RESENHA – NADA DE NÓS, SEM NÓS: A PRODUÇÃO DA CULTURA SURDA NA CONTEMPORANEIDADE
Por: caroline mandelli • 10/12/2017 • Resenha • 821 Palavras (4 Páginas) • 333 Visualizações
Resenha – “NADA DE NÓS, SEM NÓS”: A PRODUÇÃO DA CULTURA SURDA NA CONTEMPORANEIDADE de Violeta Porto Moraes – UFPEL e Angela Nediane dos Santos – UFPEL
O artigo tem como objetivo analisar como a cultura surda está se organizando no movimento surdo em meio a produções acadêmicas e culturais dos surdos, também é importante que se abra novos modos de pensar sobre uma história de lutas que tem sido contada numa perspectiva muito direta e a partir disso, construir verdades absolutas. Para fazer essas análises, as autoras se basearam em discursos referentes à cultura surda, que constam em artigos acadêmicos escritos por surdos. O texto mostra a luta dos movimentos surdos por significação social e pelo seu reconhecimento inclusive no meio acadêmico.
É importante ressaltar que o texto não tem como objetivo criticar o movimento surdo, à comunidade surda e/ou aos escritos surdos, ou que há uma posição em relação ao certo e errado referente às lutas da comunidade surda, o objetivo é pensar de outros modos, uma história de luta que vem sendo contada numa perspectiva linear e a partir disso construir outras verdades.
Nos discursos analisados feitos pelos surdos, referente à cultura surda e que circulam em artigos acadêmicos, o sujeito foi e está sendo produzido, não existe um sujeito prévio, os discursos narram o surdo como sujeito que ‘desperta’ e ‘descobre a sua identidade no contato com a comunidade surda.
Em seu primeiro tema do artigo Violeta e Angela antes de abrirem discussões sobre a cultura surda, mostram algumas considerações sobre o que é cultura, utilizando algumas citações de VEIGA, CANCLINI, BARBOSA e CAMPBELL para basear suas argumentações. Após afirmarem que o termo cultura possui múltiplos significados, concluem que “o entendimento de cultura que este trabalho assume é de processo de luta por significação social ou de arena de lutas pelo sentido que damos ao mundo”.
No segundo tema do artigo “o movimento surdo e sua articulação com o espaço acadêmico”, é apontado o ano de 1999 que foi marcante na constituição dos movimentos surdos, ano esse em que houve mobilização e fortalecimento dos movimentos surdos no Brasil. No final dos anos 80 e início dos anos 90, houveram lutas pelo reconhecimento da língua de sinais como primeira língua dos surdos. Em abril de 1999 ocorreu o V Congresso Latino Americano de Educação Bilíngue para surdos, a presença e o discurso do sujeito surdo passam a ser legitimado e abriram-se novos espaços para a entrada da comunidade surda na Universidade. Com isso o surdo começa a criar a produção de documentos onde consegue se expressar e utilizar isso como estratégia, reconfigurando suas lutas nos movimentos.
No terceiro e último tema do artigo “produção e circulação da cultura surda em diferentes espaços sociais” sobre o conceito de cultura surda, as autoras afirmam que o mesmo muitas vezes está atrelado à língua de sinais e à comunidade surda, e principalmente ao conceito de povo surdo onde elas usam citações de RANGEL, PERLIN, STROBEL e FENEIS para embasar o conceito e a importância de povo surdo, as autoras afirmam que esse conceito atravessa as produções surdas como teses, dissertações, artigos e documentos e que a produção de uma identidade, atrelada ao conceito de povo, também pode ser observada em estudos que não ficam restritos ao povo surdo. Sobre a identidade dos surdos Violeta e Angela usam a citação de FENEIS (1999, p.5),
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