer esclarecimentos e conscientização e compreensão dos problemas vivenciados pela criança pequena auxiliando os pais, educadores e outros profissionais lidarem com as situações existentes nesse processo.

Portanto, procurou-se apresentar inicialmente um embasamento teórico que se proporciona o esclarecimento da temática pesquisada, assim os conceitos e aspectos relacionados ao estresse, sua relação com as dificuldades de aprendizagem e como se identifica as dificuldades de aprendizagem.

3.1 A criança e o estresse

A vida que se desenha nas sociedades modernas na atualidade, e os próprios processos de adaptação do organismo humano, têm mostrado que a presença do estresse na infância, assim como na vida adulta, é inevitável. Arnold (1999) afirma que as crianças estão constantemente sujeitas aos conflitos advindos de seu ambiente interno e de seu ambiente externo.

Machado (1993) cita os sofrimentos que aparecem pelo simples fato se ser criança, começando pelo nascimento e pelas sensações de fome, sede, frio e dores até então desconhecidas pelo bebê, às quais se segue o afastamento da mão, as frustrações dos desejos, as proibições com que constantemente se depara a introdução de alimentos sólidos, o treino de toalete, as dificuldades ao aprender a andar, as confusões e complicações trazidas pela linguagem falada, e depois, pela escrita.

Lipp (1993) menciona acerca da antecipação da alfabetização escolástica, cada vez mais frequente na sociedade atual, que acaba por tirar a criança de seu mundo infantil, de suas brincadeiras e fantasias, a fim de atender a necessidade de criar gênios e com esses ampliar a competição no mercado.

Desse modo é possível constatar que tanto as situações próprias do desenvolvimento infantil quanto aquelas advindas do ambiente, exigem adaptação por parte do organismo desencadeando um processo que resulta na crescente incidência de crianças com sintomas físicos e psicológicos ligados ao estresse. Nas palavras de Lipp, “muitas das crianças que apresentam uma série de problemas psicológicos e físicos, que fracassam na escola, que usam drogas e que praticam outros atos preocupantes, estão na verdade sofrendo de stress” (Lipp, 2004, p.14)

O estresse infantil quanto o estresse em adultos possuem as mesmas características epistemológicas. Segundo Corroles (1995, apaud Falcone, 1997 p. 97) “o estresse constitui antes de tudo, um fenômeno ou uma reação emocional natural, biologicamente adaptativa e fundamental para a sobrevivência dos organismos”. Assim se compreende que o estresse é inerente a vida.

Para que esse fenômeno seja compreendido, faz-se necessário o conhecimento de seu conceito, seus mecanismos desencadeadores e seus níveis de agravamento.

Assim a infância é um período repleto de aprendizagens. O desenvolvimento que se dá nesta fase da vida ocorre com tamanha rapidez e intensidade, que não se compara a nenhuma outra fase. Ao desenvolvimento físico e mental, agregam-se as circunstâncias sociais de inserção e adaptação ao meio. Segundo Lipp (2000, p. 18):

“Durante seu desenvolvimento intelectual, emocional e afetivo, a criança se confronta com momentos em que a tensão de sua vida alcança  níveis muito altos, as vezes ultrapassando sua capacidade ainda imatura para lidar com situações conflitantes. Se os adultos ao seu redor responderem as tensões da vida com ansiedade e angustia, a criança aprenderá a agir assim também. Mais tarde, quando confrontada com fatores causadores de stress, ela terá a tendência imediata para se sentir angustiada e ansiosa.”

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