Resenha Crítica Pro Dia Nascer Feliz
Por: Thiago Schembri • 9/11/2023 • Projeto de pesquisa • 819 Palavras (4 Páginas) • 93 Visualizações
Aluno: Allan Sampaio
Filme: Entre os muros da escola – Atividade PIBID
Licenciatura em Geografia
O filme é excelente. Gostei muito de ele ser ambientado somente no espaço da escola o que claramente já justifica a escolha sensata do título e as intencionalidades da sua proposta. O aspecto quase documental da produção faz com que tudo se aproxime ainda mais da realidade. A dinâmica da sala de aula preenche boa parte da trama, mas o filme retrata também outras rotinas que acontecem numa escola como: as reuniões entre professores, conselhos de classe, o comportamento dos estudantes nos intervalos das aulas etc... Um aspecto que me chamou atenção é que em algumas das cenas é possível perceber elementos típicos de uma pedagogia liberal tradicional, onde o professor exerce o seu autoritarismo não respeitando as individualidades dos alunos, por exemplo, quando o professor François solicita a Souleymane que fale sobre si e ele retruca dizendo que não se sente confortável para falar de sua vida pessoal e também quando repreende a aluna Khoumba por ela não querer ler o livro durante a aula. Em ambos os momentos é possível perceber uma agressividade nos diálogos e uma evidente preocupação do professor com o produto (entrega dos resultados) maior que com o processo (aprendizado). Em outra cena do filme que falarei mais adiante essa crítica a pedagogia liberal tradicional ficará ainda mais explícita.
Embora o filme transcorra na França é incrível perceber a similaridade com a realidade da escola pública brasileira. O desgaste emocional dos professores, tentando a todo instante manter o interesse dos alunos nas aulas por exemplo. Em uma das cenas o professor de informática externa esse seu desgaste psicológico quando desabafa a outros docentes sobre o comportamento dos alunos. É impossível não compadecer com essa situação porque deve ser extremamente cansativo ter que repreendê-los a todo o momento para conseguir o mínimo de atenção e torna-se até compreensível a rigidez que alguns professores assumem para ter que lidar com situações semelhantes. Por outro lado, percebemos também que a escola não está preparada para lidar com as questões emocionais dos estudantes, eles são desmotivados e não se enxergam como pessoas especiais, não atribuem valor as suas experiências de vida que apesar da pouca idade já é carregada de histórias. Esse é mais um paralelo que faço com a realidade brasileira. Existem também algumas diferenças que merecem destaque. Entre elas eu cito a participação direta de duas alunas atuando como delegadas de turma que se reúnem com a comunidade escolar para discutir sobre seus colegas de sala. Essa participação efetiva dos estudantes em reunião com os professores e diretores/coordenadores foi algo que nunca presenciei nem mesmo no ensino privado onde estudei durante toda minha vida. Todas as decisões que implicavam em diretivas para tomadas de decisões sejam por parte disciplinar ou não eram sempre unilaterais.
Mais um detalhe relevante do filme que vale destacar é o dilema que os professores se veem na tentativa de punir as atitudes dos estudantes. Eles dialogam tentando encontrar um meio termo para que essa repreensão não os prejudique ainda mais. Depois da indisciplina do aluno Souleymane na aula de francês e da agressão não intencional a aluna Khoumba, o professor François discute com os outros docentes se uma intervenção disciplinar traria algum beneficio pra ele já que nesses casos ela sempre terminaria expulsando o aluno. Mais tarde ele descobre por meio da própria aluna Khoumba que caso fosse expulso, seu pai iria fazer com que ele voltasse para sua aldeia no Mali. Com isso também podemos perceber o distanciamento da escola com a realidade de cada aluno. Destaco também a diversidade étnica presente nessa escola que às vezes foi motivo de hostilidades entre os alunos aumentando ainda mais a dificuldade do professor em manter o controle da sala de aula.
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