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Resenha - Imaginação e arte na infância

Por:   •  8/3/2017  •  Resenha  •  2.020 Palavras (9 Páginas)  •  527 Visualizações

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Nome: Daniel dos Santos Vieira

Curso: Educação Física Data: 02/03/2017

Disciplina: Educação Lúdica

A IMAGINAÇÃO E A ARTE NA INFÂNCIA

VYGOTSKY, Lev. S. A imaginação e a Arte na Infância. Lisboa. Relógio D’agua. 2009.

1. APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Lev Semenovich Vygotsky nasceu em 1896 na cidade de Orsha, localizada na Bielo-Rússia, foi um psicólogo e um dos maiores e conhecidos teóricos de sua época. Pensador expressivo foi precursor na noção de que o desenvolvimento intelectual das crianças acontece em função das interações sociais e condições de vida. Criado por uma família judaica com boas condições econômicas, que possibilitou uma formação consistente desde a infância.

Aos 18 anos, matriculou-se em medicina em Moscou, mas abandonou e cursou direito. Formado em 1918 em direito na universidade de Moscovo, foi para a cidade de Gomel, na Bielo-Rússia. Em 1924, casou-se aos 28 anos com Rosa Smekhova e teve duas filhas em Gomel, no mesmo período despertou um fascínio pela psicologia do Desenvolvimento, Educação e Psicopatologia. Na qual seus estudos tiveram grande impacto no ambiente escolar, contribuindo para o aprendizado e o desenvolvimento.

A sua dedicação pela Psicologia levou a uma leitura crítica de toda produção teórica de sua época, denominadamente as teorias da “Gestalt”, da Psicanálise e o Behaviorismo, além das teorias do Jean Piaget.

No ano de 1934, Vygotsky faleceu em Moscou aos 38 anos, vítima de tuberculose, doença de lidou durante quatorze anos. Foi somente reconhecido póstumo no meio acadêmico ocidental. Devido a diversos fatores, inclusive a tensão política entre os EUA e URSS após a Segunda Guerra Mundial. Assim a obra de Vygotsky começou a ser revelado após o fim da Guerra Fria e hoje sendo umas das principais referências no processo de aprendizagem.

2. A OBRA E A CRÍTICA

A obra do psicólogo Vygotsky - A Imaginação e a Arte na Infância - é uma das primeiras obras escritas pelo autor, tendo sido editada pela primeira vez em 1930. O autor aborda no livro a natureza e o desenvolvimento da imaginação artística nas crianças a partir dos conhecimentos científicos da sua época, mas com a percepção que possibilita que este registro permaneça a ser uma referência para a área da educação. Baseado em suas ideias em confronto com alguns dos principais estudiosos de sua época, o autor estabelece as suas próprias concepções em relação com as expressões criativas infantis no desenho, na escrita e no teatro. 

O livro faz uma análise da imaginação como uma formação singularmente humana e debate o trabalho pedagógico orientado para a experiência estética. A obra tem uma breve apresentação, em seguida composta por oito capítulos e concluído com uma curta descrição da vida do autor e de suas obras.

Criação e imaginação é a denominação do primeiro capítulo da obra, na qual o autor aponta pedagogicamente alguns elementos da atividade humana e suas duas características principais: a atividade reprodutiva e criadora. Segundo Vygotsky, a imaginação é a essência de toda atividade criadora e se apresenta em todas as áreas da vida cultural, fazendo que seja viável a criação artística, científica e técnica.

O segundo capítulo do livro, Vygotsky alega que a imaginação é tem um papel imprescindível e não apenas um entretenimento ocioso do pensamento humano. Explica também, a ligação entre fantasia e realidade como comportamento humano, dessa forma, o autor expressa os quatro aspectos básicos dessa relação. Sendo que, toda imaginação é adotada de elementos da realidade e presente nas práticas passadas; o produto final da fantasia é um fenômeno complexo da realidade; a realidade é de caráter emocional; e a construção da fantasia pode ser algo completamente novo.

No terceiro capítulo, o autor diz: “[...] Nenhuma invenção ou descoberta científica pode emergir antes que aconteçam as condições materiais e psicológicas necessárias para seu surgimento. A criação é um processo de herança histórica em que cada forma que sucede é determinada pelas anteriores” (p. 42).

Assim, Vygotsky defende de que o homem é produto do seu tempo, do desenvolvimento socioeconômico e da apropriação consciente, dessa forma, a vida e a obra desse autor são frutos do seu tempo e da sua rica formação.

No capítulo seguinte é apontada a relevância da experiência para a atividade imaginadora do ser humano, relatando que, “[...] ao longo do processo de desenvolvimento da criança, desenvolve-se também a sua imaginação, que atinge a sua maturidade somente na idade adulta” (p. 45). Deste modo rompe a crença de que a criança é mais criativa e imaginadora nessa fase do que na fase adulta. Sendo destacados a importância da experiência no aspecto construtor, produtor e criador da imaginação nesta atividade.

Já no sexto capítulo, Vygotsky discorre a respeito dos aspectos constitutivos da imaginação criadora: memória, imaginação, emoção e a realização. Expondo uma diversidade significativa de conhecimento num interessante registro com objetivo de conhecer e analisar a produção escrita das crianças. Oferece, também, aspectos para visualizarmos o desenvolvimento e o domínio da forma escrita da linguagem pelas crianças, assim, o autor indica a importância dos diversos gêneros textuais nesse processo.

No capítulo seguinte, o ponto principal está na dramatização para o desenvolvimento infantil. O autor desperta a importância dos modos de entender, explicar e valorizar essa atividade humana nas relações de ensino-aprendizagem, e esclarece o grande valor do processo na criação infantil, o ato de brincar e o faz de conta, ficando mais significativos que o próprio produto da criação.

No último capítulo da obra, Vygotsky debate com psicólogos, artistas e educadores que se importam pelo desenho das crianças e se preocupam em estudá-lo. Discorre as fases do desenho por eles descritas, admite as formulações demonstradas e salienta que, “Os quatro estágios no desenvolvimento do desenho infantil podem ser percebidos com mais nitidez ainda nos exemplos de representação das figuras humana e animal, que são os dois objetos que as 120 crianças mais gostam de desenhar [...]” (p. 111).

Após uma breve síntese da obra, podemos analisar que a arte permite um ambiente facilitador, em que se pode melhorar por meio da estimulação da criatividade da criança, a interação com o meio e o aprendizado. Aprimorar a experiência estética por meio da emoção e da arte onde a imaginação é um instrumento que determina a criatividade humana em beneficio do conhecimento.

Para o autor a presença da criança na cultura era de extrema relevância, sendo que a imaginação e a criação teria uma ampla participação no ensino das práticas sociais. Pois criar é produzir o novo, Vygotsky defende o processo de apropriação da cultura, onde a criação irá aprender os modos sociais. Essa apropriação provoca uma atuação ativa da criança na cultura, tornando próprios dela mesma os modos sociais de perceber, sentir, falar, pensar e se relacionar com os outros.

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