Relátorio

PEDAGOGIA INTERÉTNICA

A Pedagogia Interétnica surgiu em 1978, como resultado de uma pesquisa sobre relações raciais pelo departamento de ciências sociais do núcleo cultural afro brasileiro de salvador, coordenada pelos sociólogos Roberto Santos e Manoel de Almeida Cruz. A pesquisa mostrou que o processo educacional (escola, família, comunidade e meios de comunicação social) é a principal responsável pela transmissão do preconceito e só por meio do processo educacional é possível combatê-lo. Com este reconhecimento o objetivo dessa pesquisa é estudar e pesquisar o etnocentrismo e o racismo transmitidos pelo processo educacional (família, comunidade...) e propor medidas educativas para combatê-lo por meio de comunicação social, o teatro, palestra, debates nas escolas e comunidades para explicar as causas e os efeitos do preconceito racial.

Tendo em vista as variadas instituições que combatem o preconceito racial através da educação, este trabalho apresenta informações através de uma visita técnica em um espaço não formal, MUCANE- Museu do Negro, o qual promove a educação para combate do racismo e resgate da cultura negra. Os autores que estudam e analisam essa educação não formal no Brasil são Walter passos, Ivan costa lima e Manoel de Almeida Cruz.

Sabe-se que a educação não formal é aquela que se aprende no cotidiano, na relação com diferentes pessoas, pela experiência e em espaços fora da escola, em locais informais onde há processos de interação e intencionalidade na ação, na participação, na aprendizagem e na transmissão e troca de saberes. A educação não formal abre possibilidades de conhecimento sobre o mundo que rodeia os indivíduos e suas relações sociais.

Na visita realizada ao museu, com objetivo de conhecer um pouco da sua história o Coordenador Wellington Anjos dos Santos acompanhou todo processo de pesquisa  e transmitiu todas as informações necessárias sobre esse espaço de cultura. Segundo o Wellington o Museu é uma instituição a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, desempenhando um papel na educação dos povos para a compreensão dos aspectos técnicos, econômicos e políticos dos problemas sociais, configurando-se como um instrumento dinâmico de mudança social. 

Esse museu foi criado no dia 13 de maio de 1993 em Vitória/ES, na gestão do governador Albuino Azeredo vinculado à secretaria de cultura, o espaço foi pensado para ser um centro de estudos e pesquisas sobre a memória e cultura negra. O museu é fruto de reivindicações de negros do Espírito Santo, pelo respeito à sua cultura preponderante na formação da identidade nacional.

 A instituição tem objetivo de ser um Museu vivo, espaço de propagação e valorização da cultura negro e afro brasileiro dentro da perspectiva museológica da inclusão social socio-cultural. Portanto, há várias atividades que concretiza esses objetivos como os cursos oferecidos de percussão, cavaquinho, violão danças, teatro, capoeira saxofone entre outros. Toda essa programação é voltada para a sociedade gratuitamente. Para participar a comunidade precisa se inscrever no site da Prefeitura de Vitória no curso desejado, os quais são relacionados nos editais a cada semestre, nesse documento constam os cursos a serem oferecidos o número de vagas e o período de duração.

 O coordenador ressalta que o país tem uma dívida com os negros e afrodescendentes, e o Museu vem fazer um resgate desta divida histórica no passado, por isso essa educação é muito importante para os entes envolvidos. Nessa reflexão, é oportuno lembrar que o escritor Machado de Assis era negro, porém isso não é citado e nem ensinado para as crianças, mas sempre é apresentada a imagem de negros sendo açoitados, como uma raça inferior, contudo o Museu vem cada vez mais resgatar o valor do negro na sua inteligência força e coragem e principalmente como um ser humano com diferentes culturas que precisa ser respeitado.  A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira, nesse caso a lei vem para valorizar o negro através da educação.