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Resenha Educação Proibida

Por:   •  12/6/2016  •  Resenha  •  815 Palavras (4 Páginas)  •  787 Visualizações

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UFF
Professora Mary Yale
Aluna: Amanda Abigail

Resumo e Reflexão Acerca do Documentário “A Educação Proibida”.

 O documentário A Educação Proibida tem um propósito de questionar o sistema educacional vigente com foco nos países latinos. Ele questiona até que ponto a escola da forma como se apresenta atualmente nos faz desenvolver individual e coletivamente.
Esta forma atual tem origem antiga, na escola prussiana, que por sua vez tinha suas estruturas herdadas do modelo espartano. Este fomentava a disciplina, a obediência e o regime autoritário. Assim, o Estado poderia garantir a constituição de uma nação obediente; de súditos e não de cidadãos. Ora, um povo dócil é muito mais controlável e administrável, o que garantiria um poder mais estável.
 Se a escola prussiana herdou estruturas do modelo espartano, a escola ocidental, mais especificamente latina, possui emersa em sua estrutura a essência da escola prussiana. Tem-se turmas organizadas por faixa etária, horários determinados para aulas, intervalos, entradas e saídas, exames padronizados, sistema de prêmios e castigos, entre outros. Todo este meio de qualificação de uns e desqualificação de outros por suas notas e comportamentos, fomenta um ambiente competitivo, o que é perfeito para o sistema tal qual ele se organiza até os dias atuais. Pois para que o sistema se sustente é necessária a competição, que haja ganhos e perdas, que se alimente a busca por um objetivo, enfim, que se produza. Assim, ainda que se falem palavras maravilhosas dentro da escola como cooperação, amizade, paz, justiça, a própria escola não está organizada de forma a produzir relações profundas de exercício dessas palavras que sejam capazes de fazer estes sujeitos perpetuarem estes comportamentos, isto é, produzir valores compatíveis com aquilo que se escuta e se fala.
 Dessa forma, cria-se uma dupla moral que traz consigo um conjunto de dizeres populares, ou seja, dizeres que correspondem à cultura ao qual se inserem, que podem exemplificar a que essa moral duplicada se refere. Assim temos, “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”, “farinha pouca, meu pirão primeiro”, entre tantos outros. Se fizermos um exercício de auto-análise, notaremos a desconexão que muitas vezes há entre nossas falas e atos e aquilo que temos como princípios. Por exemplo, posso crer que os fins não justifiquem os meios, pois é preciso que todo o caminho para se chegar a um fim seja justo, no entanto, quantas vezes ao traçarmos um objetivo ficamos tão sedentos por ele que ignoramos quais os perigos de um caminho? Já a criança, principalmente em seus primeiros anos, todo o caminho para ela é fruto de prazer. Nesse sentido, Maria Montessori foi muito feliz ao dizer:  “ Não me sigam, sigam a criança”.
 O sistema educacional, no entanto, não está elaborado de forma a dar a criança este lugar de criador, descobridor, alguém capaz de propor atividades e situações. Contudo, é justamente isto que a criança faz a todo momento. Porém, os educadores não são incentivados a reconhecer e estimular estes potenciais, mas são ensinados que são eles quem deve passar às crianças aquilo que elas não sabem, ensiná-las como é o mundo, ao invés de descobrir com elas possibilidades de mundo e as mais diversas formas de enxergá-lo que, por sua vez, surgem nos distintos olhares que provêm de cada criança.
Ademais, o documentário cita o Manifesto Condutivista, este, datado de 1913, promovia uma psicologia cujo objetivo era a predição e controle de conduta, a promoção de uma ciência de controle social. Para isto eram feitos experimentos com animais e produziu-se a idéia de condicionamento comportamental, que foi utilizada para pensar as bases da escolarização moderna, propagandas, treinamento militar, etc. Contudo, educação trata-se de alcançar conhecimentos, valores, qualidade de vida ou conseguir que crianças atinjam padrões estabelecidos? Nosso sistema produz educadores ou adestradores?
 Assim, o documentário, nos traz diversos questionamentos e nos faz pensar sobre como a escola, seguindo este modelo rígido de busca de resultados e produção de indivíduos competitivos, pouco fala e se importa com as emoções. Ora, mas antes de qualquer decisão na vida nós sentimos. Aliás, a todo momento sentimentos são produzidos, pois estamos no mundo e por isso estamos em constante relação com um outro, seja ele um ser humano, animais, objetos, natureza. Se as emoções são tão presentes em nossas vidas, por que pouco falamos dela nas escolas?
  A Educação Proibida traz muitas perguntas e poucas respostas, afinal não é a proposta trazer novos limites através de respostas, mas novos horizontes, movimento. Afinal, se o conhecimento está em constate mutação, nós não deveríamos estar a tanto tempo obedecendo a um mesmo sistema educacional. O problema da educação, contudo, é um problema profundamente complexo, que abrange todo um sistema de organização que institui toda uma forma de se viver. Isto, no entanto, não impede de pensar em diferentes possibilidades de organização e formas de educação e de perguntar: Você sabe onde está e para quê?

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